Bairro Alto Hotel
“Boa tarde, Sr. Morato”. Assim fui recebido no exterior do Bairro Alto Hotel, à porta, ainda antes de abrir a boca para o que quer que fosse. Lá dentro, um e outro funcionário repetiram o tratamento, como se estivessem todos de plantão unicamente à minha espera. Fiquei boquiaberto – quem não se sente especial ao ser tratado com tamanha deferência?
É essa uma preocupação assumida do Bairro Alto Hotel, como tive oportunidade de verificar sempre que passei pela área de entrada e ouvi a forma atenciosa como os hóspedes eram tratados: “O seu quarto já está pronto, mas convido-o a aceitar uma bebida de boas-vindas no nosso bar”, disse um funcionário para um distinto senhor acabado de chegar. “Vou recomendar a toda a gente, vocês têm o melhor hotel de Lisboa”, ouvi da boca de um casal francês prestes a abandonar o hotel.
Estava dado o mote para uma estadia a todos os níveis superlativa. Na receção, fui recebido por Nuno que, com simpatia e eficiência, completou os procedimentos de check-in em menos de nada. Faltava muito para a hora em que era suposto subir ao quarto mas, uma vez que estava disponível, não colocaram qualquer entrave a que me instalasse desde logo (bravo!). Paulo, outro jovem simpático e profissional, acompanhou-me à suite que me fora destinada, no terceiro piso, fazendo questão de transportar a minha parca bagagem mesmo após eu insistir que não era de todo necessário.
Era uma suite inacreditavelmente espaçosa. Logo à entrada, uma antecâmara com roupeiros e máquina de café. À direita, uma casa de banho luxuosa. Adiante, uma sala de estar com sofás, televisão e uma mesa de apoio onde havia uma pequena garrafa de vidro com vinho do porto e uns bombons de boas-vindas. Só depois, um quarto gigantesco com uma cama king size, uma escrivaninha para trabalhar, uma chaise lounge e, como bónus, vista para a Praça Luís de Camões que permaneceu silenciosa por detrás de uns janelões tão grandes quanto eficientes. Ao fundo da cama, não pude deixar de reparar numa magnífica mala de viagem antiga – parecida com uma que tenho em casa – que complementava a decoração.
Instalei-me, fiz uso da escrivaninha para escrevinhar durante a tarde, entrecortando a escrita com viagens ao muito agradável bar no terraço do hotel (Terraço BA) para aprecias as vistas ou, estando a chuva miudinha a marcar presença, com passagens pela porta do hotel para ficar à conversa com o simpaticíssimo Wilson, respeitável mestre-de-cerimónias brasileiro, oriundo de Minas Gerais, há muitos anos a viver em Portugal.
Mais tarde saí para o jantar e, quando regressei ao hotel, o quarto tinha sido preparado para a noite: as cortinas black out estavam corridas e na cama repousava um simpático cartão de boas noites. Um serviço impecável, não intrusivo e silencioso, a todos os níveis brilhante. Dormi até mais tarde do que imaginava, e isso já diz tudo sobre a qualidade do sono, dos lençóis, das almofadas, da insonorização, da eficiência dos black out.
Pequeno-almoço tomado, tive ainda tempo de utilizar o centro de negócios a meu bel-prazer, incluindo um computador onde me foi permitido fazer algumas impressões de que necessitava. Nunca fui “incomodado” no trabalho, exceto quando uma funcionária me veio perguntar se desejava beber alguma coisa. Uma vez mais, serviço discreto mas atento.
Antes de me despedir do atenciosíssimo staff do Bairro Alto Hotel, fiz ainda um último teste: pedir uma recomendação para almoçar nas redondezas. Dado o elevado poder aquisitivo dos hóspedes tradicionais do hotel, estava preparado para ouvir recomendações seguramente maravilhosas mas inacessíveis à minha carteira mas, uma vez mais, fui surpreendido. E assim, minutos depois, estava a degustar um delicioso prato de gastronomia portuguesa contemporânea no restaurante Stasha, um espaço que não conhecia e do qual só posso dizer bem. Na mouche!
