Carmo’s Boutique Hotel, Provença que faz lembrar Bali no coração do Alto Minho

Carmo’s Boutique Hotel

Quando me disseram do outro lado do telefone que era melhor adiar a visita, porque seria um desperdício não ter tempo de estar e de sentir, confesso que fiquei um pouquinho espantada. Eu pretendia aproveitar o convite do Carmo’s Boutique Hotel para vivenciar as novas tendas de luxo que tinham instalado no quintal (parece uma maneira prosaica mas é a mais honesta de me referir às suites luxuosas que instalaram na parte mais alta da quinta) num dia da semana que acabou por se complicar. Iria sair do Porto muito tarde, teria de estar na Trofa muito cedo no dia seguinte. A visita iria ser de médico.

Acabei por concordar que sim, seria melhor adiar a estadia e, sobretudo, apreciei o cuidado que tiveram não se importando de ficar com um quarto vago em cima da hora para o voltar a preencher em pleno mês de agosto. Mais importante era que eu vivenciasse e sentisse. Usufruísse. Estava meio caminho andado para ter um good feeling; algo me dizia que eu iria gostar muito daquela estadia em Ponte de Lima.

Fui visitar o Carmo’s Boutique Hotel uns dias mais tarde. Com mais tempo para apreciar, para jantar, para relaxar. Não fui, ainda assim, com tempo para experimentar tudo. O magnifico spa, que oferece um inesperado tratamento com leite de burra (qual Cleopatra!), ou um revigorante escalda pés (maneira sucinta de me referir ao que deve ser um maravilhoso tratamento dado aos peregrinos de Santiago de Compostela que também passam por ali), ficaram para outras núpcias.

Mas fui com tempo para um cocktail ao fim da tarde (escolhi uma sangria de frutos vermelhos); para ver o pôr do sol a partir da varanda do quarto; e para um memorável jantar na sala de jantar / sala de estar / biblioteca / museu / recepção do edifício. Parece confuso mas, acreditem, não é: este singular espaço acaba por ser um dos aspetos mais distintivos do hotel, por se distanciar mais deles e dos seus espaços sempre compartimentados. O jantar foi agradável, a companhia também, e os vinhos da casa também se recomendam. Bica aberta e Remontagem, nomes em honra do processo tradicional na produção de vinhos brancos e tintos utilizando as barricas de madeira de castanho, típicas no Alto Minho. O Bica Aberta é um monocasta, da casta Loureiro; o Remontagem é feito com uvas da casta Vinhão, ambas típicas da região do Vale do Lima.

E a noite? Bem, a noite foi majestosa, em consonância com a cama de dossel, os lençóis suaves e confortáveis e com a original djellaba de turco que nem apetece despir depois do duche reconfortante. O quarto tinha uma igualmente majestática banheira a convidar a um banho de imersão enquanto contemplava as estrelas; mas a minha consciência ambiental falou mais alto e achei que, daquela vez, não se justificava encher aquela gigantesca tina.

As tendas estão suportadas por estacas de pinho nórdico, bem junto às vinhas, numa quinta que se espraia pelos socalcos e onde pontuam carvalhos e castanheiros. Saber que uma parte da quinta está assente em reserva ecológica e outra reserva agrícola é ter a certeza de que vai continuar a ser assim, sem cimento.

Dizer que integra a reputada lista de Small Luxury Hotels of the World, desde 2015, já é dizer muito sobre a qualidade deste Carmo’s Boutique Hotel; e sobre o segmento a que se destina. Mas não diz quase nada sobre a surpresa que podemos encontrar em cada recanto. É uma profusão de referências e de destinos: as proprietárias dizem que se inspiraram na Provença francesa. Eu, confesso, encontrei naqueles jardins muito de Bali, na Indonésia, mesmo que não tenha encontrado incensos nem santuários. Mas estava bem no coração do Alto Minho, onde a tradição de bem receber já é um provérbio.

Localização

O acesso a Ponte de Lima pode ser feito por duas auto-estradas – a A3, que liga Porto a Valença, ou pela A28, que liga o porto a Viana do Castelo. E a ligar esses dois acessos está a estrada que nos conduz a Gemieira, uma localização perfeita com uma centralidade imbatível para quem quer aceder com facilidade a quatro locais Património da Humanidade: Porto a 45 minutos; Guimarães a 25 minutos; Santiago de Compostela a 1h30 e o Vale do Douro outro tanto.

Morada: Rua Santiago da Gemieira 10, Gemieira, 4990-645 Ponte de Lima, Portugal

Quartos

O Carmo’s Boutique Hotel tem um total de 17 quartos, divididos entre Suites de Luxo, Quartos Prestígio e Tendas Suite. Em comum têm o romantismo que domina todos eles e uma preocupação com uma decoração “requintada e exclusiva”. Foram as proprietárias quem assinou o projeto de decoração e é a elas que se devem os apontamentos de África e de Bali, onde cada um conta uma história única e diferente.

Atmosfera

Os que procuram lugares de luxo e requinte sentir-se-ão recompensados. Os que querem conforto e sofisticação também. E os que querem tranquilidade e uma sensação de estar na sala de um velho amigo, onde os serões são passados a contar peripécias de viagem, também. As donas do Carmo’s Boutique Hotel empenharam-se em criar um espaço que desse resposta a tudo o que elas procuram quando estão em viagem, assumindo que o que as preenche é a sofisticação e o conforto que encontraram em Provença. Mas no Alto Minho todas essas referências assentam igualmente bem.

Pequeno-almoço (café da manhã)

Estava uma amena manhã de agosto, e a temperatura convidada ao usufruto das mesas de esplanada no exterior; o facto de lá estar sombra, e de a paisagem verdejante ser acolhedora também. Foi o que eu fiz, espantada que fiquei pelo facto de não encontrar uma mesa onde eu esperaria ver um buffet. “Pode sentar-se, nós vamos servi-la; aceita um sumo de laranja natural?” Estava dado o mote para o meu deleite nos próximos largos e extensos minutos – uma pessoa esquece-se do prazer que é ser servida. À minha mesa chegou uma boa variedade de pão, fruta, ovos, compotas, queijos. Não faltou nada.

Conclusão