Hotel Mestre de Avis
Há algo iniludível neste Hotel Mestre de Avis, duas estrelas bem no centro de Guimarães, integrado no território classificado pela UNESCO. E esse algo é a excelente relação qualidade-preço. É um dois estrelas a fazer inveja a muitos três estrelas. E um nível de serviço que não se encontra em qualquer hotel – veja-se a vontade tardia de comer algo e, mesmo sem serviço de quarto, me terem sido servidas umas tostas mistas no quarto.
É verdade que o quarto não foi o que vi nas fotografias que servem de imagem ao hotel. Era mais pequeno e não tão charmoso. A desilusão, que houve, acabou por se refrear quando me habituei e até encontrei algum encanto na vista – para as traseiras de Guimarães.
É um hotel pequeno, este Mestre de Avis, ligado a D. João I porque está na rua homónima, homenagem da cidade ao rei que depois da vitória em Aljubarrota veio a Guimarães agradecer a Nossa Senhora da Oliveira a intervenção na batalha. Mas há uma curiosidade histórico-literária neste prédio, de fachada harmoniosa, onde se sucedem um entrepiso, um piso de varandas de ferro pintado de branco e mansarda. Encaixado num continuum de outros edifícios à face da rua que compõem a malha urbana, este pertenceu à mulher de Raul Brandão, Maria Angelina, que com o marido escreveu “Portugal Pequenino”. Agora recebe hóspedes que transpõem a porta central, coroada com uma meia-volta e flanqueada por dois candeeiros de ferro forjado, para um átrio pequeno que faz as vezes de receção, balcão aninhado ao lado da escadaria.
Não dei por qualquer ligação do Hotel Mestre de Avis ao passado literário, mas encontrei inesperadas peças de arte. Esculturas e pinturas, na escadaria (anódina, como se de um prédio se tratasse) e na pequena sala em que ela se alarga, no entrepiso, em pequeno refúgio longe das principais zonas comuns. Estas são no rés-do-chão, uma de cada lado da receção, em simetria refletida na fachada. Para um lado, o bar; para o outro, a sala de pequenos-almoços, decoração de estilo moderno entre paredes de granito – de ambas, vista para as ruas que confluem em frente do hotel.
Percorri as duas várias vezes, porque ambas caminham em direção ao Toural. A praça do pedaço de pano da muralha onde se inscreveu o “Aqui nasceu Portugal” foi a minha porta de entrada para deambulações pelo coração histórico de Guimarães e além. A cada regresso ao hotel, encontrei sempre o bar bem composto – não com hóspedes, com “vizinhos”. Era como se fosse o café da zona, trazendo o quotidiano da cidade para dentro do Hotel Mestre de Avis: mais uma forma de estar bem imbricada no centro da vida vimaranense.
Como é o Hotel Mestre de Avis?
“É despretensioso, mas convém não o subvalorizar. Como dois estrelas, faz sombra a muitos três estrelas e a sua relação qualidade-preço é (quase) imbatível.” Andreia Marques Pereira
Localização
Está no centro de Guimarães, dentro do perímetro definido pela UNESCO como património da humanidade, mas com a distância que permite usufruí-lo sem sermos massacrados pelo seu lado menos prático (trânsito condicionado, barulho extra…). Havendo estacionamento para o carro – o hotel tem apenas dois lugares, o resto depende do movimento – ele pode ficar a descansar, porque caminhando chegamos a qualquer lado na cidade.
Morada: Rua D. João I 36-44, 4810-422 Guimarães, Portugal
Quartos
São 16 os quartos no Hotel Mestre de Avis, duplos ou twin nas versões standard, superior ou deluxe. O que me calhou, twin standard, era pequeno – mas estava limpo, era confortável q.b. e tinha uma casa de banho moderna. O aquecimento no quarto do hotel funcionava bem, a televisão nem por isso.
Atmosfera
Não é um hotel muito propício a convívios. Curiosamente, mais facilmente atrai a vizinhança ao seu bar do que propriamente hóspedes – estes vêm pelo Wi-fi gratuito. No rés-do-chão, o bar e a sala de pequenos-almoços apresentam-se com contraste entre as paredes antigas e o mobiliário moderno; os restantes espaços comuns são um tanto ou quanto incaracterísticos.
Pequeno-almoço (café da manhã)
O café da manhã não está incluído no preço, logo decidi não o reservar. Os cinco euros que custa fazem com que valha a pena tomar fora e em Guimarães não há falta de escolha.
Conclusão
- Pontos fortes: localização, relação qualidade-preço.
- Pontos fracos: falta de estacionamento e de elevador; Wi-fi pago nos quartos; pequeno-almoço não incluído.
- Em resumo: boa opção para conhecer Guimarães desde dentro.
- Ideal para: casais.
- Preço: desde 32€ duplo · Ver preços