Pine Cliffs Hotel
Confesso que em todos estes anos nunca dei especial atenção a esta história do Dia dos Namorados, mas a ideia de experimentar o Pacote de São Valentim do Sheraton Algarve não me desagradou. Um programa que inclui jantar com menu dedicado e massagem especial é aliciante, quer seja ou não Dia dos Namorados.
Tal como prometido, lá estava o espumante no gelo e os morangos com chocolate, no quarto à chegada. E para quê guardar para depois o que podemos desfrutar já? Então, no final da tarde de sexta-feira, depois da viagem desde Lisboa e de um rápido check-in, demos início ao nosso fim de semana de São Valentim. Apesar de todas estas atenções, senti a falta de mais qualquer coisa para dar um ambiente, digamos, mais romântico – já que o espírito é esse – ao quarto. Algo que ficaria resolvido com umas velas ou umas pétalas espalhadas pela cama (não acredito que estou a sugerir isto mas já está). É que, no essencial, o quarto para os namorados era exatamente o mesmo para quem se estava nas tintas para a celebração.
Para o jantar de sexta-feira, o chefe do resort preparou um menu especial de quatro pratos, servidos no restaurante Il Giardino. Num ambiente tranquilo e com pouca luz sucedeu-se a entrada de lagostins da Ria Formosa fumados, o dueto de dourada e robalo, com um chutney de tomate (onde se encontravam sementes de coentros) e o supremo de pintada recheado de mozarela e tomate seco ao sol. À sobremesa fiz uma descoberta, a fava Tonka, que aromatizou um molho que cobria o gelado de gengibre. A dita fava, pesquisei depois, é uma coqueluche dos chefes e vem de um fruto proveniente da Amazónia que não é fácil de encontrar. É cheirosa e aromática como a baunilha, mas diferente.
Osvalde Silva, o chefe que arquitetou a refeição que nos manteve por três horas à mesa, teve a simpatia de vir falar connosco e mostrar-se surpreendido com a adesão ao seu menu do amor – já tinham sido servidas 80 refeições. Criado na Alemanha, aos 39 anos já passou por cerca de uma dezena de hotéis de luxo no Algarve. No Pine Cliffs está há cerca de um ano. Foi, portanto, com o corpo e alma satisfeitos que subimos para o quarto para comprovar se as camas do Sheraton sempre são como se apregoa.
Tinha recusado a clínica de golfe e de ténis e optado por uma aula com um Personal Trainer e, na manhã seguinte, lá estava a Patrícia à minha espera no Health Club. Jovem e enérgica, dá aulas de Pilates e de Zumba em vários locais do Algarve – que a vida também não está fácil para os PT – e para mim preparou uma hora de cardio com alguma musculação. Ficámos longe das máquinas e a aula decorreu à volta da bola do Pilates, dos pesos para as mãos e do tapete. Juro que pensava que estava em forma. Como é que em tão pouco tempo se pode fazer tanto ao nosso corpo?! Já só pensava na massagem.
Depois de um almoço no Corda Café demos um passeio pelos jardins, pelos promontórios (onde cada vez mais ingleses e irlandeses têm vindo casar) e descemos até à praia no elevador – um luxo. Em anos anteriores, o mar de inverno levou o bar de praia e, este ano, para se prevenirem, foram colocados enormes sacos de areia que protegem o Beach Club, agora encerrado tal como vários outros serviços – dos nove restaurantes, apenas dois estavam a funcionar.
Chegada a hora lá fomos para o nosso Tempo Romântico para Dois. No Ritual Spa Wellness estavam duas massagistas à nossa espera, que antes quiseram saber o que esperávamos desta massagem. Sempre achei que a massagem é um momento pessoal, de tempo para mim e do qual a privacidade faz parte. Mas temos que estar abertos a novas experiências: “espero sobretudo relaxar”, respondi. E relaxei. Para falar a verdade, só voltei a lembrar-me que estava mais alguém na sala quando juntaram a minha mão a outra! Aí despertei e percebi! No fim havia mais morangos com chocolate e aqui, sim, havia pétalas na marquesa!