Foi, portanto, uma estadia sem mácula. Até sempre Nuno, Paulo, Wilson e todo o staff que faz do Bairro Alto Hotel um lugar tão especial. Mais do que as maravilhosas suites e serviços de luxo de um boutique hotel no coração do Chiado, é dos seus profissionais que me vou lembrar!
Como é o Bairro Alto Hotel?
“Um boutique hotel de extremo bom gosto e fino trato, com staff incrivelmente atento e profissional, bem no coração do Chiado.” Filipe Morato Gomes
Localização
O Bairro Alto Hotel fica num edifício imponente em pleno Largo de Camões (nome coloquial dado à Praça de Luís de Camões), no coração do Chiado, a zona de comércio local por excelência. A dois passos estão a Baixa de Lisboa e o Cais do Sodré, o Bairro Alto e o Príncipe Real. É difícil pedir uma localização mais central, a não ser que por algum motivo se pretenda ficar mesmo na zona do Rossio.
Morada: Praça Luis de Camões 2, 1200-243 Lisboa
Quartos
O Bairro Alto Hotel é um boutique hotel que dispõe de 55 quartos de seis categorias diferentes (suite, prestige, deluxe, superior, mansarda e single) com vista para o Largo de Camões e Bairro Alto, para a Rua das Flores ou para a Rua do Alecrim. Não tive oportunidade de conhecer todas as tipologias mas, a avaliar pelo cuidado que o hotel põe em tudo o que faz, deverão ser tão boas – embora mais pequenas – quanto a maravilhosa suite que me foi destinada.
A minha suite era, na verdade, um daqueles lugares onde não se deve ir sozinho. Acolhedora. Enorme e luxuosa. Tinha uma antecâmara com roupeiros e máquina de café Nespresso, uma sala de estar com sofás a pensar no descanso após um dia a visitar Lisboa ou em reuniões de trabalho, uma casa de banho espaçosa com uma banheira de pés antiga e janelões a deixar entrar muita luz natural, e o quarto propriamente dito que, de tão grande, parecia um salão de baile.
Achei também surpreendente a escolha das tonalidades pastel da suite, com apontamentos a fugir para uma agradável cor de tijolo, bem longe dos padrões formais de muitos hotéis de luxo.
De resto, as almofadas – de penas e fibras naturais antialérgicas – são excelentes, mas existe ainda um menu de almofadas, com opções de almofadas “jet lag“, “relaxante” e “borboleta”. O barulho da rua poderia ser um problema – o Largo Camões tem gente e movimento até altas horas da noite -, mas a insonorização providenciada pelas janelas duplas é total. Mesmo.
Atmosfera
Respira-se luxo e exclusividade. É verdade que o requinte do hotel exige algum formalismo (no trajar, por exemplo), mas não notei aqueles exageros que por vezes me irritam. Pelo contrário. Estava aliás à espera de encontrar principalmente casais reformados mas, pelo que me foi dado a perceber, os hóspedes do Bairro Alto Hotel pareceram-me surpreendentemente heterogéneos em termos de faixa etária, de proveniência e no tipo de turismo (tanto lazer como de negócios).
Pequeno-almoço (café da manhã)
Pequeno-almoço à altura de um hotel de luxo: tábua de queixos e charcutaria, boa fruta, sumos naturais e os habituais ovos mexidos, e ainda várias opções quentes a contento dos hóspedes anglo-saxónicos. Tinha tudo o que um boutique hotel de cinco estrelas pode proporcionar, numa sala que poderia porventura ser mais ampla.
O Bairro Alto Hotel dispõe de outro espaço de restauração, denominado Café-Bar BA. Tem decoração vibrante e trendy, e uma mesa em forma de estrela pensada para a socialização. Fica no piso térreo do hotel.
Conclusão
- Pontos fortes: personalização da estadia; staff ultra profissional e bem formado; qualidade dos aposentos; o Terraço BA
- Pontos fracos: a rede Wi-Fi do hotel poderia ser menos intermitente.
- Em resumo: numa palavra, qualidade. Seguramente, um dos melhores cinco estrelas de Lisboa
- Ideal para: casais com poder de compra, executivos em viagens de negócios.
- Preço: desde 150€ duplo · Ver preços
- Insígnia: The Leading Hotels of the World
- Data da estadia: fev. 2014