Internacional Design Hotel
“Hi, my name is glass”, lia-se na porta de entrada envidraçada do Internacional Design Hotel na esperança de evitar cabeçadas dolorosas aos hóspedes mais distraídos. Sorri. Estava dado o mote para a irreverência e boa disposição reinante no hotel Internacional.
Entrei no hotel e fui recebido pela simpaticíssima Magui como de um amigo se tratasse, exatamente da forma que aprecio: com todo o profissionalismo mas sem formalismos exagerados. Boas-vindas ultrapassadas, Magui deu-me a conhecer os quatro pisos temáticos do hotel – urban, tribal, zen e pop – com as áreas comuns e os quartos decorados a preceito, e indicou-me uma suite no piso zen. Ao lado do elevador, a mensagem: “Need a lift?”. Aceitei o convite e subi ao terceiro piso.
À minha espera tinha uma suite maravilhosa, daquelas que são um autêntico desperdício desfrutar sozinho. Era um espaço harmonioso, decorado em tons claros, com uma cama gigante e uma casa de banho em cuja parede se lia: “Zen makes us live in the world as if walking in the garden of Eden”. Gosto de lugares que surpreendem, e percebi imediatamente que o Internacional é um daqueles casos onde a expressão design hotel é plenamente justificada.
Lá fora, fruto da quadra natalícia, a Rua Augusta estava colorida, uma “árvore” de luzes iluminava o Rossio e, no Terreiro do Paço, faltavam poucos minutos para ter início o espetáculo Circo de Luz. Antes de sair para a noite de Lisboa, segui a indicação de “WC… you better run“ numa passagem pelo primeiro piso. De novo, não consegui esconder um sorriso quando deixei o hotel.
Regressei ao Internacional Design Hotel seriam umas onze da noite. Fiquei a trabalhar no meu portátil na pequena escrivaninha onde repousava uma Playstation até serem horas de descansar. Da dormida, nada a dizer, exceto que dormi tão bem que de manhã apetecia-me tudo menos sair da cama gigante e quente. Voltei a sorrir quando reparei que poderia tomar duche a ver o quotidiano no Rossio (e a ser visto).
Era então hora do pequeno-almoço. No dia anterior, tinham-me oferecido uma bebida de boas-vindas que acabei por não tomar, pelo que não tinha ainda conhecido a sala-bar-restaurante onde são servidos os pequenos-almoços. Quando lá entrei para tomar o café da manhã, surpresa das surpresas. Uma sala belíssima e super luminosa, com enormes portas envidraçadas com vista para o Rossio e a Rua Augusta. Tinha cadeiras desencontradas e coloridas numa espécie de caos organizado delirante para o olhar; cutelaria elegantérrima da lusitana Cutipol, louça também desencontrada com chávenas de vários tamanhos e feitos (da “professional colection Nespresso” à chávena que poderia estar em casa da minha avó); e uma mesa buffet com produtos de primeira qualidade apresentados de forma criativa mas sem pretensiosismo. Antes de ingerir qualquer alimento, já os meus olhos tinham comido tudo naquela sala que irradiava alegria.
De estômago aconchegado, sentei-me num sofá da sala a ler o jornal do dia. Poderia ali ter ficado horas a beber inspiração naquele espaço, não fosse o sol de Lisboa estar a clamar pela minha presença e a indicar-me o caminho para o check-out.
Como está bom de perceber, fiquei verdadeiramente embasbacado com o bom gosto do Internacional Design Hotel. Não sou apreciador de grandes luxos, mas admiro o mundo da comunicação, do design minimalista, flat e eficaz, sóbrio mas bem-humorado. O Internacional Design Hotel é tudo isso e muito mais – é o bom gosto colocado ao serviço de Lisboa; é uma mostra da criatividade e talento nacionais colocada diante do olhar de turistas estrangeiros. Não sou propriamente novato nestas andanças, mas não conheço muitos hotéis onde me tenha sentido tão bem como no Internacional Design Hotel.
