Tivoli Palácio de Seteais
As coisas boas que nos acontecem merecem que as descrevamos para que fiquem sempre frescas na memória. A primeira vez que fiquei no Palácio de Seteais tinha voltado aos Maias, obra de Eça de Queiroz, por achar que escreveria melhor se tivesse na mesa-de-cabeceira escritores maiores. Nem por um momento me lembrei que havia um capítulo inteiro dedicado ao palácio. À noite, já deitada numa lindíssima cama estilo D. Maria, dou por mim em Seteais, em pleno século XIX, pela mão do escritor. Escusado será dizer que a emoção foi tremenda e fiquei com a sensação que não haverá melhor hotel para ler este livro que o Tivoli Palácio de Seteais.
As paredes do quarto eram azul-bebé e pareceram absolutamente repousantes, depois do lauto jantar no restaurante panorâmico do hotel. Um risoto de vieiras e camarão com espargos de chorar por mais, seguido de umas peras cozidas em Porto Tawny com sorvete de canela. Tudo muito “da nossa terra”, da região, assim como as queijadinhas de Sintra que amavelmente me deixaram em cima da cómoda de época, para acompanhar um porto de honra.
O quarto do hotel Tivoli Palácio de Seteais está dotado de todos os confortos do século XXI, sem isso interferir no charme próprio do palácio.Até dispõe de uma oportuna máquina Nespresso para quem, ao invés de dormir, preferir – como eu – ler Os Maias de uma só assentada.
Antes de entrar no vale dos lençóis passeei pelos interiores do hotel, detive-me nos frescos do salão nobre, do bar e do restaurante, embalada pela música de um velho piano Steinway com direito a pianista. Não me lembro a quem pertencia a sonata, mas sei que condizia perfeitamente com esta atmosfera literária e cinematográfica que o espaço cria. Ajudou que durante a estadia no hotel Tivoli Palácio de Seteais me tivessem informado que estive alojada num dos cenários de “Mistérios de Lisboa”, do chileno Raoul Ruiz.
Outra singularidade deste hotel é o facto de quer a fachada, quer as traseiras ostentarem vistas surpreendentes. Debaixo do arco triunfal vê-se o Palácio da Pena, do outro lado avista-se o oceano Atlântico e, com um pequeno esforço, consigo até encontrar na paisagem verde o Convento de Mafra, que inspirou José Saramago.
Dali não é só a paisagem que surpreende, mas também um labiríntico jardim que puxa pelo nosso lado mais infantil e onde apetece jogar às escondidas. Mandado erigir em 1787, o Palácio de Seteais, hoje hotel Tivoli, podia nas calmas figurar da lista de monumentos a visitar no “Éden Glorioso” de Lord Byron.
Como é o Tivoli Palácio de Seteais?
“Além da carga literária, o Palácio de Seteais faz parte integrante da história da misteriosa vila encantada.” Maria João Veloso
Localização
O Tivoli Palácio de Seteais fica já na serra de Sintra, a três quilómetros do centro da vila e a 30 do Aeroporto de Lisboa. Fica também pertíssimo do Parque de Monserrate e da Quinta da Regaleira, cuja visita é um prolongamento da estadia em Seteais. Qualquer um dos passeios é uma autêntica viagem. Ir a pé até ao Palácio da Pena exigirá mais esforço, por isso o melhor é usar o carro.
Morada: Rua Barbosa do Bocage 8, 2710-517 Sintra
Quartos
Decorados com tapeçarias e frescos de outras épocas, os quartos do Tivoli Palácio de Seteais estão ainda guarnecidos com móveis D. José, D. Maria e estilo Império. A antiguidade do mobiliário – recentemente restaurado pela Fundação Ricardo Espírito Santo – não significa camas a ranger e madeiras antigas a dar estalinhos. Ali dorme-se o sono dos justos e a banda sonora é mesmo a da própria Natureza.
Atmosfera
Envolvido pela Serra de Sintra e debruçado no azul do Oceano Atlântico, o Palácio de Seteais é um hotel cinematográfico. Não é à toa que, durante anos, o jardim à frente da fachada foi palco de um belíssimo Festival de Bailado. Para juntar aos atrativos da vila romântica, o hotel lançou o conceito “experiências”, onde qualquer hóspede nós pode recuar até ao século XVIII e fazer um passeio de charrete como se embarcasse numa viagem no tempo. Os aventureiros podem ainda fazer passeios de sidecar ou dar uma volta de helicóptero, que sobrevoa o Cabo da Roca e proporciona vistas únicas.
Pequeno-almoço (café da manhã)
O pequeno-almoço do hotel é servido no restaurante panorâmico com a mesma pompa e circunstância, entre as 8:00 e as 11:00. A mim apeteceu-me pedi-lo no quarto. O sumo de laranja não ficou menos natural por causa disso e os pãezinhos e croissants souberam ainda melhor. Foi a primeira vez que tomei um pequeno-almoço no quarto e é uma sensação indescritível. Está incluído na diária.
Conclusão
- Pontos fortes: a conservação, os frescos e o requinte da gastronomia.
- Pontos fracos: nada de relevante.
- Em resumo: um hotel quase museu, perfeito para quem quiser passar um par de dias a desbravar os mistérios de Sintra.
- Ideal para: casais em primeira e segunda lua-de-mel (terapêutico para casamentos à beira da rutura).
- Preço: desde 160€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: out. 2011