Hotel Rural Casas Novas
Já passaram alguns anos desde a minha estadia no Hotel Rural Casa Novas e, no momento em que me preparo para escrever sobre ele, busco as minhas memórias e apercebo-me de que não me importaria de repetir a experiência. Agora, por estes dias de vais e vens laborais nos quais me parece que apenas o silêncio sabe a casa.
E o silêncio é uma parte importante do Hotel Rural Casas Novas que parece erguer-se sobre a natureza em redor, domesticada em retalhos divididos, cultivados ao ritmo das estações do ano. Não é um oásis, este hotel, é uma pausa no dia-a-dia – destas e doutras paragens.
Para quem chega vindo de Chaves (na estrada para Boticas), como eu, e anda a tatear caminho depois de deixar a autoestrada, o Hotel Rural Casas Novas chama atenção, mesmo antes de se saber que o é. O edifício principal sobressai na paisagem – são as traseiras o que vemos, a coroar o grande terreno em suave elevação -, cor rosa a combinar com granito em volumetria destacada. Ao lado, como que encaixado no declive natural, um outro edifício, traça moderna, dois andares em degrau que só noto porque me fixo no primeiro.
É nesta ala moderna que fico instalada. Mas primeiro faço a “grande entrada” no solar que se ergue à beira da rua. Transponho o portão de madeira sob brasão para me deliciar com o barroco rural que se exibe num pátrio granítico de onde saem escadas laterais a desembocar em varanda de ferro forjado e janelas ogivais. Chegada ao quarto mal o olho, porque avanço logo para a janela, que é, na verdade, porta-janela a abrir para um terraço comprido como que suspenso na tranquilidade do cenário. O horizonte não se estende – há montes atrás de montes (Trás-os-Montes aqui dá razão ao nome) – mas há uma bolha de ruralidade que daqui se vê idílica.
Quase se pode imaginar o segundo conde de Penamacor, desde as janelas do solar que mandou construir no século XVIII, a mirar as propriedades onde se produziam 150 pipas de vinho e 40 mil quilos de pera e de maçã. As que ainda estão anexas à casa, asseguro que estão muito diferentes. E quem ganha somos nós, viajantes do século XXI: o terreno estende-se em patamares entre relva, poucas árvores e caminhos empedrados que incluem no seu labirinto piscinas (incluindo interior, com spa), campo polidesportivo, parque infantil.
O inverno, que até proporciona encontros nevados nas minhas voltas pela região, remete-me, contudo, ao interior. À biblioteca, a antiga cozinha da casa com o seu pé direito de quatro metros e enorme lareira, com especial ênfase nos autores transmontanos, à sala de leitura e à sala de estar, ambas desmultiplicando-se em sofás e poltronas, a última com grande ecrã. Sem esquecer a passagem, obrigatória, pelo antigo lagar/adega agora bar/restaurante: a atmosfera é rústica como se quer e a comida exemplar desta “terra-quente e terra-fria” – entradas de enchidos e queijos para cabrito, vitela, cordeiro, polvo, bacalhau. O “reino mágico” de Miguel Torga também se vive à mesa, de preferência com vista para a paisagem.
Como é o Hotel Rural Casas Novas?
“Um hotel de charme com apelo campestre. A tranquilidade é suprema, entre a natureza domesticada ao ritmo das estações do ano e o spa onde o tempo se detém.” Andreia Marques Pereira
Localização
Em pleno território rural, o Hotel Rural Casas Novas está a rondar Espanha e fica às portas de Chaves. Boticas está a 15 minutos, Montalegre a meia hora e isto apenas para referenciar uma geografia onde castros, calçadas romanas, solares, rios e riachos se cruzam com aldeias tradicionais como Paredes do Rio, Vilar de Perdizes e Pitões das Júnias (esta já no Parque Nacional da Peneda-Gerês).
Para chegar, quem vem do sul, o melhor é, a partir do Porto, seguir na A3 até à saída de Guimarães e daí apanhar a A7 e logo a A24 na direção de Chaves. A saída faz-se em Boticas – seis quilómetros depois de deixar a autoestrada avista-se o hotel.
Morada: Rua Visconde do Rosário 1, 5400-727 Casas Novas
Quartos
São 22 os quartos e cinco as suites que o Hotel Rural Casas Novas oferece aos seus hóspedes. Os quartos ficam na ala nova, as suites no solar. Nestas, todas diferentes, tanto na tipologia como no mobiliário, faz-se uma síntese do moderno com o tradicional: as paredes de pedra e janelas de guilhotina dialogam com mobiliário escuro perturbado por alguns barroquismos estilizados e sofás em cores fortes. Nos quartos, dominam as linhas direitas, as cores contrastantes (o meu jogava o branco com o laranja) em espaços de dimensões consideráveis com direito a sofá, candeeiro de pé, grande ecrã na parede – nada de somenos, os terraços que os servem a todos, com vista para a paisagem.
Atmosfera
Em pleno cenário campestre, o hotel oferece um ambiente onde a rusticidade às vezes é atropelada por uma espécie de romanticismo decorativo contemporâneo que me parece dissonante. Há espaços acolhedores onde a tranquilidade parece não poder ser perturbada, ajudada pela pouca intromissão dos funcionários do hotel. Descontração e simplicidade são os únicos modos de estar.
Pequeno-almoço (café da manhã)
Confesso que em paragens transmontanas esperava mais do pequeno-almoço. Não é muito variado, mas esperem-se compotas caseiras feitas com produtos da propriedade, de chila a amora, por exemplo, e pão regional.
Conclusão
- Pontos fortes: espaço envolvente, opções de lazer, arquitetura dos edifícios, tranquilidade
- Pontos fracos: pequeno-almoço, algumas opções decorativas.
- Em resumo: ideal para quem quer fugir da azáfama do dia-a-dia e ter uma experiência telúrica.
- Ideal para: famílias.
- Preço: desde 69€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: dez 2013