Casa da Ínsua
Conheci a Casa da Ínsua durante um evento organizado em torno do Queijo Serra da Estrela. A Casa da Ínsua tem umas das poucas queijarias certificadas para o fabricar, e tem um ovil com milhares de ovelhas da raça bordalesa, cujo leite permite fazer o queijo de Denominação de Origem Controlada. Esta é, mesmo, uma das grandes características da Casa da Ínsua; a forma como está envolvida, e continua a pretender envolver-se, na produção de produtos certificados como o Queijo Serra da Estrela, a maçã Bravo de Esmolfe ou o azeite.
Este aspeto não é coisa pouca num projeto de hotelaria que merece a classificação de hotel de charme com 5 estrelas e que, há pouco mais de um ano, se tornou o primeiro alojamento português a ter um acordo comercial com a prestigiada rede de hotéis patrimoniais e históricos de Espanha – a rede de Paradores. A forma como continua a pulsar no seu dia a dia produtivo acaba por ser a melhor homenagem ao fundador, que ali construiu o solar de estilo barroco, agora transformado num acolhedor hotel.
Cheguei já de noite, nem deu para me aperceber dos intermináveis muros que circundam toda a quinta. O primeiro impacto – e o primeiro uau – foi já nos degraus que me haveriam de levar à receção do hotel, digerida que foi a surpresa pela dimensão e riqueza decorativa daquele solar de estilo barroco, construído no século XVIII. Tive de deixar para a manhã do dia seguinte a oportunidade de conhecer com mais pormenor, não só o exterior da casa, mas também o seu interior. São ambos de uma riqueza indizível – arquitetónica e culturalmente falando. O hotel é também um museu, e cada sala – a dos telefones, a oriental, a sala de jantar – merece por si só uma visita e permite conhecer a vida e a vivência do seu fundador. O Governador e Capitão-General de Cuibá e Mato Grosso, Luís Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, é uma espécie de viagem no tempo que só por si justifica a viagem.
Para mim, que tinha como objectivo confesso comer muito queijo da serra e como prioridade conhecer pastores e queijeiras, a Casa da Ínsua acabou por ser uma espécie de brinde num saboroso bolo rei. Não houve tempo para a piscina exterior, nem para passeatas no maravilhoso jardim de estilo francês. Nem houve tempo para passeios de bicicleta ou para conhecer com pormenor os pomares e as terras de cultivo.
O tempo que houve – e foi só uma noite – foi muito bem empregue a aproveitar o conforto proporcionado no quarto. A decoração é em estilo tradicional, e isso nem é o que mais me entusiasma (pelo menos na ala em que fiquei, os quartos são decorados de uma forma algo tradicional e conservadora), apesar de reconhecer que se adequa. O conforto daquela cama estilo século XVIII entusiasmou-me na altura e, semanas depois, ainda me deixa saudades. Dormi como uma princesa e acredito que não haveria nada que me conseguisse incomodar (muito menos uma ervilha).
Este Solar dos Albuquerques chegou a figurar no livro “Os Mais Belos Palácios de Portugal”, de Júlio Gil, que a ele se refere como um “uma das mais belas e importantes residências portuguesas edificadas nesses tempos”. Eu, que não conheço muitos palácios – e mesmo este só conheci demasiado apressadamente – posso concordar sem grandes dúvidas. Um belo palácio e uma importante residência. Portuguesa, ainda e sempre, apesar do nome espanhol, de Parador, que agora aparece associado em todo o lado.
Como é a Casa da Ínsua?
“Um belo palácio e uma importante residência. Portuguesa, ainda e sempre, apesar do nome espanhol, de Parador, que agora aparece associado em todo o lado.” Luísa Pinto
Localização
A Casa da Ínsua fica em Penalva do Castelo, a pouco mais de 25 quilómetros de Viseu e a 85 de Espanha, às portas da Serra da Estrela. Fica inserida numa quinta onde se pode passear por entre jardins de inspiração francesa e apreciar a arquitectura barroca.
Morada: Penalva do Castelo, 3550-126 Penalva do Castelo, Portugal
Quartos
O hotel disponibiliza 35 quartos, sendo que não há dois iguais. Aliás, a identidade de cada um deles é de tal modo respeitada que todos os quartos têm um nome, estejam situados no palácio, propriamente dito, nos Claustros, na Ala do Arco ou na Casa da Quinta. E cada nome, cada quarto, contribuiu para contar uma história.
Atmosfera
A classificação de hotel de charme vem completamente a propósito. É, também, um edifício histórico, um museu, hoje em dia muito visitado por nuestros hermanos, os nossos vizinhos espanhóis.
Pequeno-almoço (café da manhã)
A grande variedade de queijos (o Serra da Estrela é rei, mas não há trono que se faça sem súbditos!) e de doces, todos eles caseiríssimos e de qualidade comprovada (provei, à mesa do pequeno-almoço, o mel e o doce de abóbora, comprei e trouxe para casa o de frutos vermelhos e o de pêra), ajudam a perceber a vantagem de estar num hotel inserido numa quinta. As frutas, laminadas e inteiras, eram igualmente frescas, variadas, saborosas. Assim como o pão, os enchidos, os quentes. A dificuldade pode ser, apenas, conseguir parar de comer e de experimentar.
Conclusão
- Pontos fortes: o ambiente bucólico.
- Pontos fracos: pode ser embirranço meu, mas a nomenclatura em espanhol por todo o lado acaba por chatear. Sabe bem ver tantos amenities, e adivinhar-lhes a qualidade sabe ainda melhor. Mas depois acaba por irritar.
- Em resumo: perfeito para um fim de semana em família.
- Ideal para: casais e famílias.
- Preço: desde 100€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: dez. 2016