Pousada de Cascais
Atenção: há uma gaivota que “ataca” o pequeno-almoço de quem se atreve a tomá-lo na esplanada da Pousada de Cascais. Não há lugar a sustos. O episódio, que ocorreu comigo num regresso à pousada, é frequente e arranca mais gargalhadas que gritos. E vale mesmo a pena correr o risco. É uma boa maneira de começar o dia: comer a primeira refeição encostadinhos à muralha e com toda a marina de Cascais aos nossos pés.
Só por aqui se percebe que uma experiência na Pousada de Cascais, que ocupa parte da Cidadela, nunca é igual à outra. Não fosse a própria unidade um rendilhado de soluções de aposentos.
Na primeira vez que estive na pousada, fiquei num dos quartos que tem D. Carlos retratado como um anafado marinheiro numa tela trabalhada pelos Story Lovers. De cores e decoração sóbrias e airosas, acordei para o cenário azul quando abri os pesados cortinados e descobri um recorte a vidro na parede da varanda que funciona como uma espécie de ecrã plano e que mostra a vida na marina de Cascais. Já na segunda experiência, ocupei um dos quartos do spa, em que a vista para o oceano não existe, mas em compensação os janelões dão acesso a um varandim com acesso direto ao jardim e ao ginásio (pequeno, mas com o equipamento necessário a um treino completo).
Num curto passeio de reconhecimento pelos corredores que se multiplicam, separados por vezes por pequenos halls, observo ainda outras tipologias de quartos. Os mais atípicos situam-se onde eram as antigas camaratas: quartos de teto abobadado que, abençoados pelo génio de Eça, usufruem de dois janelões alinhados em altura. Além de D. Carlos e de Eça de Queirós, há quartos com telas de Ramalho Ortigão, outros com Guerra Junqueiro e ainda os que lembram Óscar Carmona. Alguns a cheirar a novo, em estruturas criadas de raiz; outros cheios de memórias que incluem piratas, reis e até a primeira experiência lusa de iluminação elétrica.
Mas, acima de tudo, cruzo-me com pessoas de todos os tipos. Há os que seguem apressados, de fato e gravata, para alguma reunião de negócios; os que, de calções e camisa florida, se mostram preparados para saírem à descoberta da vila de Cascais; e ainda os que chegam de cabelo revolto diretamente de alto-mar. Muitos parecem alheios às histórias que se escondem neste espaço, mas a pousada faz questão de as enaltecer.
No entanto, a experiência da Pousada de Cascais é mais do que o que se esconde dentro das suas paredes. Para mim, foi também passear pela Cidadela, subir às muralhas, explorar as lojinhas de produtos artesanais, descer à cisterna manuelina. E, por fim, sentar-me no bar e seguir o voo das 600 andorinhas de Rafael Bordalo Pinheiro – algo apenas possível na segunda passagem pela pousada; na primeira, havia post-its no sítio onde haveria de ser aplicada cada andorinha.
Como é a Pousada de Cascais?
“Luxos e conforto embrulhados num espírito eclético que pode ser testemunhado pelas suas estruturas mas também por quem as habita.” Carla B. Ribeiro
Localização
Situado no interior da Cidadela, a Pousada de Cascais oferece um acesso privilegiado à marina. Além disso, situa-se a uns 30 minutos a pé do Guincho. O comboio para Lisboa fica a cerca de 15 minutos a pé.
Morada: Fortaleza da Cidadela – Av. Dom Carlos I, 2750-000 Cascais
Quartos
São 108 quartos e 18 suites, o que faz com que esta seja a maior das pousadas em Portugal. Na primeira e mais prolongada experiência, fiquei num dos quartos de D. Carlos. Nestes, a cama está virada para a janela, proporcionando uma vista impressionante durante o dia e permitindo a entrada de luz natural em todo o quarto. A luz do dia também chega à casa de banho, onde é de aproveitar a banheira, uma vez que esta se encontra separada da zona de dormir por um vidro.
Atmosfera
Em ambas as estadas, o que mais se destacou foi o corrupio constante de gente. Hóspedes, visitantes, curiosos. No entanto, a dimensão da unidade é tal que é raro haver aglomerado de pessoas. O serviço é correto.
Pequeno-almoço (café da manhã)
É um festim sensorial. Sumos de fruta, cereais, pães variados, croissants, queijos, fumados, além de uma série de pratos quentes (ovos, salsichas, bacon, cogumelos…). Se se quiser seguir a dica de tomar o café da manhã no exterior, o melhor é levar logo tudo e não abandonar o prato. A gaivota está sempre atenta.
Conclusão
- Pontos fortes: localização, decoração, conforto, ambiente.
- Pontos fracos: o facto de ser labiríntico leva a que, por vezes, se ande perdido em busca do quarto; as sinalizações podem ser melhoradas.
- Em resumo: muito recomendável.
- Ideal para: grupos de trabalho, casais de todas as idades, com ou sem filhos, grupos de amigos.
- Preço: desde 123€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: mai. 2013