The Yeatman Hotel
Saio do hotel The Yeatman, ali encaixado na arriba duriense, onde o rio separa Vila Nova de Gaia, do lado do hotel, e o Porto, com a sensação de que dormir em quartos de hotel, a cem por cento trabalho e nenhum lazer, deveria ser proibido. Passar a noite numa gigante mansão luxuosa, imponente, como este hotel que leva o nome da emblemática família inglesa The Yeatman, ligada ao vinho do Porto desde o século XIX, merece ser desfrute com check-in o mais cedo possível. Este é um hotel para se vivenciar e não de passagem. Eu explico.
Cheguei quase à hora de jantar e, por isso, já não pude desfrutar de um copo de vinho no bar, com uma vista fabulosa sobre a ponte Dom Luís, a fluidez célere do rio, a luz a esmaecer no puzzle de casas que se arraigam à encosta portuense. Cheguei já com o sol posto e não pude passear no jardim, desfrutar da minha varanda XXL, da sala em estilo vitoriano, da banheira generosa, ou mesmo das piscinas, uma interior, infinita, e outra exterior, com varanda privilegiada na paisagem. Chego e apercebo-me que já estou a perder os mínimos detalhes; aliás ponto de honra no The Yeatman, a funcionar desde 2010.
Mal subi as escadas até à receção, vinda do estacionamento, dois funcionários apressaram-se a recolher a minha exígua mala. Pormenor: sabiam o meu nome, como se estivesse estampado na cara ao que vinha. Sorte de intuição, confidenciaram-me.
Enquanto caminho pelo vasto corredor até aos quartos, alcatifado, vou acompanhada de um funcionário, que me dirige, contando a história dos pisos, que há um museu da cortiça ali dentro e que cada quarto foi decorado por um parceiro vínico. Passamos pela imensa adega, onde a enóloga Beatriz Machado trata da carta de vinhos, para harmonizar os pratos do chef Ricardo Costa que me prepararia, nesse dia, um jantar de duas horas e meia, com cerca de oito pratos, por aí. Acho que nunca demorei tanto tempo numa refeição, sobretudo sozinha, mas a experiência foi um desafio para ambos. Para mim porque degustaria pratos que nunca me passariam pela memória de receitas (ou sequer arriscaria cozinhar: como a tenra e saborosa carne de veado), para ele porque sou intolerante à lactose, o que limita o uso de uma série de ingredientes para os pratos que teria de preparar.
Chegada ao quarto, uma suite master de sonho, oriunda da demorada refeição, harmonizada com vinhos de cobiçar, como Esporão Private Selection (2009), branco, ou Dona Isabel Juliana Reserva (2009), tinto, apercebo-me que também não poderei fruir do todo, sobretudo daquele terraço fabuloso debruçado sobre o Douro. Decorado pela Taylor’s, este quarto com 90 metros quadrados de área na sala e uma casa de banho com 20 metros quadrados é cenário de cinema: um enorme balseiro – vasilha com aduelas – forma a cama king size, caricata, onde se sente, ainda, nas entranhas, um ligeiro aroma a vinho. Resta-me sonhar com momentos de descanso.
No dia seguinte, para minha surpresa, há uma massagem à minha espera no spa Caudalie Vinothérapie (Caudalie é a marca francesa de produtos à base da uva, que usa o nome a que se refere a unidade que mede quanto tempo o vinho persiste no paladar). Será mesmo verdade? Devia ter vindo mais cedo, eu sei. Será que não posso ficar mais um pouco neste conto de princesas?
Como é o hotel The Yeatman?
“Luxo informal, simpatia sem nove horas, genuinidade, preocupação com o ambiente, e um evidente esmero em colocar o cliente em primeiro lugar.” Vanessa Rodrigues
Localização
O The Yeatman fica em Vila Nova de Gaia, junto à estação de comboio das Devesas, na zona das caves do vinho do Porto. Esta é uma zona privilegiada, pois em 5 minutos pode estar a provar um bom vinho do Porto, embrenhando-se nas ruas típicas da cultura vínica; ou mirando a Ribeira da invicta. Além disso, situa-se a 10 minutos, a pé, da margem gaiense com vários restaurantes e em 30 minutos pode chegar à baixa portuense.
Morada: Rua do Choupelo (Santa Marinha) 345, 4400-088 Vila Nova de Gaia
Quartos
O The Yeatman dispõe de 82 quartos e suites, divididos em várias tipologias: quartos executivos, quartos superiores, Suites, Suites Master e o quarto especial Bachus Suite, com cama rotativa. Todos são muito espaçosos, possuem varandas voltadas para o Rio Douro e decorados de forma diferente. Nota-se uma imensa preocupação com o meio ambiente: nas casas de banho há baldes a separar o lixo. E são utilizados painéis solares para aquecimento da água, células foto voltaicas para produção de eletricidade de maneira a reduzir a energia elétrica consumida e iluminação de baixo consumo em todo o edifício. Através da captação de águas das chuvas, fornece-se água para uso sanitário e rega de jardins. As amenities colocadas no WC do quarto incluem um vasta oferta para mimar o cliente da marca Caudalie: creme de corpo, champô, amaciador, gel de banho, kit feminino e kit de limpar os sapatos.
Atmosfera
O ambiente vai desde o formal, executivo, frequentado pela classe alta com os filhos a serem cuidados por uma ama, ao romântico, familiar e também descontraído. No dia em que visitei estava um casal que tinha ido apenas para ver a paisagem e beber um vinho no bar que fica aberto 24 horas. O atendimento, além de muito profissional, é cuidado e personalizado, com muita educação e solícito.
Pequeno-almoço (café da manhã)
O pequeno-almoço está incluído na diária e inclui um buffet muito completo: desde salmão fumado a caviar e espumante, a fruta fresca, várias opções de pão, doces e bolos, queijos e compotas, sumos, ovos mexidos, tomate, bacon, salsichas e saladas.
Conclusão
- Pontos fortes: a paisagem fabulosa; qualidade do atendimento; sossego; spa; gastronomia exclusiva e uma garrafeira muito profissional e diversificada; ideal para qualquer estação do ano.
- Pontos fracos: nada de relevante a apontar
- Em resumo: perfeito para se mimar com a gastronomia, o luxo, o spa; tratamento real e merecido. No verão a piscina exterior é deleite assegurado.
- Ideal para: casais em geral; para quem quer sossego para criar, relaxar.
- Preço: desde 185€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: fev. 2014