Imani Country House
“Isto não é o Alentejo”, pensava eu, enquanto via o céu desabar numa chuvada tropical, instantânea e intensa. Não a região onde as temperaturas de finais de junho costumam pedir sombra e piscina, nem sequer o Alentejo das extensas planícies cor de palha. Num alpendre com ares coloniais, limonada fresca na mão, o que via para lá da cortina de água era uma vegetação exuberante, enormes flores coloridas a treparem por um tronco acima, árvores de grande porte apontadas às nuvens, um relvado ensopado, que noutra ocasião seria tão apetecível para as brincadeiras das crianças que usam o baloiço pendurado num ramo robusto.
Com trovões como banda sonora, regressei a um fim de tarde semelhante, no Bornéu, e logo a seguir imaginei-me na Índia, a bebericar um Porto, retirado do honesty bar situado atrás de mim. Fui interrompida nos devaneios por Pedro, que nos vem trazer um guarda-chuva, para nos abrigarmos no nosso regresso ao quarto.
Pouco mais de meia hora tinha passado desde que chegara à Imani Country House. Aberto o portão da quinta, seguimos o caminho até ao laranjal que serve de parque de estacionamento. Foi lá que Pedro nos acolheu, transportando as malas até à suite que nos estava destinada: um quarto luminoso de tetos altos de porta aberta para uma sala com salamandra e cadeirões confortáveis. Seria suposto tomarmos aí a limonada de boas-vindas, se eu não tivesse sugerido o alpendre para apreciar o entardecer. Foi então que começou a chover…
O restaurante da Imani, o Improvável, só serve refeições nas noites de sextas e sábados. Sendo terça-feira e demasiado tarde para pedir o early dinner – saladas e snacks servidos até às 20:00 -, fomos jantar a Évora, tendo como guia a lista dos restaurante que nos foi fornecida à chegada à Imani Country House, juntamente com o mapa da cidade.
Quando regressámos, uma ovelha tresmalhada deambulava pelo laranjal, enquanto um par de corujas se desafiava num dueto noturno. Já tínhamos visto galinhas à solta a debicar na erva, um gato simpático e dois burros molhados com olhos de quem pede mimo. Estamos no campo, sem dúvida, rodeados de pomares e animais domésticos, mas também de todas as comodidades da vida moderna: televisão com leitor de DVD, frigobar bem recheado, roupões fofos, mesa e cadeiras em frente ao quarto para usufruir em noites mais amenas.
Na manhã seguinte, Sara fez-me uma breve visita guiada pela casa. Deixei os outros elementos da família na grande sala comum, divididos entre a mesa de snooker e a leitura do jornal do dia, e fui sabendo pormenores da história da Quinta de Montemuro, onde em tempos chegaram a residir 50 trabalhadores. A transformação das habitações e estábulos em ruínas neste refúgio de bom gosto é da responsabilidade dos proprietários: José Pedro Vasconcelos, ator e apresentador de TV, e a esposa Mariana Roxo. É aqui que se refugiam quando podem, até porque “a Imani nasce da necessidade de se afastarem do bulício da cidade”.
Deixei Sara para me embrenhar no bosque de cedros centenários, passando depois por árvores carregadas de fruta, hortas com curgetes e ervas aromáticas, alamedas de buxos, tufos de alfazema, tanques de água a correr. Tinha treze hectares de terreno e montado de sobro a perder de vista – agora que o nevoeiro se dissipara descobria que, afinal, isto é mesmo o Alentejo, e em todo o seu esplendor.
Como é a Imani Country House?
“Estamos no campo, rodeados de tranquilidade, pomares e animais domésticos, mas também de todas as comodidades da vida moderna”. Ana Pedrosa
Localização
Évora fica a 15 quilómetros, distância que se percorre num instante, seja para ir jantar ou para visitar o centro histórico, classificado como Património Mundial da UNESCO. O recinto megalítico dos Almendres, o maior conjunto de menires estruturados da Península Ibérica, é “vizinho” da quinta – pouco mais de um quilómetro que sabe bem percorrer a pé num passeio de fim da tarde. Mas há muito mais possibilidades para quem queira sair da Imani Country House: de cruzeiros na Barragem do Alqueva a passeios de balão sobre a planície alentejana. Como resume Sara, sobre as atividades que pode organizar a partir dali: “nada é impossível, desde que eu tenha o número de telefone”.
Morada: Quinta de Montemuro – Guadalupe, 7000-223 Évora
Quartos
Há sete quartos na Imani Country House: dois duplos e cinco suites. Todos têm ar condicionado, frigobar, internet wireless, rádio, TV, DVD, deck para iPod e telefone, além de roupões de banho e toalhas para a piscina. Com uma decoração que mistura mobiliário de marcas conhecidas com peças antigas recolhidas pelos proprietários, cada um revela uma personalidade muito própria. Há salamandras para os dias frios em cada uma das suites, e há uma mais especial, “the” suite, que tem uma banheira vitoriana.
Atmosfera
Descontração é a palavra-chave. Na Imani Country House, a não ser que façamos questão do contrário, somos tratados pelo nome próprio; apelidos e títulos académicos são deixados para trás, juntamente com o alvoroço e as preocupações. Sendo informal, o serviço é eficaz e discreto. A receção está aberta durante o dia, para o que for necessário, mas ninguém impõe a sua presença. Com duas pequenas piscinas, chaises longues na frescura do bosque de cedros, honesty bar no alpendre (onde cada um anota aquilo que bebe, pagando à saída), mesa de matraquilhos e de snooker, e muitos caminhos para deambular, os hóspedes da Imani têm muito onde se ocupar, mantendo a sua privacidade.
Pequeno-almoço (café da manhã)
Servido das 09:30 às 12:00, o horário do pequeno-almoço é ideal para quem gostar de reservar a manhã para recompor o sono. Em versão buffet há fruta fresca (melão, melancia e papaia, na altura da visita), requeijão, queijos e enchidos da região, fiambre, iogurtes, mel e doces caseiros, bem como café, leite e água quente para o chá. As outras opções são preparadas na hora, a nosso pedido: sumo de laranja natural, café expresso, bacon e ovos mexidos (dos melhores que alguma vez comi).
Conclusão
- Pontos fortes:A decoração de todos os espaços, de muito bom gosto, o serviço informal mas atento, a forma como se consegue aliar a vivência no campo ao requinte, a tranquilidade.
- Pontos fracos: Nada a assinalar.
- Em resumo: Muito recomendável, sob todos os pontos de vista.
- Ideal para: Quem goste de gozar a vida no campo sem dispensar o conforto, casais em saída romântica, celebrações de datas especiais; mas também para famílias, porque há muito onde as crianças se entreterem.
- Preço: Desde 145€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: jun. 2014