Pousada de Viana do Castelo, o monte com vista para o Sacré Coeur de Viana

Pousada de Viana do Castelo

Digo-o com alguma vergonha, mas nunca tinha estado em Viana do Castelo. Não tinha calhado, sei lá. Quando finalmente calhou, fui com a família passar um fim de semana e ficámos duas noites (sábado e domingo) na Pousada Monte de Santa Luzia. Era abril, o tempo já começava a aquecer e o céu minhoto estava muito azul e sem nuvens.

Lembro-me bem de quando finalmente chegámos lá acima, ao monte, e saímos do carro, nos termos deslumbrado todos com a paisagem à nossa volta. Mar, rio, cidade, serra. O Atlântico ali ao lado com extensos areais, a foz do rio Lima aos pés, juntamente com a cidade de Viana do Castelo. Perante a nossa admiração da paisagem, um funcionário do hotel explicou-nos que em dias realmente limpos se consegue avistar Ponte de Lima, para o interior, a Póvoa do Varzim, para sul, e o Monte de Santa Tecla, já na Galiza.

Uns metros abaixo da pousada fica uma igreja, que é na realidade a Basílica de Santa Luzia, destino de romarias e peregrinações. É um templo imponente, ali no alto, e as suas três cúpulas fizeram-me pensar “onde é que eu já vi isto?” – sendo que era a primeira vez que ali estava. Devo ter referido alguma coisa em voz alta a esse respeito porque o mesmo simpático (e informado) funcionário do hotel explicou-me que a construção foi inspirada no Sacré Coeur de Monmartre, em Paris. Ah, então é isso, é do filme Amélie!

Mas vamos ao hotel. Vista de fora, a Pousada de Viana do Castelo é um edifício de três pisos, onde o branco e o cinzento do granito resultam num bonito contraste. Lá dentro reina a sobriedade na decoração, com umas pitadas de rústico e bucólico. Chão de madeira clara, em tábua corrida, tetos altos, lustres vistosos e tecidos coloridos fazem parte do décor A sala de estar é ampla e confortável e convida à preguiça. Em frente, no restaurante, além das vistas pode-se apreciar a gastronomia minhota. Não comi no restaurante – porque optámos por ir lá abaixo à cidade de Viana do Castelo – mas consta que a especialidade, o Bacalhau à Santa Luzia, vale muito a pena. Terá de ficar para a próxima.

Nas varandas dos quartos, terraços e jardins não faltam cadeiras e espreguiçadeiras para usufruir do sol e da vista panorâmica. Além de descansar, há várias formas de ocupar o tempo: há uma magnífica piscina (aberta entre maio e setembro), um campo de ténis, bicicletas à disposição e um pequeno ginásio. As crianças têm também um pequeno parque onde se entreterem – a minha não se aborreceu. Seguimos os trilhos e demos um passeio entre a vegetação densa do bosque que rodeia a pousada.

No cimo do monte, a 3 quilómetros do centro de Viana do Castelo, o silêncio é quase palpável. Exceção feita aos domingos de manhã. Por volta das 10:00, os sinos da Basílica começam a chamar os fiéis para a missa. Às primeiras badaladas sobressaltamo-nos mas depois, pronto, é, digamos, pitoresco. Café da manhã tomado e descemos até à Basílica, tirámos umas fotos com um fotógrafo daqueles que enfia a cabeça debaixo de um pano e diz “Olhó passarinho”, e seguimos para a cidade para ver de perto tudo o que vimos lá do alto.

Foi um bom fim de semana. Quando voltar a Viana do Castelo é nesta pousada que quero ficar. Outra vez.

Localização

A mais-valia da Pousada de Viana do Castelo é mesmo a sua localização privilegiada. Fica bem no topo do Monte de Santa Luzia e daí temos uma das mais impressionantes panorâmicas que já desfrutei num hotel em Portugal. Está rodeada de jardins e bosques com densa vegetação e fica a apenas 3 quilómetros (íngremes) do centro da cidade. Se para baixo todos os santos ajudam, para cima podemos contar com o funicular que, após vários anos encerrado, já está de novo a funcionar (só até às 20:00). E, se o hóspede abusar ao almoço (e aqui é muito fácil isso acontecer), pode subir os 742 degraus que ligam Viana do Castelo à Basílica. Daí até ao hotel são apenas 10 minutos a pé.

Morada: Monte de Santa Luzia, 4901-909 Viana do Castelo

Quartos

Um quarto com vista. Literalmente. Na verdade, uma vista majestosa, não me canso de o dizer. Os quartos são confortáveis e aconchegantes mas não muito espaçosos – no nosso caso ainda menos, porque foi colocada uma cama extra para a minha filha. Existem quartos comunicantes mas estava fora de questão que a miúda quisesse ficar sozinha num quarto. A Pousada tem um total de 51 quartos, entre standard e superiores, e três suites.

Atmosfera

O hotel não é muito grande e o principal espaço comum é a sala de estar, também chamado salão do bar. No fundo da sala há um piano de cauda preto e, apesar de ninguém ter aparecido para tocar, também ninguém nos disse que não podíamos praticar o nosso repertório. A parede da sala está ocupada com uma grande tapeçaria de Almada de Negreiros que representa os soldados romanos a atravessar o rio Lima. Havia turistas estrangeiros e outros casais com filhos e o ambiente era bastante informal e descontraído.

Pequeno-almoço (café da manhã)

Para os padrões das Pousadas de Portugal, onde já comi os melhores pequenos-almoços deste país, o da Pousada de Viana do Castelo não era memorável. Senti falta de alguns produtos regionais que normalmente contribuem para uma experiência mais completa. Havia o habitual, sem surpresas.