Torel Palace, requinte informal com vista sobre Lisboa

Torel Palace

Não conhecia João Pedro Tavares, homem oriundo do mundo da gestão financeira que, no ano passado, decidiu dar corpo à transformação de um palacete familiar com reminiscências maçónicas num hotel de charme. Assim que atravessei o portão verde e me introduzi nos jardins do Torel Palace, o meu instinto levou-me não para o interior do belo edifício rosado, quadrangular e imponente, mas para a esplanada exterior de onde se desfruta de vistas sobre a piscina do hotel num nível inferior, a Baixa de Lisboa mais abaixo e, em frente, o miradouro e jardim de São Pedro de Alcântara.

João Pedro recebeu-me como um amigo, com uma informalidade que me surpreendeu positivamente, enquanto a apresentadora de televisão Cristina Ferreira fazia uma produção fotográfica para o seu blog de life & style Daily Cristina. A apresentadora estava de visual transfigurado e deslumbrante, a condizer com o ambiente do palácio, e só os pingos de chuva de um inverno teimoso destoaram, interrompendo os cliques da fotógrafa Isabel Saldanha. Foi quando finalmente entrei no hotel.

Lá dentro, a começar na recepção instalada no fundo da escadaria de acesso aos quartos, todos agiam com profissionalismo e simpatia. Findas as apresentações, mostraram-me o quarto e não contive um tímido uau. Foi-me atribuído a suite D. Estefânia, com uma vista ainda mais soberba sobre o casario do centro de Lisboa. De aspeto quadrangular, com um pé direito de respeito e decoração que não abafa a imponência do palacete, sobressaiam as cinco janelas que o tornavam incrivelmente luminoso – uma das quais na casa de banho, espaçosa, minimalista (como eu gosto) e funcional, onde haveria de tomar um duche matinal com Lisboa aos meus pés.

Fiquei a usufruir da escrivaninha e do Wi-Fi, trabalhando, num quarto abençoado pela famosa luz alfacinha. Nas pausas, avistava a piscina do hotel, pequena mas agradabilíssima – imagino como será bom desfrutar de um cocktail vespertino em dia de verão. Saí para jantar já com Lisboa iluminada pela lua e comprovei o que João Pedro me tinha dito, em conversa na sala comum do hotel que mais parecia um espaço de uma casa abastada onde hóspedes e anfitriões socializariam: “daqui até à Avenida da Liberdade são dois minutos a descer e o dobro no regresso”. E assim foi.

Depois de uma noite dormida num colchão de luxo, confortável mas duro (como eu gosto), deixei-me preguiçar um pouco. Ou, por outras palavras, não resisti a abrir as portadas de madeira e deixei-me ficar na cama a apreciar pelos janelões uma Lisboa que amanheceu solarenga. Um pequeno luxo que não posso usufruir muitas vezes – preguiçar com tamanha vista urbana.

Desci para aconchegar o estômago e, já na sala de pequenos-almoços, um italiano de meia-idade resumiu na perfeição a estadia no Torel Palace: “é muito sossegado, nem parece que estamos no centro de Lisboa”. É isso. Se fecharmos os olhos, voamos para uma casa de campo apalaçada nos arredores de Lisboa, onde amigos da família nos recebem com a generosidade reservada somente aos mais chegados. Abre-se os olhos e, afinal, estamos num hotel de charme do coração da cidade de Lisboa. É essa a magia do Torel Palace.

Localização

Longe mas perto – assim poderia resumir a localização do hotel Torel Palace. Não fica no coração da Baixa de Lisboa e parece afastado do bulício urbano da capital, mas a verdade é que, em menos de cinco minutos, descendo a Calçada do Lavra, o hóspede se encontra em plena Avenida da Liberdade. É, portanto, uma localização excelente para quem procura um hotel tranquilo, mas próximo de tudo.

Para os menos ativos, que queiram evitar a subida da calçada a pé no regresso ao hotel, o Elevador da Lavra deixa-os a escassos 50 metros da entrada do Torel Palace.

Morada: Rua Câmara Pestana 23, 1150-082 Lisboa

Quartos

O Torel Palace foi inaugurado no dia 26 de dezembro de 2013 e, por isso, tudo é incrivelmente novo. O hotel tem apenas 11 quartos, de diferentes tipologias mas todos pensados para casais enamorados, e uma villa para uma família com crianças.

No meu espaçoso quarto D. Estefânia, o soalho era de madeira, havia uma escrivaninha onde aproveitei para trabalhar, e a decoração era minimalista e com um enorme bom gosto. Quanto à casa de banho, com amenities da Saboaria Portugueza, escasseiam palavras para descrever o prazer de um chuveiro matinal tomado a observar Lisboa. Havia também uma televisão no quarto, porventura dispensável, mas não a liguei.

Manda a verdade dizer que não tive oportunidade de conhecer outros quartos – estavam ocupados. Mas, tirando a minha vista privilegiada – que nem todos têm -, não serão muito diferentes em termos qualitativos. Até porque o Torel Palace é um hotel discreto e informal, mas onde tudo roça a perfeição.

Atmosfera

O Torel Palace é assumidamente um “alojamento local”, dispensando as muitas estrelas a que teria direito. Uma mistura de exclusividade e informalidade marcam a atmosfera do Torel Palace. No tempo que passei no hotel, o proprietário esteve sempre presente e cuidava dos hóspedes como se de amigos se tratassem. Partilhei com ele um pequeno-almoço, em simultâneo com dois casais estrangeiros, e a sensação repetiu-se. Há luxo, mas sem o pretensiosismo exagerado que tanto me irrita em alguns hotéis de gama alta. Os hóspedes pareceram-me maioritariamente europeus, com predominância para os franceses. O ambiente é romântico.

Pequeno-almoço (café da manhã)

Não há buffets no Torel Palace. O pequeno-almoço é servido à mesa por funcionários amáveis, com ingredientes de primeira. Destaque para um iogurte natural muito cremoso, um sumo de agradável laranja natural feito na Bimby, um prato de fruta fresquíssima, os croissants, e ainda os bolos caseiros de Dona Gracinda, um senhora amiga do proprietário que os cozinha com esmero a pedido do hotel.