Casa das Penhas Douradas
Ouvi dizer, que eu não sou bom a inventar, que há duas formas de conhecer um destino: quando lá se vive ou quando lá se regressa. Eu vivi quatro anos na Covilhã (vivi mesmo, não estudei), fui um sem número de vezes à serra, a da Estrela, claro, passei dias, tarde e noites no antigo Sanatório (diz que agora é uma Pousada), subi à torre por todos os lados possíveis e imaginários, fiz snowboard, scuboard, piqueniques, passeios e outras coisas que tal, mas só fiquei verdadeiramente a conhecê-la quando lá voltei. Quando fiquei alojado na Casa das Penhas Douradas.
Não que a casa condense tudo o que de bom tem a serra, que um viajante mais ou menos experimentado sabe que nenhum hotel é capaz de meter o mundo dentro de portas, mas porque a Casa das Penhas Douradas organizava (ainda organiza, acabei de confirmar) uns passeios, percursos pedestres é assim que se diz, que mandavam precisamente os hóspedes para a rua. Para o coração da serra.
Alguns minutos, horas depois, a mais de 1.500 metros de altitude, sentado numa pedra junto a uma pequena lagoa de origem glaciar, a ouvir o canto das cigarras e dos grilos, olhos nos olhos com sapos e rãs minúsculas a quem tiro do charco, perante um horizonte onde se avista o Zêzere e se sente o Mondego, percebo, por fim, que não conhecia aquela Estrela.
Que a minha serra, a nossa Serra, em maiúsculas agora, que ela merece, se apresentava mais bela e desconhecida do que nunca, mostrando que nem só o branco vestido de inverno lhe assenta bem. Era Primavera ou Outono, não sei ao certo, sei que o dia, ou serra, talvez fosse a serra a refletir no dia, estava verde como só visto.
Regresso ao hotel, pés moídos, sorriso parvo na cara, direto à piscina interior, depois à sauna e ala que se faz tarde para o jantar. Não me recordo do que comi, não vale a pena inventar, mas estava bom, isso lembro-me, e é possível que agora seja ainda melhor, pois é o conceituado chefe Luís Baena quem elabora o menu. Depois peguei num DVD, todos os quartos têm leitor de DVD, deitei-me na cama a ver um filme, um bom filme, e dormi que nem um menino, luz e televisão ligada.
“Espero que tenha gostado”, pergunta-me o dono, João como eu, à saída. Gostei muito. “Tem que cá voltar”. Tenho que lá voltar, tenho, agora que penso nisso.
Como é a Casa das Penhas Douradas?
“Situada a 1.500 metros de altitude, naquele que já foi considerado o local mais saudável de Portugal, a Casa das Penhas Douradas é um sítio de excelência para ver e viver Serra da Estrela.” João Ferreira Oliveira
Localização
Chegar à Casa das Penhas Douradas é simples, ainda que não seja necessariamente perto para a maioria dos hóspedes. Manteigas é o primeiro destino a procurar no mapa ou a colocar no GPS. Depois é só subir, subir, subir, até uma das mais bonitas encostas do Parque Natural da Serra da Estrela e eis a Casa das Penhas Douradas, instalada a 1.500 metros de altitude. Está longe de qualquer rebuliço ou ruído e é um dos bons pontos de partida (ou de chegada) para explorar a serra.
Morada: Penhas Douradas, 6260-200 Manteigas
Quartos
A casa é composta por 17 quartos e uma suite. As tipologias são distintas, mas em comum têm o conforto e a vista sobre a serra. A suite, no topo da casa, tem a mais privilegiada de todas elas. Tendo possibilidades, vale a pena o investimento. É composta por um quarto de grandes dimensões revestido a bétula nas paredes e no teto, criando assim uma atmosfera quente e intimista, tem ainda uma área de leitura e biblioteca, área de trabalho e área de estar com sofás de repouso. Espaço mais do que perfeito para descanso, reflexão ou mesmo trabalho criativo.
Atmosfera
Ambiente recatado, mas relaxado. Assume-se como um hotel design, mas não é demasiado minimalista e o conforto nunca é sacrificado em detrimento da decoração. A madeira está presente em várias partes da casa, o que empresta uma sensação de reconforto e certa aura familiar, algo que cai sempre bem quando se está a mais de 1.500 metros de altitude e num dos locais mais frios do país. A arquitetura é outra das suas imagens de marca, inspirado nos chalets serranos e em materiais naturais como a cortiça, que reveste e isola exteriormente um dos edifícios.
Pequeno-almoço (café da manhã)
O pequeno-almoço é buffet do ovo ao sumo natural, passando pelos doces caseiros não falta nada. Na verdade, aqui não é preciso comer tudo logo pela manhã (ou guardar nos bolsos), já que ao longo do dia está disponível um buffet com sortido de chás e infusões, chocolate quente, café Nespresso, fruta em fruteira, sumos naturais, iogurtes frescos, águas diversas, bolo à fatia ou torta a meio da tarde…
Conclusão
- Pontos fortes: localização, conforto e qualidade dos serviços.
- Pontos fracos: depois de uma remodelação em 2010, o número de quartos cresceu para os atuais 18. Talvez a serra peça mais algum intimismo.
- Em resumo: não haverá muitos locais tão bons para quem quiser conhecer a Serra da Estrela.
- Ideal para: casais de todas as idades.
- Preço: desde 105€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: dez. 2011