À custa da aula da véspera, na manhã seguinte, o que era para ser uma corrida livre pelos 72 hectares da propriedade transformou-se num lento passeio pelo resort e numa oportunidade para ver os outros empreendimentos do Pine Cliffs Hotel (Residence, Vacation Club, Village e The Terraces): são moradias, apartamentos, villas, alguns têm donos, outros não, mas quase todos podem ser alugados.
O resort nasceu em 1984 quando Jassim Al-Bahar, um milionário do Kuwait, decidiu que era naquele local entre os pinheiros e sobre a falésia que queria fazer o seu primeiro investimento turístico (anos mais tarde tornou-se um dos principais investidores da Palm Jumeirah, a tal ilha artificial em forma de palmeira no Dubai). Se estivermos com atenção podemos encontrar alguns vestígios da ostentação e exuberância ao estilo árabe em alguns locais do resort, como os flamingos dourados na fonte à entrada – mas não vai além disso. Em compensação há azulejos “à portuguesa” por todo o lado, em excesso mesmo.
Não sei dizer se os azulejos estão contemplados na remodelação faseada que irá decorrer até 2017 e que faz parte da mudança que se avizinha: a partir do final deste ano, o hotel deixará de ser Sheraton e passará a identificar-se apenas como um hotel Luxury Collection, uma designação que já ostenta, juntamente com um seleto grupo de hotéis tidos como os melhores do mundo.
Como é o Pine Cliffs Hotel?
“É um reduto de paz e luxo numa falésia sobre o mar. É um hotel que está mesmo a pedir uma escapada romântica para retemperar forças e equilibrar humores e amores.” Cláudia Silveira
Localização
O Sheraton Algarve está inserido no Pine Cliffs Resort, um grande empreendimento turístico situado sensivelmente a meio caminho entre Albufeira e Vilamoura, no topo de uma falésia sobranceira ao mar. O contraste entre a cor ocre da terra e o verde dos pinheiros, dos jardins e do campo de golfe, é um ex-líbris do resort, tal como o passarinho – uma poupa – que aparece no lago.
Morada: Praia da Falésia, Aldeia das Açoteias, 8200-909 Albufeira
Quartos
Fiquei num quarto no segundo piso, com vista para o mar. Era um quarto de tamanho regular, em tons de branco a contrastar com os móveis escuros. Os azulejos que habitam todo o hotel estão também nos quartos, azuis e brancos, a formar uma moldura na cabeceira da cama (como disse, parece-me excessivo).
A cama e as almofadas estão, no entanto, entre as mais confortáveis que já experimentei, daquelas onde se aterra e de onde já não apetece sair. Não espanta que lhes chamem “luxury beds”. Há muita atenção ao detalhe: nas duas noites foi colocado sobre a cama um cartão com a previsão do tempo para o dia seguinte “para melhor planear o seu dia”. Devidamente acompanhado por um chocolate.
O hotel tem 215 quartos com vistas de terra, jardim ou mar e todos têm terraço.
Atmosfera
Por ser fevereiro, o movimento não era grande. O local onde encontrei mais hóspedes foi no pequeno-almoço, claro, e no jantar no Il Giardino, neste caso casalinhos que pareciam também envolvidos pelo espírito de São Valentim. Em todo o caso, o ambiente é requintado mas descontraído.
Pequeno-almoço (café da manhã)
É servido entre as 7h00 e as 10h30 (mais uma meia hora de tolerância e já fazia a diferença) no restaurante Jardim Colonial. As mesas estão dispostas em torno de uma ilha onde estão todas as delícias, quentes e frias. Uma boa seleção de pães, verdadeiro sumo de fruto, omeletas feitas na hora, frutas frescas variadas, bolinhos e iogurtes.
Conclusão
- Pontos fortes: a localização do hotel; a gastronomia; o serviço 5 estrelas; o campo de golfe de 9 buracos mesmo ao pé da porta.
- Pontos fracos: a internet nos quartos cobrada como um extra; achei a sinalética de indicação dos restaurantes e serviços um pouco confusa.
- Em resumo: recomendável para quem aprecia o luxo sem pretensão.
- Ideal para: férias a dois ou com toda a família (há clube para crianças, o Porto Pirata, e minigolfe).
- Preço: desde 135€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: fev. 2014