Moinhos da Tia Antoninha
A Tia Antoninha não podia imaginar melhor destino para os seus moinhos, que estiveram abandonados e escondidos pela vegetação. Até Eduardo Rocha pedir ao pai, sobrinho e herdeiro dos moinhos, que lhe cedesse o local para umas patuscadas com os amigos, e aplicar aqui todo o seu interesse pela domótica. O projeto acabou por crescer e assumir-se como unidade de turismo rural em 2006. E a aposta na sustentabilidade e autossuficiência energética já lhe valeu o Prémio Chave Verde da Associação Bandeira Azul, que o certifica como Empreendimento Turístico Sustentável: água pura de furos artesianos, aquecimento central com caldeira a biomassa vegetal, micro-hídrica que aproveita a força da água que corre por uma levada, e que produz, em conjunto com painéis solares, toda a eletricidade necessária para iluminação e aquecimento da água.
Mas a paz e tranquilidade não se perderam; quem quiser barulho ou confusão vai ter de levar a família toda e, de preferência, muitas crianças. Que vão ficar encantadas, diga-se de passagem, com a piscina no ribeiro e com os cães e gatos amigáveis que aqui moram, partilhando os pátios entre os moinhos.
Cheguei aos Moinhos da Tia Antoninha num dia quente de verão e lembro-me de só desejar poisar a mochila e sair porta fora: toda a estradinha entre Leomil, a aldeia mais próxima dos moinhos, uma povoação de cara lavada e ruas tranquilas, é um desfilar de campos, velhos muros de granito e o ocasional palheiro, ao longo da ribeira de Valongo pelas pregas da serra, a que a falta de vegetação dá um ar agreste – o ideal para um passeio a pé ou de bicicleta. A zona é verdadeiramente apetitosa para quem gosta de atividades de ar livre, começando por umas enérgicas pedaladas serra acima, na rota das antas, do “castelo” pré-histórico e outros monumentos megalíticos espalhados pelas proximidades, com o brinde de vistas alargadas sobre as serras da Estrela e de Penedono.
Quanto aos Moinhos da Tia Antoninha, são entidades miméticas, casas baixas submersas numa paisagem granítica, escondidas pelos socalcos e pela vegetação, ramagens de oliveiras e de castanheiros. Três grupos de edifícios, cada um com o seu moinho, para além de habitações, palheiros e forno de pão. O grupo central transformou-se numa sala de estar e dois quartos com entrada independente, o forno para cozer o pão e o arrumo da lenha, um W.C. público de apoio ao espaço comum, uma casa de banho, lavandaria e despensa. O grupo sul, mais afastado, para além de dois quartos independentes possui também uma sala privativa com kitchenette – ideal para quem gosta de cozinhar –, e o grupo norte tem mais dois quartos, uma cozinha típica, uma pequena cavalariça e um arrumo agrícola para as alfaias.
A água da ribeira, que antes movia os moinhos, corre agora numa levada alimentada por um açude, onde fica a deliciosa piscina fluvial para os dias quentes. As paredes combinam o granito com o amarelo-ocre típico da região. No interior encontramos quartos confortáveis, com belas vistas para os pátios. Distanciados entre si num hectare e meio de terreno, combinam a discrição com a partilha das grandes áreas comuns exteriores, onde sabe bem fazer um piquenique, seguido de leitura de um livro mesmo bom, acompanhado talvez por uma brisa e pelo marulhar da água no açude…
Como são os Moinhos da Tia Antoninha?
“Verdadeiro refúgio para qualquer urbano, no meio do monte e a um quilómetro da aldeia mais próxima, os Moinhos da Tia Antoninha são uma unidade de turismo rural perfeitamente integrada na paisagem, autónoma em termos energéticos e ecológicos.” Ana Isabel Mineiro
Localização
Não se passa pelos Moinhos da Tia Antoninha; é preciso querer chegar lá. O acesso é muito fácil, se soubermos onde se escondem: apenas a 1 km da aldeia de Leomil, a 3 km de Moimenta da Beira, no distrito de Viseu, região do Douro. Seguir em direção a Lamego, tomando a IP4 ou a IP3, conforme o ponto de partida. Sair da IP4 em direção a Peso da Régua e depois Moimenta da Beira pela N 226; Leomil fica perto de Moimenta da Beira e para chegar ao lugar de Lebrais atravessa-se a povoação.
Morada: Lugar do Cabeço de Lebrais, 3620-163 Leomil
Quartos
São seis quartos: o Quarto dos Moleiros, da Horta e do Moinho do Fundo, com camas duplas, e o Quarto do Souto, do Forno e das Filhas, com camas de casal, distribuídos pelos moinhos. Há também um apartamento, o do Moinho de Cima, que partilha com os quartos uma decoração simples que não poupa no conforto, com aquecimento central, casa de banho privativa, TV Cabo, telefone e Wi-fi. Recordo uma cama fofa e de lençóis estaladiços de frescos – mas confesso que o exterior é tão apelativo (pelo menos de verão) que pouca atenção se presta ao quarto.
Atmosfera
Eduardo tem todo o prazer em fazer uma “visita guiada” para mostrar como funciona todo o enquadramento ecológico dos moinhos; à nossa volta seguem cães e gatos, contentes pela companhia e mortinhos por fazerem novos amigos. Já a esposa, Marinela, prefere a “tecnologia” da gastronomia regional, cozinhando refeições a pedido dos hóspedes. As áreas comuns incluem um moinho e uma cozinha típica, grelhador e forno tradicional para os piqueniques no jardim. E para quem se aborrece no meio da natureza, Eduardo e Marinela têm na manga uma série de atividades de exploração da zona à disposição, de passeios de bicicleta a passeios de barco no Douro, assim como programas sazonais para acompanhar a produção de vinho desde as vindimas, ou o fabrico do pão à maneira tradicional.
Pequeno-almoço (café da manhã)
O pequeno-almoço, onde não faltam as compotas caseiras e o pão regional, está incluído no preço da estadia. Todas as outras refeições são feitas apenas por encomenda.
Conclusão
- Pontos fortes: local tranquilo e de uma beleza bravia, belíssima recuperação dos moinhos, combinação perfeita entre o ambiente rural e a tecnologia mais moderna de sustentabilidade energética, acolhimento caloroso.
- Pontos fracos: o único que me ocorre é que fica longe da minha casa.
- Em resumo: altamente recomendável.
- Ideal para: casais, famílias, grupos de amigos,team building para empresas.
- Preço: desde 45€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: dez. 2013