Casa da Matriz – Ponta Delgada
Segui à risca a indicação que recebi, por sms, quando fiz a reserva do quarto através do Booking. Ligar para um numero de telemóvel assim que me estivesse a abeirar da Casa da Matriz, bem no centro da cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, Açores. Eu liguei ainda antes disso. O check-in seria depois das 12:00, e ainda era manhã cedo. Mas eu precisava de saber se seria possível passar pela Casa da Matriz e deixar na recepção a minha mala. Tinha uma entrevista à minha espera, e reparei que o Largo do Colégio era ali perto – não teria de andar com a pequena mala atrás de mim. Atendeu-me Roberto Couto, solícito. Claro que sim. Era só dar-lhe um toque para o telemóvel quando estivesse a chegar. Que raio, pensei eu. E porque não tocar à campainha? Não ia para um hostel?
Roberto Couto não é daqueles empresários que sempre sonhou ser hoteleiro. Aliás, nunca tinha sequer pesando nisso, até chegar ao dia em que viu a rua António José D’Almeida repleta de turistas. Eram às centenas, provenientes de um cruzeiro que tinha acabado de os largar ali, nas “portas do mar”. “Cheguei a achar que me bastaria ter um isqueiro ou um porta-chaves para lhes vender”, brincou. Mas viu ali uma oportunidade de montar um negócio e, quem sabe, criar empregos. E nisso já estava a falar muito a sério.
A Casa da Matriz surgiu assim, de uma vontade férrea e de uma série de coincidências. O casarão que lhe dá corpo foi uma casa de família, mas estava devoluta há pouco tempo. O pai de Roberto tem experiência na construção civil e o sócio de Roberto em planos de negócio e recuperação de empresas. Em seis meses (ou, em linguagem de cronómetro de projeto e construção, num abrir e fechar de olhos), a Casa da Matriz abria as portas aos primeiro hóspedes. A minha vez chegou tinha a unidade hoteleira pouco mais de dois meses. E pode dizer-se que foi uma boa surpresa.
Não há nenhuma indicação, do lado da rua, que aquela casa de portadas altas é a casa onde vou dormir. Faço a tal chamada para Roberto e ele aparece num ápice. Fá-lo por cortesia, porque instalou tecnologia que lhe permite não ter de aparecer. Mostra-me o quarto, a casa, os recantos, o terraço. Eu estava com pressa, combinamos reencontro à tarde. Conversamos longamente na sala – Roberto é um bom conversador, está habituado a conhecer gente, é um surfista treinado em ver chegar aos Açores praticantes de todo o mundo. Só não tem na hotelaria a sua prioridade. Ou não tinha. Que os dois primeiros meses da casa da Matriz já o convenceram que vale a pena avançar com outro projeto imobiliário, não muito longe dali, para dez apartamentos turísticos – “Mas agora com recepção e tudo”, garante.
Não haver recepção pode ser um defeito – ou uma virtude. De uma boa recepção, eu espero encontrar conselhos, dicas de restaurantes, indicações. Roberto deu-mos todos. Não tê-la pode dar a ilusão que estamos a entrar na casa de um amigo, ou na nossa casa de férias. A ideia que nos deixa é a de que temos privacidade total. E isso pode ser muito apreciado.
A Casa da Matriz é, pois, a casa que muitos gostariam de ter, no centro de Ponta Delgada. Eu, “pecadora” amante de centros históricos e casas com charme me confesso: pés direitos gigantes, portadas enormes, cozinha pequena mas operacional, sala minimalista e confortável, quartos espaçosos e chuveiros quentes e de pressão adequada. Perfeita para quem viaja com crianças pequenas, ou em família ou pequenos grupos de amigos. Eu estava mesmo em versão viajante solitário e também não me senti nada desenquadrada.
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Como é a Casa da Matriz – Ponta Delgada?
“É a casa que muitos gostariam de ter, no centro de Ponta Delgada. Eu, ‘pecadora’ amante de centros históricos e casas com charme me confesso: pés direitos gigantes, portadas enormes, cozinha pequena mas operacional, sala minimalista e confortável, quartos espaçosos e chuveiros quentes e de pressão adequada”. Luísa Pinto
Localização
De uma Igreja Matriz espera-se centralidade. De uma casa junto à Igreja Matriz, nada menos do que essa mesma centralidade. A Casa da Matriz fica num troço pedonal, na Rua António José D’Almeida, bem pertinho daquele que deve ser um dos espaços comerciais mais amistosos e surpreendentes da cidade: o Louvre Michaelense, que se apresenta como uma mercearia do mundo. Por estar no centro do centro fica perto de tudo. Das Portas do Mar, onde chegam os navios de cruzeiro e há animações que baste, do mercado municipal e das suas irresistíveis experiências, do Teatro Micaelense e das lojas tradicionais.
Morada: Rua António José D’Almeida 22, 9500-053 Ponta Delgada – Açores
Quartos
A Casa da Matriz disponibiliza cinco quartos, todos diferentes, para diferentes gostos e necessidades. Há duas suites com casa de banho privativa e outros quartos com casa de banho partilhada. Um dos quartos tem varanda e terraço, e há outros dois que, de tão grandes e espaçosos, incluem salas de estar – que bem podem receber, em caso de necessidade, um berço ou uma cama extra para uma criança. Todos eles decorados com simplicidade e grande dose de conforto.
Atmosfera
Nos dois dias em que deambulei pela Casa da Matriz deparei-me com poucos hóspedes, pelo que não deu para apreciar (nem adivinhar) de que conversas se encheria o confortável sofá da sala ou os balcões altos que, à saída da cozinha, convidam a dois dedos de treta enquanto se toma um café ou um chá. Dá para antecipar que, tal como no me caso, a Casa da Matriz seja oportunamente usada para quem está em trânsito pela cidade, entre ilhas e aeroportos. Roberto Couto, o proprietário, confirmou que a rotação é grande. Mas a verdade é que a casa está preparada – e bem preparada – para acomodar com conforto estadias prolongadas.
Pequeno-almoço (café da manhã)
Não está previsto, nem incluído, na estadia. A cozinha que faz a serventia à casa está equipada, e permite aos mais incautos ganhar tempo bebericando uma chávena de chá – Gorreana, pois claro – antes de ir às compras. De qualquer maneira, o Louvre Michaelense fica ao lado, e há outra padarias e cafés nas redondezas também.
Conclusão
- Pontos fortes:A localização, a decoração, a funcionalidade, o conforto.
- Pontos fracos: quem procura um alojamento na expectativa de conhecer pessoas, aqui pode defraudar-se. É que na Casa da Matriz é possível não conhecer ninguém. A porta da rua abre com um controlo remoto, ativado por um telefonema. e a chave dia quarto estará na porta. Eu, que gosto e conhecer gente, acho um ponto fraco não haver recepção. Mas, admito que para outros este pode ser, até, um ponto forte.
- Em resumo: Perfeito para quem procura um quarto, ou uma casa inteira, bem equipada, no centro da cidade.
- Ideal para: famílias, grupos de amigos, viajantes individuais.
- Preço: desde 110€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: mar. 2016