Rosa et Al Townhouse
Entro no edifício de fachada granítica primeiro e de azulejos amarelados depois – que é o mesmo que dizer, a partir do primeiro andar – ao final de um dia de trabalho. O trânsito continua a fluir na Rua do Rosário, em pleno “quarteirão das artes” portuense, e eu, não sabia, procurava um oásis na cidade. Percebo-o quando o encontro neste Rosa et Al Townhouse, porta que se abre depois de bater para logo me ver envolvida num ambiente relaxante e banda sonora jazzística que será omnipresente.
Não o sabia, mas é aqui nesta sala que é de estar, receção e loja (na verdade, concept store, com o que isso vale) que vou perceber o modo de vida do Rosa et Al. Mais tarde, depois de uma massagem shiatsu e de óleos no quarto, depois de um longo banho de imersão numa banheira antiga, saio do quarto para encontrar um plácido ambiente caseiro nesta sala. Patrícia Sousa, coproprietária com o irmão, está sentada no sofá a fazer patchwork e tivesse eu outra disponibilidade ela partilharia a arte comigo. O meu olhar vagueia pela estante que faz as vezes de loja – produtos produzidos na casa (chá, compotas, tiras citrinas, bolachas, granola, azeite com aromas), vinhos, a linha Castelbel (também das amenities do hotel), livros (grande seleção da Assírio & Alvim) – e sento-me com uma revista. Estou numa antiga casa burguesa a viver um serão oitocentista (e que só não é de província porque estamos em plena urbe).Por opção – se não há televisões no quarto, quem quiser pode pedi-las (quem quiser pode até pedir computador ou Ipad).
Porém, sabe-me bem o desacelerar inesperado neste hotel de charme que quando há inaugurações simultâneas na Rua Miguel Bombarda se transforma, ele próprio, numa obra de arte – de inspiração retro-vintage. Nesses dias, a porta está escancarada e dois quartos estão livres para que se possam visitar.
Dizem os proprietários que o Rosa et Al Townhouse é um hotel de viajantes para viajantes, ou não fossem eles também verdadeiros trota-mundos. Para quem chega, o Rosa et Al também pode ser uma viagem em si e, por isso, tantos aproveitam o máximo de tempo possível a desfrutá-lo. Eu não tenho esse privilégio. De manhã, enquanto o pequeno-almoço se prepara, sento-me no logradouro. Estreito e comprido, bem portuense, portanto, tem relva, ervas aromáticas e produtos hortícolas consumidos na casa. Na varanda de um dos quartos, uma hóspede lê um livro. Lástima que não sou eu.
Como é a Rosa et Al Townhouse?
“Com inspiração retro-vintage, esta town house é um bed & brunch e, por vezes, obra-de-arte. De viajantes para viajantes tem conforto no ADN e luxo nas subtilezas.” Andreia Marques Pereira
Localização
Em pleno “quarteirão das artes”, que tem na Rua Miguel Bombarda o seu eixo principal, o Rosa et Al Townhouse fica a meio caminho entre o Palácio de Cristal e a Rua de Cedofeita. A Baixa portuense é, portanto, acessível numa pequena caminhada – e um pouco mais, chega-se à Ribeira.
Morada: Rua do Rosário 233, Cedofeita, 4050-524 Porto
Quartos
Há seis suites no Rose et Al Townhouse, duas por andar: três viradas para a rua e outras três para o jardim. São todas diferentes, tanto na estrutura como no mobiliário (este com ar de família: a estética anos 50 e 60) e distribuem-se em três categorias – club, queen deluxe e king grand deluxe. A minha é uma destas, king grand deluxe, no primeiro andar a ver a rua por duas grandes janelas. É a única suite que teve intervenção arquitetónica, já que era a sala principal da casa. O chão e o teto mantêm-se e, para não interferir com os estuques originais, a casa de banho construiu-se num dos cantos, como uma caixa – aberta. O visual é um misto de retro com o moderno, com o primeiro a sobressair: um aparador é bar, uma cómoda é mesa-de-cabeceira – e a outra são mesas encaixadas. Temos poltronas de madeira e couro e de madeira e tecido; a iluminação entretém-se entre candeeiros e focos escondidos.
O quarto mais original é, curiosamente, um da categoria mais baixa (club). Fica na mansarda e tem o teto inclinado cruzado por traves grossas de madeira: é um open space, o que inclui também a casa de banho, separada da cama por um maletão-biombo desenhado para aqui com mini-estante e secretária.
Atmosfera
É tranquilizante o ambiente que se vive entre as paredes do Rosa et Al Townhouse. O conforto está entranhado e o luxo subtilmente encaixado num todo que manteve a integridade arquitetónica da casa – por isso, o projeto foi distinguido pela secção regional do Norte da Ordem dos Arquitetos – e recuperou peças de mobiliário e de decoração vindos de vários cantos da Europa (a sala de refeições, por exemplo, voltada ao jardim, “veio” de uma coffee house berlinense dos anos 50). Todos os pormenores são cuidados e, se o resultado é informal e deveras acolhedor, tal não significa desprezo em qualquer dos aspetos da atenção ao hóspede. Desde o menu de almofadas ao chá e bolos no quarto à chegada, passando pelo vinho do Porto de oferta e ao turn down diário, tudo é feito para tornar a nossa estadia no Rose et Al mais agradável e com o mínimo de interferência por parte dos funcionários. O hotel está aberto ao exterior – o menu brunch é servido todo o dia e há ainda o “chá das 5” – e com uma vertente gourmet acentuada: há um chef na casa, jantares por marcação (sempre de degustação) e workshops gastronómicos ao sábado.
Pequeno-almoço (café da manhã)
Não sou uma das chamadas “morning person”, por isso este Rosa et Al Townhouse ganha a minha admiração pela gentileza de servir o pequeno-almoço até ao meio-dia. Na verdade, a minha admiração redobra-se porque nem sequer é pequeno-almoço, é brunch. Um bed & brunch, portanto, com este servido à carta. Eu, que me levantei cedo e com pressa, fiquei-me pelas panquecas, acabadinhas de fazer, com compota de kiwi e lima, sumo de laranja e iogurte. De fora ficaram coisas tão prosaicas quanto a Maizena com canela ou tão substanciais como ovos em várias declinações – Benedict, Arlington, escoceses…
Conclusão
- Pontos fortes: arquitetura, decoração, localização, gastronomia, tranquilidade.
- Pontos fracos: nada a assinalar.
- Em resumo: perfeito para quem quer um city break com estilo e, ao mesmo tempo, quer um break dos estímulos tecnológicos.
- Ideal para: casais e solitários; apreciadores de arquitetura.
- Preço: desde 80€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: jan. 2013