Casas do Pátio
Sem o saber, nas Casas do Pátio experienciei algo que sempre quis: viver na Ribeira do Porto num apartamento restaurado. Posso dizer que a experiência não defraudou. Pelo contrário. As Casas do Pátio dividem-se por dois edifícios: aquele onde eu fiquei, todo restaurado, é como uma gigantesca guesthouse. Porém, ao invés de quartos temos apartamentos (aluguer de curta duração), onde o respeito pela arquitetura original é ponto de honra, o conforto (ao estilo bem moderno) uma maneira de estar e o bem receber uma arte que se cultiva com afinco. Veja-se a garrafa de vinho à espera de brindes no apartamento que dividi com mais três pessoas; a cesta, no primeiro patamar da escadaria, que costuma encher-se com “mimos” (legumes, fruta), para que cada um se sirva – assim como os panfletos turísticos, em abundância, para ajudar a compor a experiência da cidade.
Uma experiência que começa logo pelo local onde está o edifício das Casas do Pátio, em plena zona Património Mundial: de um lado miro o Mercado Ferreira Borges, do outro a Rua Mouzinho da Silveira – olho para baixo e vejo troços do rio Douro a avançar entre o casario da Ribeira. É a vantagem de um apartamento com duas frentes: estamos dentro do espírito deste Porto que floresceu do granito numa sala com parede de pedra, de um ao outro lado do edifício. Em cada lado, varandas de ferro forjado e as vozes que passam lá em baixo. Na verdade, não é tudo sala, mas é tudo open space: há um quarto que se esconde entre um biombo e uma porta-janela. Do outro lado, o espaço de estar com um sofá que se pode fazer de cama, mesa e cadeiras, televisão de ecrã plano em cima de uma arca antiga; uma porta abre para um mini-corredor; a cozinha, totalmente equipada, virada à rua, a casa de banho, interior, mistura o seu chão de madeira com a louça sanitária moderna sob luz quente. O segundo quarto, este verdadeiramente quarto, fica fora do apartamento – é a outra única porta deste andar e também pode ser acedido pela varanda.
Tem um ar acolhedor este apartamento das Casas do Pátio, com uma decoração que mistura peças antigas com outras ao estilo IKEA. Há malas a fazer de mesas baixas (e até de cabeceira), suportes de bacias feitos suportes de plantas, há cadeiras brancas e azuis com ar provençal, cama de madeira escura trabalhada ao lado de um rádio antigo e defronte a uma miríade espelhos todos diferentes. Há um ecletismo confortável, que se resume à mesa, tampo de madeira rústico que enchemos de queijos, presuntos, pão regional, vinho e delícias doces que comprámos nas várias “novas” mercearias que pululam pela zona. Dormir nas Casas do Pátio foi uma bela experiência no coração do novo Porto tradicional.
Como são as Casas do Pátio?
“Estúdios e apartamentos na Ribeira portuense para viver em pleno o pulsar da cidade no coração do seu centro histórico.” Andreia Marques Pereira
Localização
Na Baixa do Porto, aos pés da Torre dos Clérigos com o rio aos pés. Quem gosta do Porto mais tradicional não pode querer mais; quem quer explorar o Porto-feito-estrela-da-noite igualmente; e quem quer descobrir o coração do centro histórico tão pouco fica mal servido. A pé percorre-se todo esse coração portuense e o carro, que poderia ser um empecilho nesta zona, tem direito a estacionamento, incluído no preço, em parque subterrâneo quase à porta. Para quem chega de comboio, a estação de São Bento fica a cinco minutos a pé, no topo da rua Mouzinho da Silveira. Há metro, autocarros e até elétrico para a Foz bastante perto.
Morada: São Nicolau, 4050-567 Porto (Rua Doutor Sousa Viterbo 20; Pátio São Salvador 5)
Quartos
Aqui é redutor falar de um quarto apenas, fala-se de todo o apartamento. No entanto, os quartos são espaços de charme com a combinação de decoração que os tornam confortáveis – mesmo o do open space fica recolhido e oferece privacidade q.b.. As Casas do Pátio oferecem estúdios e apartamentos (nove, no total) que podem receber até oito pessoas, com todas as comodidades para estadias de curta duração – incluindo Wi-fi que funciona realmente bem.
Atmosfera
Estava cheio o edifício (com três apartamentos) e, no entanto, a tranquilidade reinava. Cruzei-me com outros hóspedes e a boa disposição e cumplicidade foram a nota dominante. Já tinha sido assim com o proprietário, que nos veio receber e fazer a apresentação do apartamento. Numa cidade que está a ver a sua capacidade hoteleira inflacionar de forma repentina, soube bem ter este contacto personalizado e simpaticamente disponível para todas as dicas sobre a cidade do Porto.
Pequeno-almoço (café da manhã)
Não inclui pequeno-almoço. Mas não faltam locais onde se podem comprar produtos tradicionais e caseiros para fazer um ótimo café da manhã.
Conclusão
- Pontos fortes: arquitetura e recuperação, decoração, localização – tudo contribui para a atmosfera; o preço.
- Pontos fracos: a única coisa que precisa de melhorar é o isolamento do chuveiro: a água pode transbordar.
- Em resumo: perfeito para quem quer passar uns dias no Porto, sentir o quotidiano da cidade e poupar algum dinheiro em refeições, por exemplo.
- Ideal para: grupos de amigos, famílias, casais.
- Preço: desde 40€ duplo · Ver preços