Moov Hotel Porto Centro, muitos filmes vi neste hotel

Moov Hotel Porto Centro

Lembro-me bem das caminhadas noturnas até às salas de cinema existentes na praça da Batalha: o Águia D’Ouro, encerrado desde 1989 (como o tempo passa), e a vizinha Sala Bebé (que saudades!), parte integrante do Cinema Batalha. Visto de fora, o edifício Art Déco do antigo cinema Águia D’Ouro parece um hotel de luxo. Mas não é.

A fachada impressiona, e não é para menos. É o que resta do antigo edifício – e ainda bem que a fachada resistiu ao abandono dos tempos e continua de pé no coração de um Porto cada vez mais dinâmico e atrevido. Hoje, é a cara do Moov Hotel Porto Centro. Lá dentro, um hotel com a máxima “Great place for a Great price” – e eu não poderia estar mais de acordo.

A decoração do B&B Porto é contemporânea sem esquecer as origens. Do lobby aos corredores, passando pelo lounge e até nos quartos, o hotel está recheado de apontamentos que remetem para o mundo do espetáculo, em particular o cinema. Especialmente fotografias de atores famosos em cenas icónicas, bobines de filmes e até pormenores curiosos como uma placa que assinala a presença da atriz Angela Pinto na estreia da peça Hamlet a 10 de setembro de 1913. Não é um hotel temático mas, aproveitando o facto de estar instalado no antigo edifício de uma sala de espetáculos, o Moov Hotel Porto Centro usa o cinema como mote decorativo. E faz muito bem.

Quando entrei no hotel pela primeira vez, notei imediatamente uma aparente discrepância entre a agradabilíssima aparência do hotel e as suas (apenas) 2 estrelas. Não precisei sair da receção para ter a sensação de que o Moov Hotel Porto poderia facilmente ser de uma categoria superior. “O hotel é para aqueles que querem ficar bem alojados mas não precisam de extras como spa, piscina ou ginásio”, disse-me Maria, responsável pelas reservas do Moov Hotel Porto. “Preferimos ser um 2 estrelas de referência do que um 3 estrelas mediano”, rematou. Faz sentido.

Enquanto falava com Maria e com o restante staff (muito profissional), notei a chegada de vários hóspedes. A começar por 2 homens bem vestidos em viagem de negócios que em poucos segundos fizeram o check-in no hotel e, de imediato, pediram indicações para locais registados num dos seus smartphones: “Como chegamos à Praça Filipa de Lencastre?”, “Onde é o restaurante Cafeína?”. Seriam umas 20:00 quando fui ao quarto pousar as minhas coisas. A caminho, cruzei-me ainda com um grupo de espanhóis prontos para a festa, dois brasileiros, um casal seguramente alemão com um filho e outros hóspedes que, pela fisionomia e idioma, me pareceram turistas russos.

O meu quarto, em tons de cinza, verde e castanho e com uma foto cinematográfica na parede, era despido mas agradável, numa espécie de “conforto low cost” que parece ser o target da marca Moov. Notei as almofadas excelentes em contraponto com as toalhas de banho finíssimas; notei a pressão perfeita do chuveiro em contraponto com o resguardo do chuveiro que, por ser demasiado pequeno, não impedia a água de acabar no chão da casa de banho – pormenores que registei mas que, sinceramente, não me incomodaram. Até porque fiquei alojado num dos quartos da frente do edifício, com direito a pormenores Art Déco e varanda com vista sobre a praça da Batalha. Ruído? Se o houve, nada ouvi – dormi como um anjo a noite toda.

Depois de tomado o pequeno-almoço (pena o frio invernal me ter “impedido” de o fazer no jardim interior), continuei a refletir na categoria atribuída ao hotel: “é bom demais para um 2 estrelas”, pensei, e isso mesmo transmiti na receção a Sílvia na hora do check-out. Ela sorriu, como quem já ouviu tal comentário em múltiplas ocasiões. “Por vezes temos de chamar os hóspedes à razão, quando reclamam que o hotel não tem bagageiro ou porque os quartos não têm cofre ou minibar”, disse, com ar divertido. “Tentamos resolver, mas é preciso lembrar os hóspedes que estão num 2 estrelas”. Haverá melhor elogio que este?

