Pousada de Beja – São Francisco
A paragem em Beja nem estava prevista. Vinha do Algarve e a ideia era seguir diretamente para Lisboa, mas o chamamento de Alentejo é forte mesmo quando fazem 40 graus à sombra – não tenho a certeza, é possível que até fossem mais. Estava calor, muito calor. Era agosto e não se via vivalma nas ruas, parecia que todos os bejenses tinham ido de férias. E se calhar tinham mesmo.
Não tinha feito reserva e resolvi arriscar e ver se havia disponibilidade na Pousada de São Francisco, no centro histórico de Beja. Havia 2 ou 3 quartos livres. De cada vez que entro numa destas pousadas históricas sinto-me uma privilegiada. E o edifício de Beja é realmente majestoso. Um convento franciscano do século XIII, exemplo impressionante da arquitetura religiosa gótica.
Feito o check-in e satisfeita com a hospitalidade e simpatia alentejanas, dei uma volta pela pousada. É surpreendente como com o que calor que fazia lá fora, ali dentro cheguei a sentir um fresco nas costas. Espaços amplos, tetos altos em abóbada, longos e largos corredores, salões com frescos no teto e paredes brancas, sempre brancas. Na antiga nave central do convento há umas pinturas, modernas, nas paredes, mas confesso que lhes dei um segundo olhar. Sofás foram colocados, julgo que para convidar a apreciar as obras, tal como num museu, mas já só pensava na piscina da pousada que tinha vislumbrado através de uma janela.
Durante esta pequena volta pela Pousada de Beja não me cruzei com ninguém, o que é estranho tendo em conta que o hotel estava praticamente cheio. Boa parte dos hóspedes gente estava estendida nas espreguiçadeiras amarelas sob o sol inclemente do Baixo Alentejo. E que mais haveria para fazer em Beja, num sábado às 16;00 em pleno mês de agosto? Juntei-me a eles à volta da piscina. Não fosse o ruído de fundo do ar condicionado ou lá o que era, o silêncio seria completo.
A piscina tem um bom tamanho – e há outra para as crianças -, há jardins ao redor e algumas mesas e cadeiras debaixo de uma latada que oferece proteção do sol. Acho que deverá ser o mais próximo de um oásis que podemos encontrar por aquelas bandas da planície alentejana. Quando o sol já estava menos matador, segui o conselho de um jovem casal de brasileiros, de Goiânia – que já tinha apurado junto da moça da receção tudo o que se poderia fazer por ali -, e subi a torre da igreja da pousada para espreitar a vista.
Saí para dar uma volta e procurar um sítio para jantar. Foi uma tarefa difícil e já estava arrependida de não ter ficado para jantar na pousada (onde habitualmente se come muito bem). Tudo estava fechado para férias. Lembrei-me de uma piada que já ouvira a alguém: “Se queres comer bem em Beja, vai a Serpa!”. Mas não me apetecia fazer os 28 quilómetros até Serpa, onde, é sabido, se come muitíssimo bem. Arrisquei no primeiro restaurante que encontrei aberto – e que cá para mim deveria mesmo ser o único. E estavam bem boas as migas com carne de porco preto.
Como é a Pousada de Beja?
“Um reduto de calma e frescura no meio da vasta planície alentejana. Espaços amplos, uma boa piscina e o charme de um convento do século XII garantem uma estadia para recordar.” Cláudia Silveira
Localização
A Pousada de Beja – São Francisco fica bem no centro histórico de Beja. A uma pequena caminhada estão os principais pontos de interesse para um turista na cidade: o Convento de Nossa Senhora da Conceição, onde a freira Mariana Alcoforado escreveu as célebres cartas ao soldado francês por quem se apaixonou, com a sua capela rococó e que alberga o Museu Rainha Dona Leonor; a Igreja de Santo Amaro, com um pequeno núcleo arqueológico com os únicos vestígios que restam do período anterior à ocupação árabe; e o Castelo de Beja, construído no século XIV pelo rei D. Dinis sobre as ruínas de um forte romano.
Morada: Largo D. Nuno Alvares Pereira, 7801-901 Beja
Quartos
As antigas celas dos monges foram convertidas em quartos e, por isso, tendo em conta que eram monges franciscanos, o espaço é reduzido. No entanto, os quartos são acolhedores e bem decorados. O silêncio é absoluto e propício a um descanso total. A Pousada de Beja – São Francisco tem 35 quartos, entre os quais umasuite e 3 superiores. Quando fui dormir, havia pequenos chocolatinhos na almofada.
Atmosfera
O ambiente é tão tranquilo e silencioso que é difícil imaginar que o hotel possa estar praticamente cheio, como aconteceu nesta minha passagem em agosto: à exceção da área da piscina e do restaurante, não encontrei mais que 2 ou 3 pessoas no mesmo local. O edifício é imenso e os espaços são vastos, mas encontram-se pequenos lounges para relaxar ou ler – alguns deles com frescos no teto.
Pequeno-almoço (café da manhã)
Para mim, os pequenos-almoços das pousadas alentejanas são os melhores e este não foi exceção: um buffet com bastante variedade e onde não faltou sumo de laranja fresco e requeijão devidamente acompanhado de compotas. É servido na sala de jantar da pousada, onde funcionava o antigo refeitório do convento.
Conclusão
- Pontos fortes: atendimento simpático; boa piscina; bastante privacidade mesmo nos espaços comuns.
- Pontos fracos: o wi-fi só funciona nas áreas públicas; ocasionalmente o barulho de geradores ou das máquinas de ar condicionado, localizadas ao fundo do jardim, perturbam o silêncio na área da piscina – um problema que deveria ser rapidamente resolvido.
- Em resumo: muito aconselhável para uma estadia descansada.
- Ideal para: uma escapada romântica.
- Preço: desde 72€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: ago. 2011