Convento de São Saturnino
A primeira vez foi de sonho. Dormir em conventos era um ideal de menino e moço, adiado para as calendas gregas, sempre à espera da melhor altura para o tão almejado retiro. Soubera da existência de São Saturnino por uma amiga de olho clínico e de sortidos caros – é sempre por amigos que nos chegam os conselhos mais recomendáveis -, da existência de um lugar sagrado nas faldas da serra de Sintra e de varandas escarrapachadas sobre os areais do Guincho, terras da minha perdição infanto-juvenil. A sagração tanto podia chegar na primavera, a mais aconselhada para gozar das lareiras e da piscina numa mesma incursão, como em qualquer altura do ano.
Quando enfim chegou a companhia ideal, e este é um lugar para se ir muito bem acompanhado, fiz o que se deve fazer se se abrem as portas de lugares assim. Guardei o relógio no bolso, desmarquei todos os compromissos inadiáveis, entreguei os gatos e o cão à confiança de ternas mãos e parti, eu e a minha companhia, para uns gloriosos dias de enamoramento com o melhor que pode haver na vida segundo o meu cânone de eterno apaixonado.
Ali, além da paz serrana, do aconchego do silêncio entrecruzado apenas pelos silvos do vento ou o eco das ondas pela frente e do denso arvoredo à retaguarda, nada mais havia para perturbar a proposta de retiro. Apenas uma penada de quartos, na conta certa do negócio inteligente, espalhados com elegância pela casa principal e os anexos nos socalcos do jardim. Nessa primeira visita no Convento de São Saturnino escolhi o quarto vermelho, das pequenas janelas viradas a sul e ao mar, de peitoris de laje, de chão de pedra marmoreada, tudo arrumado num alinho cozy. O amor, se estivesse murcho, logo medraria ao entrar naquele reduto disposto para fazer das suas pelo êxtase de casais vitimizados pela doença dos quotidianos tristes.
Foram cinco dias e cinco noites a celebrar o melhor que a vida pode ter na forma hoteleira. Da cozinha bafejada por mãos hábeis e anónimas a recriar as delícias de Cápua, em particular os pratos de peixe trazido todas as manhãs da lota vizinha. São Saturnino passou desde então a fazer parte da agenda do amor, quando o amor precisa de ser reinventado em caráter de urgência. Fui conhecendo outros quartos, outras formas de ver o lugar e as encostas. Fui alternando estações e seguindo o princípio do grande mestre Saramago de que “o fim de uma viagem é apenas o começo doutra”. De que “é preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já”. A São Saturnino voltará sempre, através dos tempos, de onde nunca chegou a partir.
Como é o Convento de São Saturnino?
“É um dos tesouros mais bem guardados da serra de Sintra e de janelas abertas sobre o Atlântico. O lugar mais indicado para os viciados no romantismo.” Tiago Salazar
Localização
O Convento de São Saturnino situa-se na localidade da Azóia, terra do Cabo da Roca – o lugar mais Ocidental do Continente Europeu -, Sintra, Portugal.
Do Aeroporto de Lisboa até à Azóia. Siga a estrada 2ª Circular em direção a Sintra e Eixo Norte-Sul até ao desvio para A5 Cascais. Siga sempre as indicações A5 CASCAIS e percorra toda a autoestrada nessa mesma direção até chegar ao fim, onde deverá encostar à direita para sair na direção Malveira da Serra / Aldeia de Juzo. Quando chegar à Malveira, siga Colares / Cabo da Roca até chegar ao desvio para a Azóia.
Da Azóia até ao Convento. Quando chegar ao desvio da estrada principal para a localidade da Azóia, siga por aí e vire na 2ª à esquerda. Contorne o Moinho (Bar) e vire depois na primeira à esquerda. O Convento de São Saturnino fica em baixo, no vale.
Morada: Azóia, Colares, 2705-001 Azóia
Quartos
O Convento de São Saturnino tem um total de seis quartos e três suites e ainda uma “Casa da Luz” independente, disponível com cozinha. A tónica é de tetos em caixotão, camas com dossel, móveis e quadros de família, com cada um dos quartos de caráter próprio e charme particular.
Atmosfera
As palavras que ocorrem são tranquilidade, lhaneza, pacatez, ócio. Tudo concorre, dos quartos, à mobília, da culinária à biblioteca, da paisagem ao trato para que se passem em São Saturnino momentos memoráveis e nos tornemos clientes regulares.
Pequeno-almoço (café da manhã)
O pequeno-almoço do Convento de São Saturnino é um dos seus fortes. É preparado na hora e conta com leite, café, chás, ovos, muesli, cereais, tostas, compotas, mel e manteiga. Está incluído no preço.
Conclusão
- Pontos fortes: localização esplêndida e secreta nas encostas da Serra de Sintra; ambiente descontraído e sociável; qualidade do atendimento.
- Pontos fracos: nada de relevante.
- Em resumo: absolutamente recomendável, especialmente para românticos incuráveis.
- Ideal para: casais.
- Preço: desde 120€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: jun. 2013