4 Rooms
A ideia era tão simples quanto isto: proporcionar aos hóspedes aquilo que mais gostaria de ter encontrado nos muitos Bed & Breakfast em que entrou pelo mundo fora. Mas “isto”, afinal, pode ser menos simples do que parece, se o autor da frase for António D., um consultor da Foz do Porto com muitos quilómetros e muitas viagens no currículo. E sobretudo, com muitas experiências e contactos com o mundo do design e os seus mais reputados autores.
Foi António quem se lembrou de abrir aquele que é o primeiro projeto de Turismo de habitação da cidade do Porto. Teve aquela ideia simples, misturou-lhe vários conceitos, rodeou-se dos mais reconhecidos nomes e peças para resolver cada detalhe, e abriu as portas à 4 Rooms, um pequeno oásis de luxo e sofisticação numa das zonas mais emblemáticas e pitorescas da cidade do Porto.
Contra marés e tendências, a 4 Rooms fica afastada das concentrações turísticas que, por esta altura, têm a Baixa da cidade do Porto como palco. Está, antes, discretamente inserida no casco histórico da chamada Foz Velha, misturada com o velho casario classificado como património municipal. Quem lhe passa à porta, e atenta na simplicidade do traçado, não suspeitará o que encerra o seu interior. É um turismo de habitação que permite uma “visita personalizada” ao que de melhor se faz na escola de arquitetura do Porto.
Visitar a 4 Rooms poderia ser parecido com uma visita a um museu de arquitetura e design. O projeto de arquitetura é de Souto Moura, as peças de mobiliário também. No vasto rol de nomes de arquitetos que ali foram chamados à “decoração” incluem-se os de Siza Vieira, Philippe Starck, Nuno Brandão Costa, Alvar Aalto e Arne Jacobsen, e designers como Stefano Giovannoni, Adrian Gardère, Busk ou Herzog. Mas a 4 Rooms não é um museu nem tampouco tem aquele ar de não toque que pode estragar.
Aqui pude esparramar-me no colchão, experimentar os sofás, ligar o Imac de 27 polegadas para ver televisão (ou usá-lo como desktop com internet), usufruir da dock station para o Ipod ou fazer um chá na máquina Lavazza. Pude usar a tecnologia e abusar da domótica colocada ao serviço do hóspede – imperdíveis, as experiências de, no Sky Loft, deitados na cama, abrir no teto a janela que nos mostra as estrelas, ou, no Garden Loft, ver uma parede transformar-se em mesa de escritório. Podia usar o roupão e os chinelos mas, na verdade, o que mais me apetecia até era andar descalça, já que o piso, em marmorite, tem aquecimento radiante. Qualquer um poderá reparar em todos estes detalhes e procurar mais e mais pormenores, reconhecer assinaturas. Ou então, simplesmente, fazer como eu fiz, despida a capa de jornalista em trabalho: simplesmente usufruir da casa e do seu conforto. Irrepreensível.
Como é a 4 Rooms?
“Se uma casa pode ser como um livro, uma peça de design, uma obra digna de museu, então, esta também pode ser: uma obra de autor. É uma casa com assinatura, onde a qualidade do serviço é quem mais ordena.” Luísa Pinto
Localização
Em plena Foz Velha, nas suas ruas estreitas que, aos desconhecidos, poderão parecer labirínticas, este Turismo de Habitação é um achado para quem se quer perder no coração de uma cidade e sentir o ambiente de bairro. Fica a 15 minutos de autocarro do centro do Porto e a uns metros a pé de uma das zonas mais bonitas da cidade: o ponto em que as águas revoltas do rio Douro se atiram para as ondas do Atlântico.
E depois é só escolher qual dos lados mais panorâmicos para fazer uma caminhada: se pelo rio acima, até o cais da Ribeira, se marginal atlântica fora, até à esplanada do Castelo, em Matosinhos.
Morada: Rua do Padre Luis Cabral,1015, 4150-464 Porto
Quartos
Respeitando a traça original da casa (que, por aquela altura, se construíam pequenas e estreitas), este B&B dispõe apenas 4 quartos mas oferece em detalhe e qualidade aquilo que se viu obrigado a poupar em área. Souto Moura fez, digamos assim, alguns milagres, porque acredito que ninguém se queixará que quartos de 13 e de 15 metros quadrados sejam “apertados”. Cabe lá tudo, e com requinte. Nem que tenha sido preciso (como foi) criar de raiz enormes portas pivotantes, com mais de 60 quilos.
O Duplo N (virado a norte) e o Duplo S (virado a sul) ficam no primeiro andar da casa. Os outros dois quartos, os loft, são bem mais espaçosos. O Garden Loft fica, tal como o nome indica, no jardim. Tem acesso privativo e é o mais tecnológico de todos: não havia outra forma de escurecer um lugar que, de dia, é um autêntico “jardim de inverno”. O maior de todos, o Sky Loft, não fica no edifício principal, mas sim do outro lado da rua. Foi o quarto em que pernoitei e onde pude apreciar as estrelas, deitada numa cama fofa com lençóis de algodão mais-do-que-confortáveis.
Quem gosta de um bom chuveiro, como eu, não encontra essa opção no Sky Loft. A espaçosa casa de banho é perfeita para quem procura uma hidromassagem. Quem gosta mais de chuveiro, deve dar preferência ao Garden Loft.
Atmosfera
Luxo e sofisticação. Todos os detalhes foram pensados cuidada e demoradamente. Para que o cliente não tenha de pensar em nada. E sinta os “mimos” que se espalham por todo o lado – por exemplo, no bolo caseiro que, de diferentes sabores, está à disposição todos os dias. É muito procurada por casais europeus e americanos e, também, por executivos de grandes multinacionais que preferem a 4 Rooms a hotéis tradicionais e ali se alojam, repetidamente, quando visitam a cidade do Porto.
Pequeno-almoço (café da manhã)
Todos os dias é diferente. E todos os dias é uma surpresa. O horário é combinado de véspera (para garantir o pão fresco e estaladiço) e o serviço é da responsabilidade do reputado chef Pedro Lemos, que tem o seu restaurante do outro lado da rua.
No dia em que visitei a 4 Rooms fui presenteada com um sumo natural de maçã e uma bandeja com kiwi, maracujá e mirtilos; uma omeleta de ovos caseiros e queijo sem glúten, um iogurte com frutos vermelhos e um bolo de limão.
Conclusão
- Pontos fortes: o luxo acessível, o cuidado na decoração, a localização (para uns pode ser ponto fraco; na minha opinião é um ponto forte)
- Pontos fracos: não é fácil encontrar pontos fracos numa casa onde tudo foi pensado ao detalhe. Eu não encontrei.
- Em resumo: absolutamente recomendável.
- Ideal para: apreciadores de design e de um serviço sofisticado, cuidado e irrepreensível.
- Preço: desde 86€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: mar. 2014