Alentejo Star Hotel – São Domingos
Não falarei do atendimento cordial da receção, dos breves momentos do check-in, das malas pousadas no quarto: os procedimentos rotineiros do costume, tratados com eficiência e simpatia. O que fica, da chegada ao Hotel São Domingos, é a entrada inaugural na piscina, feita com a urgência de quem precisa de refrescar o corpo, mas também de esquecer o aborrecimento das últimas horas passadas na estrada.
Falo dos miúdos, para quem o desvio entre Serpa e a Mina de São Domingos, feito maioritariamente num estradão de terra, não teve a emoção que imaginavam. A ideia era espreitar o Pulo do Lobo, cenário de aventuras de um dos seus livros favoritos, mas o calor e o sono levaram a melhor. Quando lá chegámos, ninguém teve coragem para grandes passeios: foi espreitar de longe, ouvir o troar do Guadiana a cair em cascata poderosa, e ala, que se faz tarde, há sítios mais frescos à espera.
A piscina, pois. Para os miúdos, que vão ficando peritos nestas coisas e lhe deram a nota máxima: em tamanho, profundidade, temperatura da água aquecida pelo impiedoso sol alentejano. Eu limitei-me a mergulhar os pés enquanto punha a leitura em dia: sabe bem tê-los assim entretidos por umas horas, interrompida apenas quando me queriam mostrar alguma façanha aquática. O ideal seria ter à mão alguma coisa fresca para beber, mas o Sombra, o bar de apoio à piscina, só abriria dali a uns dias – no início de julho, quando “tudo passa para a rua”, como serei informada mais tarde.
E que bem se está na “rua” do Hotel São Domingos. Seja à beira da piscina, a seguir as andorinhas, em voos rasantes para beber a água cristalina, no jardim espaçoso, nas mesas do terraço do restaurante Seppia, que estão a acabar de ser postas para o jantar, no parque infantil, que deve fazer as delícias dos mais pequenos… e dos grandes, descansados por os ver felizes e ocupados.
As estadias a dois pedirão exteriores mais recatados, mas para isso há as varandas da maioria dos quartos, virados para a piscina ou para a albufeira da Tapada Grande, onde imagino entardeceres relaxados. Digo imagino, porque a varanda era o único detalhe que faltava ao nosso quarto Superior, com espaço suficiente para albergar quatro sem atropelos, banheira de hidromassagem em casa de banho ampla, muita luz a entrar por duas janelas altas, palacianas. Sim, estamos num “palácio”, nome atribuído ao edifício construído em 1875 para servir como sede administrativa da mina de pirite e cobre explorada pelos ingleses Mason & Barry. Aberto há 10 anos, com uma ala moderna onde está situada a maioria dos quartos, o auditório e o ginásio, o Hotel São Domingos conserva ainda o traçado pós-vitoriano e alguns espaços nobres de outrora, como o salão e a biblioteca com uma magnífica lareira, que em tempos foi um quarto onde membros da realeza portuguesa e inglesa em visita às minas chegaram a pernoitar.
A noite límpida levou-me a perguntar se era possível visitar o observatório astronómico, equipamento improvável num hotel. Helena Sousa prontificou-se a levar-nos até à cúpula, que se abriu para a imensidão de estrelas, e a partilhar connosco o entusiasmo de quem passa muitas horas a olhar o firmamento. Dali a pouco éramos nós quem saía dali com um brilhozinho nos olhos: tivemos oportunidade de ver uma nebulosa, Marte, o planeta vermelho, que à distância nos apareceu como uma pequena bola alaranjada e, “para terminar com o mais espetacular”, Saturno, com os seus característicos anéis, rodeado por várias luas, Titã em nítido destaque.
Mal cheguei à cama parti para o espaço sideral, num sono profundo só interrompido de manhã pelo chilrear dos pássaros. De regresso à Terra, ainda me sentia nas nuvens.
Como é o Alentejo Star Hotel – São Domingos?
“Tanto dá as boas-vindas a famílias como a quem procura um refúgio tranquilo e intimista. É um hotel eclético que nos põe nas estrelas, literalmente.” Ana Pedrosa
Localização
Localizado em Mina de São Domingos, o hotel fica junto à praia fluvial – que ostenta Bandeira Azul -, da Barragem da Tapada Grande, muito apreciada para a prática de canoagem e remo. A vila, sendo pequena, tem vários motivos de interesse relacionados com a exploração mineira, seja a descoberta do antigo complexo industrial ou a visita à Casa do Mineiro. Existem também alguns percursos marcados, que podem ser feitos a pé ou com as bicicletas disponibilizadas gratuitamente pelo hotel. Mértola, a vila-museu, fica a menos de 20 quilómetros e a cidade de Serpa a 37.
Morada: Rua Dr. Vargas,7750-171 Minas de São Domingos
Quartos
O Hotel São Domingos tem 31 quartos, a maior parte duplos Standard situados na ala nova, com varanda virada para a piscina ou para a Barragem da Tapada Grande. Na ala antiga ficam os seis quartos Superiores, com tetos altos e mais espaçosos, que contam também com banheira de hidromassagem. Aqui as casas de banho têm a particularidade de estarem separadas pelo corredor, com a banheira num lado e o WC no outro.
Atmosfera
Com variados espaços de lazer – sala de jogos com mesa de snooker, a Sala dos Telephones onde os mais pequenos se podem entreter com brinquedos e pingue-pongue, piscina e parque infantil -, o São Domingos é um hotel que tem tudo para agradar a famílias sem, no entanto, descurar os recantos mais intimistas, como o bar (particularmente agradável à noite, com o balcão de mármore iluminado), a biblioteca e o restaurante, onde um casal pode respirar calma e sossego. Também é um bom ponto de partida para quem prefere férias ativas: há BTT à porta, a barragem para desportos náuticos ao lado, e vários trilhos marcados para explorar a natureza em redor.
Pequeno-almoço (café da manhã)
Servido no restaurante Seppia, das 08:00 às 10:30, o pequeno-almoço pode ser também tomado no exterior do hotel, quando a meteorologia o permite. Com uma oferta diversificada de pães, queijos e enchidos, cereais, fruta fatiada e iogurtes, há a destacar a qualidade dos bolos de fabrico caseiro e das compotas. Só é pena que as bebidas habituais (leite, café, chá) sejam acompanhadas por néctares de fruta e não por sumo de laranja natural. Há ovos mexidos e bacon, para quem preferir um começo de dia mais energético.
Conclusão
- Pontos fortes: O leque de atividades e espaços de lazer oferecidos pelo hotel, o observatório (cuja visita deve ser marcada, para assegurar a presença de um técnico), o ambiente do hotel, que mistura tradição e modernidade sem atropelos
- Pontos fracos: Mesmo que acolha a inesgotável energia infantil, a Sala dos Telephones (ou das brincadeiras) poderia ser mais cuidada.
- Em resumo: Um bom ponto de partida para conhecer o interior alentejano.
- Ideal para: Famílias, amantes da astronomia que queiram explorar o céu livre de poluição luminosa, quem procure férias ativas e casais de todas as idades.
- Preço: desde 78€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: jun. 2014