Casa Vale da Lama
Um eco resort numa quinta onde se pratica a permacultura? “Ui, vão-te pôr a comer raízes e mandar-te defecar numa cena estranha” e “isso não será demasiado freak até para ti?” foram algumas das coisas que ouvi antes de preparar uma mala de roupa para cinco, mais o livro da Bruxa Mimi.
Saímos cedo de Lisboa rumo a Odiáxere, Lagos, e duas horas e meia depois estávamos a estacionar na Quinta do Vale da Lama, preparadíssimos para as coisas estranhas que, supostamente, íamos encontrar.
Era “Dia Aberto” na quinta, um evento que acontece três vezes por ano e que, entre várias coisas, permite dar a conhecer o trabalho que lá se faz. Fomos ver, eu e a minha filha mais velha. Os dois mais novos ficaram a brincar com o pai. E, bom, o que encontrámos foram todas as coisas que se espera encontrar numa quinta: galinhas, ovelhas, um burro, pomares, hortas e pessoas simpáticas a trabalhar.
Pronto, podia fazer o meu sorriso vitorioso. Eu tinha razão desde o início. Não há nada de estranho em cuidar da terra e das pessoas. A minha filha, que acha que tem de argumentar tudo e mais alguma coisa, ainda tentou convencer-me que algumas dessas pessoas tinham um ar hippie e que eu devia admitir que as casas de banho secas eram, de facto, estranhas.
Eu, que estava era fascinada com a amendoeira que vive ali há cerca de 500 anos, disse-lhe qualquer coisa sobre falarmos depois do primeiro festival de música dela e seguimos caminho até ao hotel, o meu grande trunfo. Eu já tinha visto fotografias da Quinta do Vale da Lama e, por isso, sabia ao que ia. Ela não (julguem-me quando tiverem filhas adolescentes, ok?) e, claro, rendeu-se. Renderam-se todos, mesmo com a piscina tapada. Sim, estava mau tempo, mas isso nunca foi impedimento para entrarem na água. Aliás, só a muito custo conseguimos convencê-los que não era boa ideia irem para dentro dos lagos artificiais do jardim.
Depois, não sei se foi o mezzanine (escadas para o telhado são sempre fascinantes para as crianças) ou a rede de pano na varanda do quarto, ou ainda a maravilhosa biblioteca de onde saiu um livro sobre um crocodilo para a leitura dessa noite, fazendo com que a Bruxa Mimi e o seu gato Rogério não vissem a luz da lua. Sei é que raramente os vejo tão contentes por ir dormir, como os vi ali nas camas “fofas e cheirosas” da Quinta do Vale da Lama, como referiu um deles.
Já eu, além de contente por eles estarem contentes, estava feliz por ter razão (não, não tem nada a ver com querer ganhar as discussões, juro). Por poder mostrar-lhes que é mesmo possível respeitar a Natureza sem abdicarmos do conforto.
Ah, e não comemos raízes, comemos flores, como nos restaurantes de luxo, e muitos legumes da horta, bem como ovos das galinhas da quinta.
Como é a Casa do Vale da Lama?
“Um sítio onde podemos colher as laranjas para fazer o sumo do pequeno-almoço e onde os elementos da Natureza conjugam na perfeição modernidade e bom gosto.” Carla Fonseca
Localização
A Quinta Vale da Lama fica em Odiáxere, no concelho de Lagos, muito perto da Meia Praia. A ria de Alvor limita a quinta a Nordeste, e o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina está a poucos quilómetros.
Morada: Quinta do Vale da Lama, EN534 Vale da Lama, Odiáxere 8600-258, Lagos
Quartos
São nove quartos, com casa de banho privativa e mezzanine. O mobiliário modular, e com acabamentos irrepreensíveis, permite configurar os quartos conforme o número de pessoas, que podem ser até cinco. Todos os quartos da Quinta do Vale da Lama têm acesso ao jardim e piscina. Os estores da porta e da janela do teto são automáticos.
Atmosfera
O ambiente na Quinta do Vale da Lama é naturalmente campestre, descontraído mas com pormenores de requinte. A água da chuva que cai no telhado é armazenada e o aquecimento é todo feito através da energia solar e da lareira – mas nada disto é percetível.
Há na quinta espaço para todos os gostos: para quem quer tirar uns dias para ler à sombra de uma Oliveira, para quem procura experimentar a vivência numa quinta biológica ou simplesmente passear pelo vale e tentar identificar as amendoeiras, alfarrobeiras, zambujeiros e observar os flamingos no estuário do Alvor.
Pequeno-almoço (café da manhã)
O pão é feito na Quinta do Vale da Lama. É preciso dizer mais alguma coisa? Além do pão, o melhor pão que já comi até hoje, há doces, pastas e geleias incríveis feitas com os produtos da quinta. Dificilmente esquecerei a geleia de romã e a pasta de alfarroba com amêndoa e o doce de chuchu com amêndoa.
O pequeno-almoço é self-service e também na mesa há escolhas para todos os gostos. Leite biológico de vaca e de soja, manteiga, queijo, iogurtes, cereais, bolachas de milho, ovos mexidos, fruta da época, sumo de laranja natural, chá e café. Pode ser tomado na sala de refeições ou no exterior.
Conclusão
- Pontos fortes: o enquadramento natural, o conforto e bom gosto da decoração. A simpatia do pessoal.
- Pontos fracos: nada de relevante.
- Em resumo: a sustentabilidade, afinal, pode ter muito charme.
- Ideal para: famílias, grupos e amantes da Natureza em geral.
- Preço: desde 85€ duplo · Ver preços
- Data da estadia: mar. 2015