Vilalara Thalassa Resort
A primeira vez que fiquei no Blue & Green Vilalara Thalassa Resort foi há exatamente dez anos. Lembro-me que estava a ler Orlando, de Virgínia Wolf, um livro tão denso que me fez considerar não escrever nem mais uma palavra na vida. Do lado esquerdo da cama tinha uma mesinha com um cabaz cheio de fruta sumarenta e, defronte dela, uma janela cujo vidro me separava daquela Natureza luxuriante onde mais de 150 espécies desenham um gigante jardim de cor e cheiros. Era esta lembrança meia esbatida que tinha do hotel Vilalara a segunda vez que ali pernoitei. Afinal, se lá me encontrava de novo, era exatamente por causa das palavras. Viver para depois contá-lo, como diria Garcia Marquez.
Não deixei a escrita, nem ela me deixou a mim. E encontrar-me de novo ali serviu para tratar das maleitas da alma. É que a maior mais-valia do hotel são os tratamentos de talassoterapia (com água do mar e outras substâncias marinhas) de bem-estar, anti-stress, emagrecimento ou anti-tabaco.
Submeti-me à consulta médica da praxe que determinou os tratamentos para aqueles dois dias. Obviamente que esse par de diárias não foi representativo em termos de redução de volume no meu corpo, mas pelo menos aliviou a carga de stress que levava comigo. Os tratamentos de talassoterapia em piscina dinâmica e os jatos submarinos pareceram-me bastantes divertidos. E, mesmo quando a pressão da água se tornava mais forte, eu conseguia imaginar os nós de stresses a desfazerem-se como se fossem farinha. O mimo maior foi mesmo a massagem Ásia, uma das cinco propostas da marca francesa Thali´sens Mers et Merveilles, que soma aos benefícios da talassoterapia os ancestrais conhecimentos das massagens orientais. Depois desta “escapadela calmante”, o meu corpo recusava-se terminantemente a sair da letargia. A contragosto, esparramei-me de novo na sala de relaxamento do resort a beber infusões e a prometer a mim própria “retiros” destes com alguma frequência.
Naqueles dias deu para perceber o efeito milagroso que teria em mim uma semana mergulhada em programas de talassoterapia. Cheguei também à conclusão que, mesmo sem quaisquer tipos de tratamentos, este Algarve sem filas de trânsito e com praia semi-privativa faria bem a qualquer pessoa. Como sou um bom garfo, experimentei os menus gourmet de baixas calorias e confesso que não fiquei cheia de fome nem assaltei o mini-bar a meio da noite. No meio de tanta dieta, massagem e drenagem linfática, tínhamos direito a um copo de vinho à refeição – algo que foi sempre recebido de braços abertos.
Como é o Vilalara Thalassa Resort?
“Encavalitado numa falésia cor de ferrugem, repousa entre frondosos jardins tendo o oceano Atlântico como pano de fundo. Aos tratamentos à base de água do mar junta-se a própria Natureza que, afinal, é a melhor das terapias.” Maria João Veloso
Localização
A 50 quilómetros do Aeroporto de Faro, o Vilalara Thalassa Resort está situado em Porches, entre Portimão e Armação de Pêra. Em Porches, vale a pena ir à cerâmica típica da localidade. Tente saber junto de Amândio Candeias do Restaurante Porches Velho qual a noite dedicada ao fado. E acompanhe esta saída (da casca) com bom vinho e genuína comida algarvia – há que abrir exceções mesmo numa semana detox.
Morada: Praia das Gaivotas – Alporchinhos Porches, 8400-450 Armação de Pêra
Quartos
O Vilalara Thalassa Resort tem três tipologias de acomodação: as suites, as suites júnior e os apartamentos. Denominador comum? Serviço wireless, áreas desafogadas, terraços privados, espaços super confortáveis em tons neutros, para que se tire partido do colorido do jardim. Há quartos com vista para o mar, piscina e jardim. Recomendamos a suite Júnior Emotion, com uma bela banheira por trás da cabeceira da cama e espreguiçadeira na varanda.
Atmosfera
Construído nos anos 60, o hotel Vilalara nasceu sob a inspiração do mais luxuoso bairro da Sardenha. Os seus jardins convidam a que nos percamos no meio deles e a praia das Gaivotas, que lhe pertence, deve ser um dos segredos mais bem guardados do Algarve. Em 2007 o grupo Amorim comprou o resort na sua totalidade, e o hotel tem hoje o selo da marca Blue & Green Hotels. Considerado um dos melhores do mundo, o Centro de Talassoterapia é o principal cartão-de-visita da casa, com agradáveis tratamentos que proporcionam alivio imediato e satisfação a longo prazo.
Pequeno-almoço (café da manhã)
Em primeiro lugar, os cinco sentidos comem a vista magnífica para a praia das Gaivotas. Depois há a possibilidade de escolher um pequeno-almoço cheio de proteínas ou um de baixas calorias, porque o buffet tem tudo o que se possa imaginar. Vários tipos de pão, queijos, sumos naturais e também frutas frescas. Síntese da síntese: uma mesa farta onde o mais difícil será mesmo fazer concessões.
Conclusão
- Pontos fortes: ser um dos melhores centros de talassoterapia do mundo. Ter aos pés a praia das Gaivotas
- Pontos fracos: não será necessariamente um ponto fraco, mas não é um lugar óbvio. Para lá chegar é preciso seguir atentamente as instruções e a sinalética.
- Em resumo: dá para descansar, mas sobretudo mudar de pele. Aqui, a máxima “mente sã em corpo são” é a grande mais-valia da casa.
- Ideal para: famílias com algum poder económico.
- Preço: desde 130€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: out. 2010