Casas do Côro
Os casais às vezes separam-se, é a vida (não vou aqui contar a minha, estejam descansados), mas nem todos têm a possibilidade de sair de casa e passar a primeira noite do resto do seu futuro num dos mais distintos turismos de aldeia portugueses. Eu também não tenho, diga-se, mas calhou-me uma profissão que aqui e ali me obriga a viver acima das minhas possibilidades e nesse dia quis a agenda que fosse dormir às Casas do Côro, na aldeia de Marialva, lá para os lados de Mêda, terra longe de tudo e de quase todos, encravada entre e o Douro e as Beiras.
Uma aldeia história, construções de pedra e castelo perfeitinho a fazer-se ao postal que Carmen e Paulo Romão ajudaram a recolocar no mapa, quando há uns bons anos compraram e recuperaram uma série de casas (abandonadas). Mantiveram a traça original e transformaram-nas num turismo de aldeia, com decoração e serviços próximos, ou próprios, de um hotel algures entre as quatro e as cinco estrelas.
É o casal quem me recebe, sorriso e um dos cinco filhos pela mão, como se para alcançar a felicidade bastasse aplicar a regra dos três simples. Fazem-me uma visita guiada pelas casas, mostram-me o restaurante onde mais tarde jantaremos, a piscina onde passarei a tarde a tirar apontamentos e apontam para um deck de madeira com seis camas, no topo da propriedade. “Pode dormir ali, se quiser. É uma experiência que propomos aos hóspedes nas noites de verão”. A sério? “A sério”, dizem em coro.
Não consigo resistir a um hotel que manda os hóspedes para a rua, já o terei dito algures. Dormi ao relento, claro está. Dormi com as estrelas, dormi bem, obrigado, dormi como se não houvesse manhã. Mas houve. Uma manhã com banho quente no conforto da suite, um pequeno-almoço com produtos caseiros e um passeio de barco entre o Pocinho e o Pinhão, por entre amêndoas de Torre de Moncorvo e vinho do Porto (é um dos vários programas disponíveis, não pense que foi criado só para mim).
Um copo apenas, que estava na hora de voltar à estrada. À realidade. Despeço-me da Carmen e do Paulo, do Douro e das Beiras e regresso a Lisboa, ainda a tempo de ir ver uma casa para alugar. Há turismos rurais e hotéis que servem para isto, que nasceram para isto, para suspender a vida por umas horas, por uns dias, por uma noite, mesmo que tudo não passe de uma cara, breve e burguesa ilusão.
Como são as Casas do Côro?
“Há hotéis que servem para isto, que nasceram para isto, para suspender a vida por umas horas, por uns dias, por uma noite.” João Ferreira Oliveira
Localização
As Casas do Côro ficam em Marialva (concelho de Mêda, distrito da Guarda), a meio caminho entre e o Douro Superior e a Beira Interior. Um conjunto de dez habitações instaladas bem no topo desta aldeia histórica com pouco mais de 200 habitantes, junto ao castelo, ponto de partida ideal para um passeio pela região.
Morada: Largo do Coro, 6430-081 Marialva
Quartos
Há várias casas que apenas podem ser alugadas na totalidade – com cozinha totalmente equipadas, ideais para grupos de amigos ou famílias -, mas também é possível optar apenas por um quarto. A casa principal, batizada de Casa do Côro, funciona como um pequeno hotel de charme, dispondo de quatro quartos de casal, um quarto individual e uma suite junior. Todos com aquecimento central, casa de banho privativa e vista sobre o casario da aldeia. A Suite dos Bogalhais é a mais recente joia da coroa. Uma casa ecológica, em madeira, colocada por entre a vegetação. Aconselhável para (duas) pessoas verdadeiramente enamoradas.
Atmosfera
Aqui respira-se tranquilidade. A unidade tira partido da localização e arquitetura locais, à base de pedra. Há vários espaços comuns, mas também muito espaço, por isso os hóspedes dificilmente se atropelam. A decoração é contemporânea, requintada e, apesar de um ou outro pormenor mais discutível, não faz os hóspedes sentirem-se como um elefante numa loja de porcelana. Há também uma loja (Loja do Côro) com produtos regionais à venda – do vinho à compota, passando por produtos artesanais.
Pequeno-almoço (café da manhã)
Do sumo de laranja às compotas, do pão aos ovos, os sabores são quase todos caseiros. O café da manhã está incluído na diária.
Conclusão
- Pontos fortes: localização, serviços e ajuda na recuperação e preservação do património.
- Pontos fracos: localização – aquilo que para uns pode ser uma vantagem, para outros pode ser uma canseira, pois será sempre uma grande viagem para a maioria dos hóspedes.
- Em resumo: um sítio perfeito para todos aqueles que querem fugir dos grandes centros, celebrar o património luso e beneficiar de serviços de qualidade.
- Ideal para: casais, famílias.
- Preço: desde 110€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: out. 2011