Sorri, despedi-me e afastei-me rua 31 de Janeiro abaixo, não sem antes voltar as costas e apreciar, uma vez mais, a fachada Art Déco do cinema Águia D’Ouro Moov Hotel Porto Centro. Que bela descoberta!

Localização

Perto de tudo – assim se pode resumir a excelente localização do Moov Hotel Porto Centroo. Instalados no antigo cinema Águia D’Ouro, praticamente no início da rua pedonal de Santa Catarina, o hotel fica a dois passos do Teatro Nacional São João, a escassos 400 metros da Estação de São Bento e da Praça da Liberdade, a 500 metros da estação de metro do Bolhão e a pouco mais da Torre dos Clérigos e da área de diversão noturna em torno das Galerias de Paris.

Em suma, embora eu pessoalmente prefira o “outro lado” dos Aliados, a localização do Moov Hotel Porto é magnífica. Como recentemente li numa revista de viagens, “o centro do nome não está lá por acaso”.

Morada: Praça da Batalha 32/34, Santo Ildefonso, 4000-101 Porto

Quartos

O quarto twin onde fiquei alojado era um aposento tipicamente de negócios: funcional e minimalista, sem coisas supérfluas nem pequenos mimos. Na verdade, a opção faz todo o sentido, uma vez que o Moov Hotel Porto Centro não é seguramente um daqueles resorts de praia onde os hóspedes passem muito tempo. A maioria deles está no Porto a trabalho, para reuniões, ou de visita turística à cidade e, por isso, passa a maior parte do tempo a descobrir o Porto – não no hotel. Com esse posicionamento, o B&B pode praticar preços mais em conta. Ainda assim, há quartos duplos ou familiares igualmente simples mas mais aconchegantes do que aquele que me foi destinado.

Caso tivesse passado mais tempo no quarto, tinha à disposição uma televisão de ecrã plano e uma escrivaninha – coisas que não usei porque regressei ao hotel depois de uma saída noturna com amigos à zona das Galerias de Paris. Mas para descansar e dormir bem – e não será essa a principal função de um hotel de cidade? -, o hotel cumpre o desiderato sem mácula.

Atmosfera

Apesar do hotel ser de média dimensão, parecia haver sempre uma grande movimentação de gente na receção, facto que me permitiu ficar com uma ideia nítida sobre o tipo de hóspedes do hotel. Homens de negócios, muitos turistas estrangeiros em short city break (espanhóis, ingleses…) e bastantes hóspedes brasileiros. “Recentemente, temos tido muitos brasileiros”, confidenciaram-me na receção.

De resto, num mezzanine logo à entrada, existe um lounge muito agradável pintado em tons de branco e cinza, com sofás, elementos decorativos ligados ao cinema, artefactos do antigo Cinema Águia D’Ouro e uma televisão. Será, porventura, o local onde os hóspedes socializam ao final do dia mas, no dia em que fiquei a dormir no hotel, não encontrei vivalma no bem cuidado lounge.

Pequeno-almoço (café da manhã)

O pequeno-almoço do Moov Hotel Porto Centro é um mini-self-service que coloca à disposição dos hóspedes diversos tipos de pão, croissants e doces portugueses, para além de fruta, sumos e iogurtes. O leite e o café são servidos em máquinas automáticas, mas de qualidade aceitável. As opções são limitadas, mas é mais que suficiente para um café da manhã normal. Existe um pátio interior ao ar livre, embora rodeado das paredes dos prédios vizinhos, onde é possível tomar o pequeno-almoço – assim as condições climatéricas o permitam.

Vi um ou outro hóspede a abastecer-se de fruta, iogurte ou sanduíches para o resto da manhã em passeio pelo Porto – não estou certo que a gerência do hotel aprove, por isso convém não abusar. O café da manhã não está incluído no preço do quarto.