Pousada de Estremoz
Foi uma escapada durante a semana, para aproveitar os preços mais baixos que as Pousadas de Portugal fazem de segunda a quinta-feira. Escolhi Estremoz por estar relativamente próxima de Lisboa e também porque já há algum tempo tinha curiosidade em conhecer esta pousada por dentro, uma vez que passo por ali muitas vezes a caminho da minha Elvas natal.
Deixei o carro no largo diante da pousada – ali pode-se estacionar à vontade e não havia problemas de espaço. No centro da praça, a estátua em mármore branco da Rainha Santa Isabel, rainha que dá nome à pousada. Sem querer entrar em lições de história, que vale a pena lembrar que esta rainha, uma aragonesa, morreu exatamente em Estremoz, em 1336, onde a lenda também situa o milagre da transformação dos pães em rosas – “São rosas, meu senhor, são rosas” – pelo qual a monarca consorte (do rei D. Dinis) se tornou mais conhecida e pelo qual foi canonizada.
Há um casal de turistas a fotografar a estátua e quando me veem a olhar aproveitam para me perguntar quem foi. Tento explicar, com o episódio das rosas e tudo isso. Ouvem-me atentamente e, no final, olham-me com um ar que diz “pois…”. Deixo os alemães e entro na Pousada de Estremoz para confirmar uma suspeita que já levava: é como entrar num museu.
A decoração é muito carregada, contribuindo para uma atmosfera demasiado austera para o meu gosto. Há,obviamente, peças de mobiliário muito bonitas, como contadores, por exemplo,mas no geral as divisões estão demasiado cheias. Pinturas, esculturas, peças em ferro, tapeçarias, porcelanas e grandes candelabros enfeitam os corredores e áreas comuns do hotel. Faz-me pensar se de vez em quando não desaparecerá qualquer coisa. Li mais tarde que o edifício foi saqueado durante as Invasões Francesas, o que quer dizer que todo aquele espólio veio de outro sítio qualquer.
Não estava ainda calor suficiente que justificasse um mergulho, por isso passei uma tarde tranquila a ler ao lado da piscina junto às ameias do castelo. Preferiria estar rodeada de relva em vez daquele piso de tijoleira – que nem deve ser propriamente agradável nos pés quando as temperaturas sobem. Há um pequeno jardim com algumas árvores e dali desfruta-se uma vista pacificadora sobre Estremoz e a planície ao redor.O resto é calma e silêncio. A pousada está praticamente vazia e os únicos hóspedes para além de mim decidiram subir à torre de menagem – a torre que se avista logo que Estremoz aparece no horizonte quando vamos na estrada.
O ar imponente e vazio do salão do restaurante não me cativou. Não me interpretem mal, é uma questão de gosto pessoal; admito que para muita gente estar nestes aposentos reais, rodeado de móveis e objetos da época seja deslumbrante – não é o meu caso. Preferi ir ao restaurante São Rosas – pertíssimo da pousada e onde já tinha comido – para jantar. Não me recordo exatamente o que comi – Sopa de beldroegas? Carne de porco à alentejana? Cação de coentrada? -, mas sei que sai satisfeita.
A vantagem do preço mais reduzido na Pousada Rainha Santa Isabel durante a semana tem a desvantagem de o dia seguinte não ser sábado. Se fosse, desceria à cidade para tomar um café no Águias de Ouro e deambular calmamente pelo mercado no Rossio de Estremoz, que além de legumes, queijos, enchidos e outras delícias alentejanas, é famoso pelas antiguidades. Agora que penso nisso, algumas muito parecidas como as que se encontram na pousada.
Como é a Pousada de Estremoz?
“Ser rei por um dia é a proposta da Pousada de Estremoz – para mim, a mais “histórica” das Pousadas de Portugal.” Cláudia Silveira
Localização
A Pousada de Estremoz – Rainha Santa Isabel está situada dentro do castelo de Estremoz, no topo de um monte sobranceiro à cidade e às planícies em redor. O acesso mais fácil é de carro mas este não é dos castelos de mais difícil acesso – á possível subir e descer a pé tranquilamente.
Morada: Largo D. Diniz, 7100-509 Estremoz
Quartos
Os quartos da pousada são espaçosos, com cama de dossel, veludos e brocados e esse tipo de coisa a fazer lembrar reis e princesas. Tem piada à chegada mas, passado o primeiro impacto, tive a impressão de estar a dormir num museu – e quem viu o Código da Vinci sabe bem como à noite, nos museus, podem acontecer coisas menos agradáveis. Interessante como experiência, mas um bocado tétrico para os meus gostos. Na casa de banho abundam os mármores da região, o que está bem. Menos bem são as cortinas do duche.
Atmosfera
Se tem curiosidade pelos ambientes da Idade Média, espaços escuros, até um pouco soturnos às vezes, este é um bom sítio para visitar. Com as comodidades de hoje, como o wi-fi gratuito (apenas no lobby da pousada) e um belo terraço com piscina.
Pequeno-almoço (café da manhã)
O pequeno-almoço cumpre a sua função mas não é extraordinário. Uma salada com frutas de conserva é algo que não está à altura dos padrões das Pousadas de Portugal. Os croissants, ao invés, são excelentes. O pátio interior é o local mais agradável para esta primeira refeição do dia. O café da manhã está incluído na diária.
Conclusão
- Pontos fortes: a localização e a vista.
- Pontos fracos: no geral, a pousada revela algum desgaste e precisa de melhoramentos.
- Em resumo: aconselhável enquanto experiência, pelos ambientes que oferece.
- Ideal para: ir com crianças e aproveitar para lhes dar uma lição sobre a história de Portugal.
- Preço: desde 90€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: mai. 2012