Hotel Myriad by Sana
Confesso que, quando soube ir dormir à mais recente coqueluche lisboeta, poucos dias após a sua inauguração, pensei logo num ambiente daqueles em que até se tem medo de pisar o chão.
O Hotel Myriad by Sana, de cinco estrelas, acompanha a Torre Vasco da Gama, um ícone de Lisboa, formando uma espécie de vela num gigantesco mastro de 145 metros. No entanto, assim que cruzei as discretas portas da entrada, numa noite de chuva forte, tive de engolir o preconceito. O enorme espaço – o hall de entrada é amplo e o pé direito percorre os seus 22 pisos – até poderia intimidar, mas logo alguém se disponibiliza a tornar o momento acolhedor.
A um hóspede, como era o meu caso, mas também a qualquer curioso que atravesse a entrada: chegue envergando fato e gravata ou chinelos e mochila às costas. Assim, com um sorriso ou um cumprimento e sem a cerimónia que por vezes se pode tornar tão constrangedora – mas com um profissionalismo à prova de bala –, o hall do hotel depressa se transforma em ponto de encontro. Já eu, ainda antes do jantar (e mesmo com o tempo chuvoso), não resisti a me estender pelos sofás dispostos ao longo do varandim que circunda o Hotel Myriad e mais parece o convés de um navio-cruzeiro.
Comi sozinha – o que se poderia ter tornado aborrecido -, mas o jantar foi sendo animado pelo funcionário do restaurante que parecia saber tanto dos pratos que me colocava à frente como o próprio chef que os idealizara. A sugerida pintada (ou galinha-d’Angola) recheada com pezinhos de coentrada provou aquilo a que o restaurante se propõe: servir uma cozinha genuína e despretensiosa, apesar de o bom gosto ser visível em todo e qualquer detalhe.
Findo o repasto e ainda sem sono, acabei por me sentar no bar à conversa com os funcionários. Foi o suficiente para perceber que ali todos sabem bem o que estão a fazer. Por exemplo, quem estava atrás do bar, onde é visível a colecção de conhaques, de vodkas ou de gins, não estava ali apenas a servir copos; parecia conhecer de trás para a frente a história de cada garrafa.
Depois de uma mui agradável aula sobre espumantes e licores, era tempo de recolher, no caso a uma suite em que tudo, como em qualquer outro quarto do hotel, parece levar os olhos para o rio. A zona mais pequena é mesmo a destinada ao dormir, com uma cama ultraconfortável, em que me agradou a atenção dada às roupas e às almofadas – o sono, confirmo, foi retemperador.
No dia a seguir, aliás, o difícil foi sair da cama. É que os quartos são de facto muito acolhedores, dando vontade de nos deixarmos ficar, quer entre os lençóis, quer pelo sofá, percorrendo as páginas de um livro com o rio como companhia. Mas a agenda do dia era irresistível: passar o resto da manhã no spa que, situado no último piso, tem uma das melhores vistas sobre o rio e sobre a cidade.
Depois de uma experiência de 24 horas, para mim o Myriad hotel deve ser posto na lista de como qualquer cinco estrelas deveria ser. Com profissionais de excelência em todos os departamentos, desde o check-in ao serviço de quartos, o hotel mostra-se refinado mas honesto, luxuoso mas acolhedor.
Como é o Hotel Myriad By Sana?
“Um miradouro sobre o Tejo, onde luxo e simpatia dão as mãos para formar um ambiente descontraído e, simultaneamente, cosmopolita.” Carla B. Ribeiro
Localização
O Myriad é um privilegiado. Tem como companhia a Torre Vasco da Gama, além de estar ligado directamente a um centro de reuniões. À distância de uma curtíssima caminhada, consegue-se estar no centro do Parque das Nações. A partir da Gare do Oriente, situada em frente ao Centro Comercial Vasco da Gama, chega-se facilmente a todo o lado: é servida pelo Metropolitano de Lisboa (linha vermelha), por comboios e autocarros.
Morada: Cais das Naus, Lote 2.21.01, Parque das Nações,1990-173 Lisboa
Quartos
Num hotel que foi idealizado com os olhos postos no mar, como me chegou a contar o arquitecto responsável pelo projecto, até as camas de todos os 186 quartos, sem excepção, estão posicionadas de forma a que a linha de água seja a primeira coisa que se vê ao acordar. Na suite em que fiquei, o espaço é dividido entre uma pequena zona de dormir, uma desafogada sala de estar e um quarto de vestir com casa de banho incluída: a banheira, tamanho XXL, integra a zona central, estando o WC e o duche instalados em pequenas divisórias. O roupeiro incluído é capaz de albergar o conteúdo de uma mala de viagem bem recheada e, não podia deixar de ser, os amenities oferecidos condizem com o luxo e vão desde o comum gel de banho ao kit de tratamento de sapatos. Ao contrário de muitos hotéis em que o quarto parece servir apenas para dormir ou pôr algum trabalho em dia, no Myriad os aposentos são dos espaços mais agradáveis para se estar.
Atmosfera
Pelo Hotel Myriad by Sana cruzam-se homens de negócios, casais em lua-de-mel, estrangeiros em férias. Mas não só. Além dos hóspedes, é comum receber gente que vai apenas para um chá a meio da tarde, jantar ou beber um copo. Por isso, o ambiente consegue ser muito ecléctico. O serviço é formal, mas sem exageros. E não é preciso preocuparmo-nos em ter sempre alguém ali ao lado, qual sombra, à espera que emitamos um qualquer pedido.
Pequeno-almoço (café da manhã)
O difícil é escolher. Há panquecas ainda quentinhas e croissants estaladiços para acompanhar com compotas caseiras; pão de várias formas e composições, mas sempre fresco; bolos e bolinhos de vários sabores. Já os ovos, chegam à mesa acabados de estrelar ou mexer, com os ingredientes desejados. O pequeno-almoço está incluído no preço.
Conclusão
- Pontos fortes: localização, vista sobre o rio, bom gosto e serviço irrepreensível.
- Pontos fracos: nada de relevante.
- Em resumo: absolutamente recomendável.
- Ideal para: empresários e casais; para beber um copo, muito recomendável para um pequeno grupo de amigos.
- Preço: desde 179€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: nov. 2012