Valverde Hotel
Há muitos e bons hotéis de cinco estrelas em Lisboa. E a Avenida da Liberdade deve ser aquela onde existem mais unidades por metro quadrado. O Valverde Hotel, uma pequena unidade de 25 quartos, é isso mesmo: um hotel de cinco estrelas que fica na Avenida da Liberdade. Mas não é, garantidamente, apenas mais um hotel. Aberto em setembro de 2014, depois de dois anos de obras de restauro e recuperação do magnífico edifício do século XIX que chegou a ser propriedade da Lanidor (a marca de vestuário que para ali projectou uma unidade de alojamento, bem pertinho do local onde tinha a sua loja bandeira), o hotel está agora nas mãos de um empresário que abriu as portas aos turistas há pouco mais de um ano.
A propriedade será, seguramente, o que menos importa. Só acho importante falar disso porque, mesmo que indiretamente, está relacionada com aquilo que sentimos naquele espaço. Na verdade, não sentimos que é um hotel – nem mesmo quando temos alguém à porta a desejar as boas vindas. O que sentimos no Valverde é que estamos a entrar numa espécie de casa alargada, um espaço particular que se expande para receber hóspedes e permitir que usufruam do ambiente e conforto. O Valverde Hotel é uma townhouse, pensado à imagem e semelhança daquelas que fazem o deleite dos hóspedes em cidades como Londres e Nova Iorque.
Há quartos de várias tipologias e todos com ambientes e decoração distintiva. Como denominador comum têm os materiais e acabamentos de primeiríssima qualidade, uma atenção no detalhe e um foco no serviço. Não falta nada, mesmo que, aparentemente, não sobre espaço O hotel não tem spa interno nem oferece serviços de beleza – mas tem um protocolo com o vizinho Eduardo Beauté, um famoso cabeleireiro de Lisboa, que permite aos hóspedes aceder a qualquer tratamento.
Os quartos – afinal, a principal razão que nos leva a escolher um hotel – são muito confortáveis. Mesmo o meu, que era o mais pequeno de todos e não tinha mais dois que 20 metros quadrados, conseguiu não ser apertado. Tampouco me faltou nada. Mas o que me apaixonou mesmo foi o pequeno terraço interior que visionei quando espreitei na janela.
O meu quarto não tinha vista para a Avenida da Liberdade (apenas algumas suites o tem), e estávamos avisados que a janela devolveria os telhados de Lisboa. Mas quais telhados? O que me encantou foi virar a cabeça para baixo e, do alto do quinto andar, ver alinhadas e (desta vez) muito pouco frequentadas cadeiras, sofás, mobiliário de vários tamanhos e feitios, numa decoração cuidada e com um ambiente fresco, que, inexplicavelmente, tornavam o pátio apelativo ainda que estivéssemos em pleno Inverno.
Acabei por frequentá-lo várias vezes e, apesar disso, falhei o momento “chá das cinco”. E se há conceito que se adequa àquele terraço é este: chá, scones acabados de sair do forno, conversas para estender até à hora do jantar, deixar o chá substituir o álcool, experimentar um cocktail de autor, jantar e assistir a um espetáculo. Pátio multifacetado, este, com o acréscimo de nos presentear com uma pequena piscina com água aquecida. Ainda hoje me pergunto porque estaria naquele dia vazia. Quem nunca desejou experimentar a chuva cair pelo rosto enquanto está mergulhado numa piscina de água quente? O Valverde Hotel é, garantidamente, um dos melhores sítios para o fazer em plena Avenida da Liberdade.
Como é o Valverde Hotel?
“Uma townhouse no coração da Avenida da Liberdade que é uma casa onde todos se sentem bem.” Luísa Pinto
Localização
Há quem diga que é a melhor, ou a mais importante avenida da cidade de Lisboa, e quem sou eu para contrariar. A verdade é que é uma avenida escolhida pelas marcas de luxo mais relevantes para nela abrirem portas. E que é uma artéria central, que liga o Marquês do Pombal à Praça dos Restauradores, numa espécie de Champs Elyseés alfacinhos, que todos deveriam visitar. Tem táxis praticamente à porta, e uma estação de metro a escassas centenas de metros.
Morada: Avenida da Liberdade 164, Santo António, 1250-146 Lisboa, Portugal
Quartos
O Valverde Hotel tem 25 quartos e suites, cuja localização em cada um dos seis andares do hotel em muito contribuiu para a sua descrição e tipologias. As suites principais ficam no sexto piso e ora permitem vista desafogada para os telhados de Lisboa e Castelo de São Jorge, ora para a Avenida da Liberdade. Para além destas há as suites júnior (com colete) e os quartos deluxe, todos com vista para a Avenida da Liberdade, e depois os quartos clássicos e os Mini, com vista para o Páteo interior. A dimensão dos quartos vai dos 55 metros quadrados das suites até aos escassos 20 metros quadrados do quarto Mini. Pois foi mesmo num destes que fiquei e, apesar da versão compacta, o quarto em nada desilude no que ao conforto e o luxo diz respeito
Atmosfera
Luxo não é sinónimo de ostentação. No caso do Valverde é, pelo contrario, sinónimo de discrição e tranquilidade. É, sobretudo, um ambiente acolhedor aquele que se sente no hotel. Muito procurado por norte-americanos, não é de espantar que o staff raramente se lembre de começar em português uma primeira abordagem com o hóspede. Mas, seja em que língua for, a verdade é que dão resposta pronta a qualquer pedido ou necessidade.
Pequeno-almoço (café da manhã)
Servido no Restaurante e Bar “Sítio”, virado para o acolhedor pátio exterior, o pequeno-almoço tem tudo o que não podia faltar num serviço de cinco estrelas: pão, laticínios, chás, café, sumo, fruta laminada, queijos. Os alimentos não abundam pela variedade – no dia em que pernoitamos tinha apenas dois tipos de pão – mas distinguem-se, e bem, pela qualidade. A parte dos quentes é confecionada a pedido, e o que posso dizer é que dificilmente me vou esquecer dos magníficos ovos Benedict com que responderam ao meu pedido.
Conclusão
- Pontos fortes: o ambiente discreto e confortável, o bom gosto da decoração, a misturar o moderno com o vintage; o serviço prestado.
- Pontos fracos: nada de relevante.
- Em resumo: perfeito para quem procura luxo e mordomias num sitio central da cidade.
- Ideal para: casais, viajantes individuais, pequenos grupos.
- Preço: desde 280€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: dez. 2015