Estalagem do Convento
Era para ser uma noite apenas em Óbidos, mas a pequena vila (e a sua ginjinha) fez das suas. O grupo, vários estrangeiros entre nós, ficou rendido à primeira caminhada pelas ruelas de empedrado desirmanado (e traiçoeiro) e à noite estava decidido – ficaríamos um dia mais. Eu contente da vida, que não me canso de Óbidos. Só houve um problema, facilmente previsível, ou não estivéssemos em agosto: o Hotel Estalagem do Convento estava esgotado. Mas nem isso foi obstáculo (na verdade, mudámos para um turismo de habitação em frente ao hotel).
Porém, no início de tudo foi o Hotel Estalagem do Convento que escolhemos após busca na internet. Não me defraudou, tão pouco me encheu as medidas e isso pelo quarto que me calhou: se uns criticaram o espaço exíguo, eu lamentei o espaço exagerado. Pode dizer-se que me queixo de barriga cheia. Se calhar. De qualquer forma, há que reconhecer que não passei muito tempo no quarto. Na verdade, nem no hotel. Afinal, estava a dois passos (custosos, a subir) de uma das portas da muralha de Óbidos e aqui é mesmo a vila com a sua atmosfera medieval a estrela incontornável. Não importa que seja para mim e para milhares de outros turistas.
Óbidos tem espaço para todos e é possível perdermo-nos em ruelas e becos vazios de gente e cheios de encanto, com o branco imaculado das casas manchado pelos vasos, floreiras e trepadeiras carregados de cores tão saturadas que ainda ecoam na minha memória. Mesmo as mil lojas de artesanato e souvenirs que invadem as ruas principais de Óbidos parecem ter um outro encanto aqui – e às vezes têm mesmo, com conceitos inesperados. Conquistar o castelo é algo que faço naturalmente e gosto de seguir o pano da muralha ou descobrir pequenas praças ou esquinas onde a máquina fotográfica não se cansa de disparar tal a perfeição encantada conjurada.
O Hotel Estalagem do Convento prolonga perfeitamente a atmosfera antiga que encontramos na vila. Começa no edifício, monolítico, à face da rua, branco com lista amarela: o rés-do-chão com janelas que são quase fendas horizontais, o primeiro andar com enormes janelas de guilhotina. É imponente, ou não fosse originalmente um convento oitocentista. E é-o fora e dentro, por vezes, mas com um ambiente acolhedor. As salas têm um discreto charme antigo, elegante e confortável, a arquitetura varia entre a austeridade monástica (no caminho para o meu quarto aligeirada pelo amarelo forte das paredes) e o aconchego de tetos baixos e grandes traves de madeira.
Quando pensava que o dia tinha terminado e o quarto me esperava, o fado, ao vivo, que saía de um bar ao lado do hotel para ecoar na rua, fez-me (fez-nos) prolongar o serão. E ainda bem, a música e as últimas ginjinhas foram o culminar perfeito do dia. Em vila tradicional e em hotel que lhe assenta na perfeição.
Como é a Estalagem do Convento?
“À porta da muralha, o hotel ajuda a prolongar a viagem no tempo que Óbidos proporciona. O seu charme antigo combina na perfeição com a atmosfera da vila.” Andreia Marques Pereira
Localização
Ao lado da muralha, o Hotel Estalagem do Convento está literalmente às portas de Óbidos: uma delas abre-se aqui. E a partir daí a pequena vila está ao alcance dos nossos passos, que podem transformar-se em caminhadas para percorrer todos os seus recantos. Se no início queria ficar dentro das muralhas, devo confessar que a localização do hotel acabou por ser uma das melhores surpresas.
Morada: Dom João D’Ornelas, 2510-074 Óbidos
Quartos
O Hotel Estalagem do Convento tem 27 quartos e quatro suites. Alguns são antigas celas – daí o espaço exíguo -, há standards superiores (o meu) e suites. Do meu quarto já referi que o tamanho me pareceu exagerado, sobretudo se o confrontar com a economia (e austeridade) do mobiliário. O espaço vazio entre a cama e a parede em frente fez-me sentir um pouco perdida e o chão de tijoleira é uma embirração pessoal porque me rouba a sensação de conforto. De qualquer forma, se no verão ainda é tolerável, no inverno imaginamos que será um pouco frio. Gostei da janela que dava para o pátio interior – mas como estava num dos cantos, o resto do quarto ficava um pouco na penumbra.
Atmosfera
No dia que passamos no Hotel Estalagem do Convento e, apesar de estar esgotado, não nos cruzamos com muita gente. O que será compreensível porque, como nós, os outros hóspedes deveriam estar a descobrir Óbidos. Gostei porém da sucessão de espaços que se vão abrindo. O conforto acolhedor é visível no bar – o teto de traves de madeira que, com o balcão, uma peça pesada com aplicações de latão a desenhar caprichos elaboradas, me faziam lembrar um qualquer pub inglês dentro de uma sala mais clássica. Em contraponto, a sala do capítulo feita restaurante, com colunas feitas de vários pilares a suportar arcadas e a enorme lareira evocam uma solenidade formal. O pátio interior do hotel oscila entre recantos e a esplanada óbvia, mas é bom para relaxar.
Pequeno-almoço (café da manhã)
É um café da manhã com variedade q.b., mas sem extravagâncias. Na medida justa, portanto.O pequeno-almoço está incluído na diária.
Conclusão
- Pontos fortes: localização ao lado das muralhas de Óbidos, o charme intemporal.
- Pontos fracos: falta de estacionamento, Wi-fi apenas em espaços comuns, quartos um pouco espartanos.
- Em resumo: para quem quer conhecer ou revisitar Óbidos e imbuir-se na atmosfera da vila é um bom sítio. Mesmo em relação à falta de estacionamento, este é mais fácil de encontrar deste lado das muralhas sem ter de caminhar muito a carregar malas.
- Ideal para: casais e famílias.
- Preço: desde 50€ duplo · Ver preços