InPatio Guesthouse, o luxo não se mede aos palmos

InPatio Guesthouse

Estava marcado para as 19h30, mas eu tinha antecipado uma maior confusão na baixa do Porto do que aquela que encontrei. Resultado: cheguei ao Pátio de São Salvador 20 minutos antes do previsto. No toque à campainha, respondeu-me uma voz ao telefone – há uma ligação direta entre campainha e telemóvel, não há que enganar. Fernando pediu-me desculpas e um compasso de espera de dez minutos. Não custou nada. Foi o tempo de apreciar o agradável Pátio interior, numa das mais nobres e históricas zonas da cidade do Porto. E dei por mim a pensar nos segredos que uma cidade que julgamos conhecer ainda encerra.

Havia passado incontáveis vezes na Rua Mouzinho da Silveira mas nunca tive curiosidade de espreitar o pitoresco pátio interior que ali se “esconde”, à vista de todos. As janelas e varandas, a roupa pendurada, um restaurante com ar acolhedor de tão pequeno. Estava entretida a imaginar o pátio na noite de São João, e logo aparecem Olga e Fernando, vestidos com genuínos e rasgados sorrisos. “Aproveitamos para ir fazer umas compras para o pequeno-almoço. Desculpe tê-la feito esperar”, pediu Olga. Ora essa, eu é que cheguei mais cedo do que o combinado.

Foi tempo, então, de conhecer os cantos à InPatio Guesthouse, e de conversar um pouco com este simpático casal que largou as químicas de que faziam profissão para mudar de vida e vivê-la a receber hóspedes de todo o mundo, a viajar nas palavras e na cultura deles.

Olga e Fernando estão a gostar muito desta experiência de receber, começada há menos de dois anos. Ficaram surpreendidos com a receção que tiveram, e aperceberam-se que a sua atividade é menos sazonal do que haviam pensado. Só têm cinco quartos. Estão muitas vezes cheios. “Foi melhor e mais rápido do que havíamos pensado”, admite Fernando. Referem-se aos excelentes comentários deixados nas centrais de reserva. Eu também os li, e avisei Olga: “Li um norte-americano a afirmar que tinha tomado o melhor pequeno-almoço do mundo. As expectativas estão altas”. Olga sorriu, e mostrou embaraço: “Até fico com medo! Quando as expectativas são demasiado elevadas, há maior risco de as defraudar”.

A minha experiência para o pequeno-almoço iria ficar para o dia seguinte. Agora, era hora de subir as escadas para espreitar os aposentos que me foram reservados. O cuidado na decoração e a qualidade dos materiais já estava patente na subida: escadas de madeira, paredes de pedra, hall escurecido com paredes de ferro e apontamentos de luz. Foram esses apontamentos que revelaram o meu quarto. Tinha à minha espera o quarto dos azulejos.

Estava numa guesthouse mas poderia estar num hotel de quatro estrelas. Tinha o mini-bar, Wi-fi e televisor satélite, teria elevador para a bagagem se dela tivesse precisado, tinha casa de banho com pavimento aquecido. Não tive um quarto muito espaçoso, mas o conforto não se mede aos metros, nem o luxo aos palmos. Dentro do quarto tive tudo o que poderia precisar. Os quartos nos pisos superiores são mais espaçoso e comportam até uma cama extra para uma criança. Para um viajante ou um casal o espaço existente é mais do que adequado.

Tal como todos os quartos da InPatio Guesthouse, os aposentos davam para o pátio interior e, depois de um duche relaxante, numa casa de banho que tem tanto de moderna como de confortável, permitiram-me uma noite repousante. Em pleno coração da cidade buliçosa.

Localização

A InPatio Guesthouse fica no pátio de São Salvador, um pátio pitoresco com acesso exclusivo pela movimentada rua Mouzinho da Silveira. Com entrada defronte ao mercado de Ferreira Borges, tem no estacionamento público do Parque do Infante a melhor solução para quem chega de carro – na receção da guesthouse poderá trocar o bilhete de estacionamento por outro com tarifas mais reduzidas. Quem chegar ao Porto de metro ou comboio só terá de descer a rua a partir da estação de S. Bento. A Ribeira e o rio Douro ficam a dois passos.

Morada: Pátio de São Salvador 22, São Nicolau, 4050-567 Porto, Portugal

Quartos

Com apenas cinco quartos, todos são decorados de forma única, sempre a homenagear os materiais de decoração e construção tipicamente portugueses. O quarto dos azulejos, o quarto da cortiça, o quarto da madeira… Eu fiquei no dos azulejos, um quarto duplo standard e primorosamente decorado. A cabeceira da cama e o tapete do quarto remetiam-me para as simetrias e os padrões típicos da azulejaria tradicional, pincelados com um toque de contemporaneidade. Tão importante como o quarto é a marcante casa de banho – e digo marcante porque é difícil não registar positivamente o impacto dos tons negros (chão e paredes cinza escuro) iluminados pela alvura dos sanitários e do cromado das canalizações. Impecável.

Atmosfera

Conforto e tranquilidade. A InPatio Guesthouse tem todos os luxos e serviços de um hotel de quatro estrelas, com o acréscimo de conhecer dois simpáticos anfitriões. É muito procurada por casais jovens, muito particularmente por franceses e nórdicos. No dia em que lá estive cruzei-me com um espanhol solitário que fez da InPatio morada durante uma semana.

Pequeno-almoço (café da manhã)

É, sem dúvida, um dos momentos altos da estadia. Quando as coisas são feitas com empenho e devoção, isso nota-se. E é isso que Olga transmite quando, a espaços largos, nos vai trazendo coisas para a mesa. O café da manhã não é buffet – “eu gosto de ser servida, imagino que os nossos hóspedes sintam o mesmo”, diz-me Olga -, é antes um festim de inspiração Olga e Fernandiana. São eles que preparam tudo. Limitam-se a perguntar preferências: café, leite, chá, capuccino, latte, leite com chocolate. Não falta nada, já percebemos. Depois, vão trazendo. No meu caso: sumo de laranja natural; travessa de frutas que contemplava maracujá, melão, uvas e morangos, com empratamento inatacável; iogurte com maçã cozida e canela; bolinhos de batata feitos pela mãe de Fernando; croissants; queijo, fiambre e paio; compotas. E pão de muitas variedades, ainda quentinho e estaladiço. Impagável.