Aveiro Rossio Hostel, preocupações ambientais assumidas

Aveiro Rossio Hostel

Foi o primeiro hostel a surgir na cidade dos canais, dos moliceiros e dos ovos moles. E surgiu com preocupações ambientais assumidas e uma militância declarada na preservação dos recursos naturais, promovendo o aquecimento solar das águas, a separação de resíduos, os eletrodomésticos de classes com consumos amigáveis. Isto era o que eu sabia do Aveiro Rossio Hostel, e teria de ser suficiente para encontrar a casa antiga com a indicação do hostel.

Era um dia de semana invernoso, eu preparava-me para fazer como todos os mochileiros que saem na estação de comboio da cidade de Aveiro: descer pela Avenida Lourenço Peixinho, a mais central da cidade, até que, deixando a travessia do canal principal para depois, continuar para o jardim do Rossio seguindo a direção da beira-mar. O Aveiro Rossio Hostel havia de estar por ali.

Há muitos argumentos na cidade de Aveiro a justificar o aparecimento deste tipo de alojamento, vocacionado para jovens que viajam de forma independente. Por isso, quando os irmãos Rita e José Guerra pensaram em abrir um hostel na cidade sabiam que tinham ali uma aposta quase ganha. Eles só precisaram de encontrar o sítio certo. Agora andava eu à procura dele. Muito chuva pelo corpo abaixo e duas perguntas de confirmação depois, e ali estava ele, no centro mais centro, numa das casas mais antigas e bonitas daquele bairro.

É uma casa com mais de 100 anos, de dois andares, um deles recuado tipo sótão (onde estão algumas das originais camaratas), com porta grande e janelas rasgadas, um hall interior recheado de azulejos e um pé direito enorme e uma pitoresca escadaria de madeira. Recebi sorrisos sinceros quando me abriram a porta. Já estavam à minha espera.

Ainda antes de me mostrar o meu quarto, Valter pediu-me para assinalar com um alfinete o meu lugar de origem num dos mapas afixados nas paredes do Aveiro Rossio Hostel – e o gozo que dá ver tantos alfinetes espalhados por aquele mapa-mundo! A Europa dá uma sensação de claustrofobia, de tão enxameada que está; e no mapa ao lado, o de Portugal, os alfinetes afixados também mostram que sim, felizmente, os portugueses também viajam muito cá dentro!

Depois seguiu-se uma breve visita aos cantos da casa e uma pequena incursão às suas regras. Foi aqui que recebi a primeira abordagem de sensibilização ambiental, sobre a importância de separar o lixo, sobre as águas do chuveiro serem aquecidas por painéis solares, sobre a poupança de água nas descargas sanitárias. Nada muito evangelizador; foi um discurso rápido, prático e oportuno. Seguiram-se algumas sugestões acerca do que fazer na cidade (com placares e folhetos a servirem de precioso auxiliar de memória), mostrou-me a acolhedora sala lounge (onde um casal assistia a um filme) e avistei uma guitarra pousada ao fundo, que me levou a imaginar animadas tertúlias em algumas noites. Até que subimos, então, para conhecer o Ovos Moles, o quarto privado com casa de banho partilhada que estava reservado em meu nome.

É um quarto de mobiliário simples e cores vibrantes – com o amarelo dominante, a evocar a tão famosa quanto deliciosa (e calórica!) iguaria aveirense – com uma televisão e um aquecedor. Preferi ligar o segundo e dispensar a primeira, ir até à casa de banho no fundo do corredor, antes de me atirar aos confortáveis lençóis e cobertores que me aguardavam. Continuava a chover muito, e dentro dos cobertores soube melhor ficar a ouvir essa melodia invernosa, como se fosse a banda sonora do meu livro de cabeceira.

Localização

O Aveiro Rossio Hostel tem uma irrepreensível localização no centro de Aveiro. Fica a dez minutos a pé da estação de caminhos-de-ferro, e ainda mais perto do canal central da cidade, de onde partem os passeios de moliceiro.

Morada: Rua João Afonso 1 – Largo do Rossio, 3800-198 Aveiro

Quartos

O hostel oferece soluções para todos os gostos e bolsas: tem camaratas masculinas e femininas, tem quartos duplos com casa de banho privada e tem um quarto privado com casa de banho partilhada. No total são 34 camas. Os quartos têm iluminação natural generosa e um amplo pé direito. O mobiliário é espartano mas a decoração tem bom gosto. O aquecimento é feito por aparelhos elétricos e o televisor também era, pelo menos no meu quarto, daqueles bem antigos. Mas, para quem não estava, sequer, a contar com ele (para ver filmes em alta definição há um aparelho de ecrã generoso no lounge), já foi um bónus.

Atmosfera

É uma atmosfera descontraída que recebe tão bem um backpacker que sai do comboio e entra pelo hostel à procura do alojamento mais acessível dos dormitórios, como o flashpacker que procura um quarto com privacidade (e dispõe-se a pagar um pouco mais por ele) mas não dispensa as oportunidades de partilha e convívio oferecidas por um hostel. Nem a possibilidade de preparar refeições a qualquer hora.

Na fria noite de uma quarta-feira que passei no Aveiro Rossio Hostel, partilhei o teto com um casal de brasileiros em viagem de carro pelo país (e que estava num dos quartos privados) e ainda com três estudantes universitárias acabadas de chegar a Aveiro para iniciar um Erasmus: uma dinamarquesa e duas sul-americanas que falavam espanhol mas não eram do mesmo país. Conheceram-se no Aveiro Rossio Hostel, e agora iam procurar casa juntas.

Pequeno-almoço (café da manhã)

O pequeno-almoço é servido entre as 8:30 e as 10:30, o que significa que, neste horário, podemos encontrar nos balcões da arejada cozinha generosos cestos de pão, fatias de queijo e fiambre, compotas, manteiga, um jarro de sumo, pacotes de leite e café quentinho. Fora deste horário está sempre disponível (e gratuito) fruta, chá e café, e os básicos mais básicos para preparar uma refeição (o que inclui especiarias, sal e azeite, mas também esparguete e arroz). É possível utilizar a cozinha para preparar refeições.