Monte da Galrixa
A poucos quilómetros da vila de São Teotónio, concelho de Odemira, fica o Monte da Galrixa, formado pelas típicas casinhas térreas caiadas de branco com barras azuis, onde parece que o tempo parou. Talvez seja um exagero dizê-lo, uma vez que a visão da piscina e respetivo relvado nos transportam rapidamente para os dias de hoje. Rodeada de sobreiros, medronheiros e oliveiras, esta apetecível porção de água salgada que dá tanta frescura quando o calor aperta fica bem no centro do casario, proporcionando momentos familiares inesquecíveis.
Foi no Monte da Galrixa que o meu filho fez a sua primeira viagem aquática a cavalo numa boia amarela. Aliás, está tudo milimetricamente pensado para a família. A piscina tem uma vedação com uma portinhola – que deve ser mantida fechada pelos adultos, não vá o diabo tecê-las.
Depois deste momento Kodak convém dizer que fomos – em família – dar um passeio até à horta. Pessoas que vivem em grandes centros urbanos – que é o meu caso – sabem valorizar uma estrada de terra batida ladeada por flores silvestres, principalmente quando o filho de um ano e meio acabou de dar os primeiros passos para a vida. O nosso destino é um colorido pedaço de terra de onde brotam todo o tipo de produtos biológicos.
José Luís Vasques, o anfitrião, desde logo nos incitou a tirar o que precisássemos para fazer uma salada ou um arrozinho de tomate. E não há dúvida – mesmo que caia no reino dos clichés – que uma salada com legumes acabados de sair da terra tem outro sabor. Seguimos para a zona de criação, onde os animais vivem quase em liberdade, num espaço desafogado. Vemos de perto ovelhas, cabras, coelhos, perus, patos e galinhas. As mesmas que puseram os ovos que comemos mexidos ao pequeno-almoço. Para não falar da burra que, pela fresca, é atrelada à carroça e leva a passear as crianças pelo campo fora. Demos uma vista de olhos ao lago que, em vez de cisnes, tem gaivotas a pedal, ideais para se tentar a sorte numa pescaria de achigã. Confesso que nós preferimos rumar à vizinha praia da Zambujeira do Mar e dar um mergulho no mar.
À noitinha soube bem voltar ao Monte da Galrixa e fugir daquele bulício próprio das vilórias costeiras no pino do verão. Não se ouvia vivalma, só o som próprio da tranquilidade campestre. A casinha – kitchenette, sala, quarto e casa de banho – serviu bem o seu propósito de mostrar que a simplicidade é afinal um valor incalculável. A televisão LCD nem sequer foi posta a funcionar, preferi mil vezes ficar no pequeno terraço à frente da casa à procura de estrelas cadentes na companhia de uma mini e de um pires de tremoços.
Como é o Monte da Galrixa?
“Não há nada como valorizar as coisas simples da vida. Passar um fim de semana no Monte da Galrixa é fazer essa caminhada até ao país da infância, onde sem grandes luxos conseguimos ser infinitamente felizes.” Maria João Veloso
Localização
A sete quilómetros da Zambujeira do Mar, o Monte da Galrixa fica na vizinhança da vila alentejana de São Teotónio, numa encosta virada para o Atlântico. Daqui poderá chegar facilmente de carro às praias da Zambujeira, Carvalhal, Odeceixe, Almograve entre outras, mas também ir para o interior e descobrir os encantos de Odemira.
Morada: Lugar de João Frio – Zambujeira do Mar, 7630-000 São Teotónio
Quartos
São dez apartamentos – sala com kitchenette, quarto e casa de banho – e três quartos duplos. A decoração é campestre, a condizer com o casario. Colchas floridas e mobiliário meio tosco, o que lhe confere um certo encanto. Nas paredes há pequenos quadros de tecido que podem puxar o padrão das colchas ou não. Sóbrias, limpíssimas e despretensiosas, as acomodações mostram que a simplicidade é também um luxo em vias de extinção.
Atmosfera
A meia dúzia de quilómetros do oceano Atlântico, no Monte da Galrixa cheira a campo e o tempo passa devagar. Que o digam os miúdos quando, à tardinha, são levados pelo hortelão numa burra atrelada a uma carroça num inesquecível passeio pelo campo. Na banda sonora os grilos rivalizam com as cigarras a ver quem canta mais alto. Aqui dá-se um obrigatório regresso às raízes.
Pequeno-almoço (café da manhã)
No Monte da Galrixa, o pequeno-almoço tem a particularidade de ter tudo o que o proprietário José Luís Vasques gosta de tomar na primeira refeição da manhã. Nota-se que os ovos mexidos são das galinhas de campo e que os doces de tomate e curgete servidos na hora foram feitos com amor. O pão evidentemente que era alentejano, assim como o queijo de cabra, absolutamente delicioso. O sumo de laranja natural foi “roubado” ao laranjal do Algarve.
Conclusão
- Pontos fortes: ficar no meio do campo e estar simultaneamente a meia dúzia de quilómetros da Zambujeira do Mar
- Pontos fracos: nada a assinalar
- Em resumo: recomendável para famílias descontraídas e desembaraçadas para quem o essencial não se remete ao luxo e à sofisticação.
- Ideal para: casais, famílias, amantes da natureza, apreciadores de produtos biológicos acabados de colher.
- Preço: desde 70€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: jul. 2013