Como é o Internacional Design Hotel?
“Éo bom gosto colocado ao serviço de Lisboa; é uma mostra da criatividade e talento nacionais colocada diante do olhar de turistas estrangeiros.” Filipe Morato Gomes
Localização
A localização do Internacional Design Hotel é imbatível, no coração da Baixa de Lisboa. A entrada fica na Rua da Betesga, fazendo esquina com a Rua Augusta, e os quartos dos andares superiores têm vista para a praça do Rossio. Sendo assim, os hóspedes podem facilmente ir a pé para boa parte dos polos de atração de Lisboa – do Terreiro do Paço ao Bairro Alto, de Alfama ao Castelo de São Jorge, passando pelo Marquês de Pombal e Avenida da Liberdade. Para as áreas mais afastadas de Lisboa, a estação de metro do Rossio ou os autocarros das proximidades resolvem os problemas de locomoção.
Morada: Rua da Betesga 3, 1100-090 Lisboa
Quartos
Há 55 quartos S, M, L e XL, alguns dos quais com vista para o Rossio e Praça da Figueira ou Rossio e Rua Augusta, e com decoração inspirada num dos 4 temas do hotel: urban, tribal, zen ou pop. O meu quarto zen era claro e luminoso, muito espaçoso e com uma cama maior que o Rossio. Possuía uma segunda área com sofás e máquina de café, uma Playstation (dispensável), roupa de cama super confortável num colchão de excelente qualidade que se molda à curvatura do corpo (para o meu gosto pessoal, poderia ser um pouco mais duro), e uma casa de banho bonita, funcional e com toques de requinte (não pude deixar de reparar no papel higiénico verde). Já vos falei da banheira? Estava colada à janela e tinha vista para o Rossio (sim, é teoricamente possível tomar duche a olhar a vida na Baixa de Lisboa).
Atmosfera
Criativa é a palavra que me ocorre para descrever a atmosfera do hotel. Se fechar os olhos, imagino o Internacional Design Hotel pejado de hóspedes trendy ligados às artes do design e da moda, bem-educados e vestidos sem ostentação mas com bom gosto. Na verdade, os turistas que se hospedam no hotel Internacional são bem mais ecléticos, com predominância para os casais europeus jovens e sem filhos, sempre em viagens de turismo (muito poucos em negócios). De resto, respira-se design, criatividade e bom gosto em todos os recantos do hotel, e isso nota-se desde o primeiro minuto. Não por acaso, ostenta a chancela Small Luxury Hotels of the World.
Pequeno-almoço (café da manhã)
Wow! Em poucas palavras, posso sem receio afirmar que foi uma das salas mais agradáveis e surpreendentes onde já tomei pequenos-almoços em hotéis – muito luminosa, com janelas amplas e vista para o amanhecer na Baixa lisboeta. Quanto à comida, apresentada num balcão de forma perfeita, havia de tudo um pouco. Sumos naturais de laranja ou ananás e menta, quiches, queijos variados incluindo queijo da serra e uma combinação de mozarela com tomate, compotas caseiras, pastéis de nata e até pequenas “sobremesas” como leite-creme, para além de ovos mexidos cozinhados na perfeição, manteigas simples, com alho ou de amendoim e até salmão fumado e algumas comidas quentes. Maravilhoso.
Conclusão
- Pontos fortes: decoração dos quartos; humor e boa disposição patente em todo o hotel, localização imbatível no coração da Baixa pombalina; pequeno-almoço (tanto a sala como a comida); simpatia e profissionalismo do staff.
- Pontos fracos: absolutamente nada.
- Em resumo: um dos hotéis mais surpreendentes de Lisboa, com um bom gosto levado ao nível do irrepreensível. Totalmente recomendável.
- Ideal para: viajantes urbanos, mentes criativas, jovens casais e gente feliz em geral.
- Preço: desde 99€ duplo · Ver preços
- Insígnia: Small Luxury Hotels of the World
- Data da estadia: dez. 2013