Lisbon Rooftops Guesthouse
Parei em Lisboa, acompanhado de mulher e filha, a caminho de um fim de semana primaveril em Paris. Foi nesse contexto que ficámos apenas uma noite na Lisbon Rooftops Guesthouse, uma casa tradicional lisboeta recuperada para aconchegar viajantes. E ficámos muito bem!
Saídos da Gare do Oriente, atacámos Lisboa de metro a caminho do Martim Moniz. A guesthouse fica numa calçada com fácil acesso a partir da rua Arco da Graça, íngreme quanto baste mas não o suficiente para nos fazer desistir.
Lá chegados, assim que vencemos a velha e longa escadaria de acesso à guesthouse e atravessei a porta de entrada, tive aquela sensação agradável de quem entra em casa de um velho amigo. Luís Afonso, homem do Minho – “onde a hospitalidade é uma obsessão” – e dono da Lisbon Rooftops, recebeu-nos com simpatia e sorrisos.
Luís instalou-nos no melhor dos quartos, uma suite daquelas onde os pormenores fazem a diferença, como a predominância do branco do chão ao teto entrelaçada com traves de madeira tosca e a porta de correr envidraçada a separar a casa de banho.
Lá fora, um terraço sobranceiro à capital, com uma mesinha e duas cadeiras de ferro pintadas de branco a convidar à leitura ou contemplação do pôr-do-sol, e vistas desafogadas sobre os bairros tradicionais de Lisboa, o Castelo de São Jorge, ao fundo o rio Tejo e, lá em baixo, a renovada praça do Martim Moniz.
Saímos para jantar com amigos num dos restaurantes chineses “ilegais” que pululam nas proximidades do Martim Moniz, após o que fomos descansar para o hotel. Por volta das três da manhã, ouvimos bater à porta. Era um polícia que, de ar absolutamente tranquilo, informou: “isto é uma emergência, temos de evacuar o edifício; peguem em alguns pertences e vamos descer calmamente”. Ficámos sobressaltados.
Havia um incêndio numa casa muito próxima da guesthouse, o nosso quarto estava a escassos metros do fogo e os bombeiros estavam naturalmente preocupados com a inalação de fumos por parte dos hóspedes. O curioso é que, dentro do quarto, dormíamos como anjos e nem nos apercebemos do incêndio. Não havia qualquer fumo dentro da guesthouse, porventura a provar a excelência dos isolamentos.
Esperamos na rua, em pijama, sentados na escadaria que une a calçada Nova do Colégio À rua Arco da Graça, até recebermos permissão para voltarmos ao quarto para o resto de noite. Terão passado umas duas horas. Luís acompanhou todo o processo, pedindo desculpas por algo pelo qual não tinha, naturalmente, qualquer responsabilidade.
De manhã, esperávamo-nos um pequeno-almoço delicioso sob o ténue calor dos raios de sol matinais e um Luís mais aborrecido que nós pelo sucedido horas antes. “Ninguém tem culpa; fizeram o que devia ter sido feito”, sosseguei o Luís. Pela minha parte, não era aquele episódio externo que iria afetar a excelente impressão com que fiquei da Lisbon Rooftops. Pelo contrário.
Pequeno -almoço tomado, saí para o aeroporto com a sensação de que gostaria de ter ficado mais tempo na guesthouse, partilhar um jantar com outros hóspedes e o Luís (existe uma cozinha à disposição), aproveitar a salamandra e a estante de livros numa noite de inverno, quem sabe usufruir num fim de tarde de verão do jacuzzi instalado ao ar livre, no terraço, com Lisboa a seus pés.
Se eu voltaria ao Lisbon Rooftops Guesthouse? Claro que sim – já amanhã. Porque é como a casa que eu não tenho em Lisboa e o Luís é uma pérola. Não há fogo que apague isso da memória.
Como é a Lisbon Rooftops Guesthouse?
“A Lisbon Rooftops Guesthouse é a casa que eu não tenho em Lisboa. Fica colada à muralha Fernandina, com vistas magníficas sobre a cidade e é gerida por gente especial.” Filipe Morato Gomes
Localização
A Lisbon Rooftops Guesthouse está instalada no último andar de um edifício de arquitetura pombalina, paredes meias com a Grande Muralha Fernandina, numa ladeira junto ao hospital de São José.
A partir dali, é possível caminhar até boa parte das principais atrações turísticas de Lisboa, dos bairros tradicionais da Graça e Mouraria, às zonas da Baixa / Chiado ou da Avenida da Liberdade. E, com o Metropolitano quase à porta – na praça do Martim Moniz – o acesso a qualquer área da capital está facilitado.
Morada: Calçada Nova do Colégio 21 – 3 Esq., 1150-238 Lisboa
Quartos
A guesthouse tem apenas 4 quartos com casa de banho partilhada, mais uma suite verdadeiramente agradável, onde fiquei instalado, com um terraço privativo e WC exclusivo. Os restantes quartos são mais modestos, mas ainda assim com bom gosto e requinte minimalista – espaços despretensiosos mas aconchegantes.
Atmosfera
Descomplicado. Os hóspedes da Lisbon Rooftops Gesthouse são maioritariamente estrangeiros e de faixa etária variável, pelo que o ambiente no hotel é muito eclético. Predomina a descontração, potenciada pela amabilidade do Luís. É como estar em casa rodeado de amigos ou conhecidos acabados de regressar de viagem.
Pequeno-almoço (café da manhã)
Num dia de sol, as mesas de ferro colocadas num terraço exterior são o local perfeito para iniciar o dia em Lisboa. O pequeno-almoço, esse, é variado sem exageros, e cumpre muito bem a sua função. Fruta fresca, leite, café, chá, cereais e ainda compotas, pão caseiro e bolachas fazem parte do café da manhã. Está incluído no preço.
Conclusão
- Pontos fortes: espaço despretensioso mas de grande qualidade; amabilidade do dono; vistas sobre os bairros de Lisboa; ambiente descontraído.
- Pontos fracos: escadaria pouco recomendável para hóspedes mais velhos e com dificuldade de locomoção, apesar de não haver nada a fazer quanto a isso (aguesthouseestá instalada no último piso de uma casa antiga); o wc partilhado poderá desagradar a alguns hóspedes.
- Em resumo: o Luís faz da Lisbon Rooftops Guesthouse um espaço aconchegante; entrar na sala comum da guesthouse é como chegar a casa depois de um dia de trabalho; absolutamente recomendável para hóspedes descomplicados.
- Ideal para: casais, famílias.
- Preço: desde 50€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: jun. 2013