Alentejo Marmoris Hotel & Spa
Um hotel todo feito em mármore. Por mais que admire esta rocha e o seu uso em inúmeras situações, a ideia parecia-me assustadora. Até passar a imponente entrada do Alentejo Marmoris Hotel, onde uma reluzente armadura parecia querer assustar-me, e escutar, sem querer, as palavras delicadas com que uma senhora, que saberia mais tarde tratar-se da proprietária, dava instruções ao rapaz sentado por trás da mesa de receção. O carinho com que os funcionários se tratam parece contagiar quem os visita. E, mesmo que tenha chegado com algum mau feitio num dia chuvoso após horas de condução, depressa dei por mim a trocar sorrisos.
Suavizada pelo trato, há que entranhar a grandeza de tanto mármore que serve, numa esquadria a branco, negro e dourado, de chão a um salão comprido. É que, primeiro, estranha-se a crueza da pedra. Mesmo com todo o amarelo vivo que sobressai das paredes ou dos cortinados – cor que, dizem-me, serve como símbolo do Alentejo. Um café e algumas gargalhadas depois, num hall onde se vão cruzando hóspedes com muitos vila-viçosenses que procuram o hotel Marmoris ao fim da tarde ou já depois do jantar para um café e um copo com os amigos, a pedra começa a parecer menos austera. Primeiro, com a visita a um salão todo feito em mármore rosa, que me remete para cenários vienenses. Depois porque, conversa puxa conversa, e depressa percebo que, não obstante a sua dimensão, este é um negócio de família.
A pedra é a vida dos proprietários que, originalmente, se dedicam à extração de mármore. Por isso não é de admirar que tenham arranjado uma forma de trazer a pedreira para o interior do hotel. Como é um caso de um mega bloco branco que, com um tampo em vidro, serve de mesa para o buffet do pequeno-almoço, ou de uma parede fragmentada na zona da piscina. Já no elevador, com duas paredes em vidro transparente, é-se transportado não só para outros pisos, como por uma das pedreiras da família representada numa fotografia em grande escala: desde o fundo da pedreira, no piso -1, até à superfície, que se desenha nos últimos pisos. E, mesmo tendo ficado logo no primeiro andar do Alentejo Marmoris, não resisti a fazer a viagem completa antes de me dirigir ao quarto para poisar a mala.
Ao longo do caminho para os aposentos, a sensação era de que tinha acabado de entrar noutro qualquer hotel. A pedra dá lugar a grossas alcatifas e a luz refletida por todo o lado nas zonas comuns é substituída por pequenos candeeiros a meio-gás. Também no quarto, a ostentação do mármore é trocada pela sobriedade. E sabe bem. Tanto que acabei por me deixar ficar durante algum tempo antes do jantar a saborear esta ausência de pedra. Ou quase. É que na casa de banho o mármore volta a marcar o ritmo. Com uma curiosidade: cada WC tem detalhes diferentes, tornando cada quarto único.
A minha visita, no entanto, não ficaria completa sem visitar o piso -1, onde andei a deambular pelo spa que se divide entre uma zona de banhos termais e salas de tratamentos. Aqui, o mármore não só serve de mote como se revela na sua forma mais pura, com formações rochosas em bruto a exibirem salientes veios. E é então que se percebe por que o mármore é cartão-de-visita de Vila Viçosa
Como é o Alentejo Marmoris Hotel & Spa?
“Um hotel de mármore pode parecer intimidante. Mas o calor não tarda a chegar com a simpatia delicada que caracteriza o serviço.” Carla B. Ribeiro
Localização
O Alentejo Marmoris Hotel & Spa situa-se no Largo Gago Coutinho, onde antigamente se situava a Cooperativa de Olivicultores, muito próximo da entrada em Vila Viçosa. Devido tanto à sua localização como à experiência dos proprietários, o hotel tira proveito da Rota do Mármore, mas há muito a descobrir pela vila alentejana. Preferencialmente, a pé. O Palácio Real e o Castelo são de visita obrigatória, mas também há museus, palácios, igrejas e conventos a descobrir.
Morada: Largo Gago Coutinho, 7160-214 Vila Viçosa
Quartos
Com um total de 45 quartos, divididos entre uma suite árabe, duas suites regulares e duas suites júnior, 24 quartos deluxe e 16 de modelo clássico. Quanto aos aposentos que me deram guarida, destacavam-se pelos tons sóbrios e pela utilização de materiais nobres. Madeiras escuras, tanto nas mesinhas-de-cabeceira como numa espaçosa secretária, grossos reposteiros que evitam a entrada de luz antes da hora, roupas de cama alvas e suaves. Na casa de banho, destaque para um lavatório coral em forma de concha. Uma das curiosidades é a televisão que, se não estivesse ligada quando entrei no quarto, não teria dado por ela. O ecrã da TV integra um gigantesco espelho, com uma moldura a imitar talha dourada, ficando oculto quando o aparelho está desligado.
Atmosfera
Famílias com filhos de todas as idades, turistas estrangeiros, casais. A partir do fim da tarde, o hotel recebe muitos visitantes quer para jantar quer para um momento no bar. O serviço é diligente e há sempre alguém por perto quando se precisa de alguma coisa, sem que isso seja feito de forma incómoda.
Pequeno-almoço (café da manhã)
É servido no restaurante e com vista para a piscina. Pela mesa do buffet, variedades de pão, queijos, frutas, bolos, iogurtes… A pedido, quentes acabados de fazer. Recomendável: o crepe. O café da manhã está incluído no preço do quarto.
Conclusão
- Pontos fortes: conforto das camas, sossego, serviço eficiente e simpático.
- Pontos fracos: na altura da estada, os exteriores, nomeadamente estacionamento e jardim, encontravam-se ainda por terminar.
- Em resumo: muito recomendável.
- Ideal para: casais, refúgios a sós, famílias.
- Preço: desde 104€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: fev. 2013