Vila Galé Collection – Palácio dos Arcos
Já era noite cerrada quando, dando a volta à renovada e iluminada fachada que deu uma nova vida à entrada em Paço d’ Arcos pela marginal, descubro a passagem para um pequeno largo empedrado à volta do qual a unidade hoteleira floresce: para a direita, a porta que dá acesso à faustosa mas acolhedora receção; à frente, o portão que, durante o dia, leva qualquer hóspede ao cuidado jardim; à esquerda, garagem e salão para eventos ou reuniões.
Sigo diretamente para a garagem do Vila Galé Collection Palácio dos Arcos, mas a chegada não se torna menos nobre por isso. Do estacionamento à zona de acolhimento, é possível fazer logo uma espécie de reconhecimento do espaço. Pelas paredes, destacam-se palavras carregadas de emoções deixadas por poetas de várias latitudes; em cada passo, sinto o inevitável respeito por pisar uma casa que já acolheu figuras reais da nossa História – casos de D. Fernando, D. Luís ou D. Maria Pia; e, a meio caminho, quase se me cai o queixo ao atravessar uma pequena e mui cuidada capela.
O acolhimento revela logo a vontade deste Collection Palácio dos Arcos se diferenciar de todos os outros hotéis Vila Galé. Enquanto se ultima o preenchimento da ficha de check-in, um sumo de laranja natural serve como mimo de boas-vindas. E os mimos prosseguem no quarto, onde chego já após abandonar o edifício do palácio – cuja construção remonta aos finais do século XV e onde os quartos se destacam por uma decoração que se distingue pelos veludos, pelos tons dourados e carmins, pelas peças de mobiliário nobre e pelos pesados reposteiros.
Já na ala nova do hotel Palácio dos Arcos, construída de raiz, tudo muda de figura. Sem a pretensão de imitar o antigo, assume-se nesta parte do hotel um espírito contemporâneo e sóbrio. Com um bónus: todos os quartos usufruem de uma convidativa varanda debruçada sobre a piscina e o jardim, e com vista para o mar. Em dias soalheiros, como aquele em que visitei o Vila Galé Collection Palácio dos Arcos, o quarto onde predominam os beges e os castanhos enche-se de brilhos. E, à noite, o espaçoso e arejado aposento, com uma cama XXL e uma zona de estar onde também se podem tomar refeições, é invadido pelo alarido das ondas, que me serviu de embalo até a um adormecer abençoado com as palavras do alfacinha Filinto Elísio com a sua Saudade Extrema que Tem a Virtude o Prémio.
O dia amanheceu e, embora a cama parecesse insistir para que ficasse mais um pouco, opto por um passeio pelo hotel ainda antes do pequeno-almoço para descobrir, parede a parede, recanto a recanto, outras poesias. Algumas carregadas de sabedoria, como as de Sophia de Mello Breyner, outras de vivências apaixonantes, como as do chileno Pablo Neruda, e ainda algumas de desassossegos, caso das de Fernando Pessoa.
Foi, no entanto, sem qualquer tipo de desassossego que fui descobrindo alguns recantos ideais para um refúgio. Fosse ao ar livre, junto da piscina ou na varanda-esplanada do bar, fosse na pequena biblioteca onde uma escada de madeira em caracol me convidou a subir para usufruir da vista. E me fez lamentar não ter horas para me perder entre leituras e sonhos. De poetas, claro.
Como é o Vila Galé Collection – Palácio dos Arcos?
“Conforto e tranquilidade, e até luxos principescos, entre palavras de poetas e com o olhar sempre posto no mar.” Carla B. Ribeiro
Localização
O Vila Galé Collection Palácio dos Arcos aproveita os pisos superiores de um palácio, cujas origens remontam ao século XV, debruçado sobre a marginal, tirando proveito da proximidade com o mar e integrando um romântico jardim (aberto ao público durante o dia), onde se destaca uma imponente escultura, cedida pelo Parque dos Poetas, em Oeiras, que reúne à mesma mesa representações, em tamanho real, de Ary dos Santos, António Gedeão, Manuel Alegre, Ruy Cinatti, Fernanda de Castro, António Aleixo, Pedro Homem de Mello, Adolfo Casais Monteiro, Luís Nava, Rui Knopfli, Sebastião da Gama, Irene Lisboa, António Botto e António Maria Lucas. Além do acesso por carro, a linha de comboio situa-se nas traseiras do hotel – a estação, de onde se pode ir até Lisboa ou Cascais, fica a menos de cinco minutos a pé.
Morada: Largo Conde de Alcáçovas, 2770-031 Paço de Arcos
Quartos
O edifício do palácio integra cinco quartos, dois dos quais com características de suites, todos decorados a preceito com a história do próprio edifício. Na ala nova, além de quase sete dezenas de quartos, há três que são suites. Todos primam por espaço, por uma boa exposição solar e por incluírem uma varanda privativa.
No meu caso, fiquei no Filinto Elísio, um quarto em que a cama é definitivamente a protagonista – quer pelo tamanho, quer pelo conforto (uma pequena curiosidade: hóspedes de mais de um dia, vão reparar que há duas tonalidades diferentes de roupas de cama, algo que parece transformar o quarto de um dia para o outro). O espaço inclui ainda uma zona de estar, marcada por um confortável sofá acetinado, que inclui uma mesa que tanto pode servir para trabalho como para refeições – cabem quatro pessoas.
A casa de banho, não sendo de tirar o fôlego, faz jus ao resto do espaço: é desafogada e revela o cuidado na escolha dos materiais, mas também na qualidade dos amenities oferecidos.
Atmosfera
Famílias com filhos pequenos, casais em ambiente romântico, grupos de trabalho. O ambiente é heterogéneo, mas nem por isso estranho. Tanto pelo bar como pelo restaurante é comum encontrar pessoas que não se encontram hospedadas no hotel.O serviço é muito simpático e ninguém se coíbe de um ou outro mimo, que mais que valioso tende a ser ternurento. Como um raminho de flores acabadas de colher do jardim oferecido pelo governante do hotel que trouxe de recordação.
Pequeno-almoço (café da manhã)
Servido numa das salas do restaurante (ou mais, conforme a taxa de ocupação), há pão quentinho, frutas frescas e secas, café e chá fumegantes, bolos acabados de fazer. A primeira refeição do dia é completa e está incluída no preço.
Conclusão
- Pontos fortes: aspetos históricos, localização, quartos com varanda, excelente escolha de colchões, serviço eficiente e simpático.
- Pontos fracos: mesmo junto à Estrada Marginal, o barulho dos carros pode por vezes incomodar, sobretudo se optar por dormir de janela aberta e o mar estiver calmo. Com agitação marítima, as ondas calam o trânsito.
- Em resumo: muito recomendável.
- Ideal para:casais, refúgios a sós, viagens de grupos de trabalho. É de experimentar o restaurante ou passar umas horas na varanda do bar, frente ao mar, em amena cavaqueira entre chás e bolinhos.
- Preço: desde 102€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: mai. 2013